14 de novembro de 2024

Por que arte e trabalhos manuais melhoram a saúde mental

Pesquisa mostra que atividades promovem o bem-estar e um senso de propósito Nunca se falou tanto sobre saúde mental e a necessidade de manter o cérebro afiado. No entanto, não é preciso buscar uma atividade especialmente estimulante do ponto de vista intelectual para atingir esse objetivo. Pesquisadores da Anglia Ruskin University, no Reino Unido, mostraram que arte e trabalhos manuais produzem um efeito tão benéfico para a mente quanto estar empregado. Aliás, vale lembrar que Winston Churchill, primeiro-ministro britânico na época da Segunda Guerra Mundial, pintava – o que, provavelmente, o ajudava a manter a sanidade…
Trabalhos manuais melhoram o bem-estar mental
Regenwolked para Pixabay
Helen Keyes, especialista em comportamento e professora de psicologia cognitiva na instituição, afirmou que o fato de trabalhos manuais serem acessíveis despertou seu interesse em avaliar seu potencial para melhorar a saúde mental. A equipe liderada por ela analisou mais de sete mil respostas a uma enquete realizada anualmente pelo Ministério de Cultura, Mídia e Esportes – a “Taking Part Survey” – que pergunta às pessoas como se engajam em atividades como arte, cultura, esportes e internet. Os participantes ainda responderam sobre sentimentos como felicidade, ansiedade e solidão, e se consideravam que suas vidas valiam a pena.
Do total, 37.4% disseram que tinham realizado alguma atividade ligada a trabalhos manuais ou arte nos últimos 12 meses. O nível de bem-estar desse grupo era mais alto do que o dos outros. “Trata-se de um bom preditor para o sentimento de que a vida vale a pena. Seu impacto positivo supera o de estar empregado. Não somente proporciona um senso de conquista, como também uma forma de autoexpressão, o que não ocorre com ocupações convencionais”, explicou Keyes.
Com uma amostra expressiva, ficou mais fácil fazer os ajustes para corrigir fatores capazes de influenciar a avalição do estado de bem-estar, como idade, gênero ou nível socioeconômico. O estudo, publicado na revista científica “Frontiers in Public Health”, foi inspirado na necessidade de criar ferramentas para lidar com grandes desafios de saúde pública, como o ocorrido durante a pandemia de Covid-19. Diversas pesquisas já haviam demonstrado o valor terapêutico de tais atividades para pacientes portadores de transtornos mentais, mas ninguém tinha feito um levantamento com indivíduos sem um diagnóstico de distúrbio.

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