20 de outubro de 2024

Por que é tão difícil enterrar os fios de energia nas cidades brasileiras?

Em todo o país, apenas 1% da distribuição de energia é feita por redes subterrâneas, segundo um levantamento do Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada. Especialistas falam sobre soluções possíveis para diminuir transtorno da falta de luz no Brasil
O Jornal Nacional foi ouvir especialistas sobre possíveis soluções para reduzir os problemas causados pela falta de luz.
Esse cenário é o mais comum nas cidades brasileiras. Com a queda desses fios, a cidade pode se apagar e parar de funcionar.
O desafio é encontrar soluções para diminuir os transtornos dos consumidores. Mas e quando a gente protege essa fiação de qualquer ação do tempo ou de vândalos ou acidentes? Será que é uma saída para resolver a queda de energia?
No bairro de Botafogo, na Zona Sul do Rio de Janeiro, os fios ficam localizados em uma subestação subterrânea. Essa mudança que não deixa a fiação exposta na rua, começou no Brasil na década de 1940 e em mais de oitenta anos, ela avançou muito pouco.
O Rio é a cidade brasileira com a maior extensão de rede subterrânea, 11% por cento. Em São Paulo são 7%.
Mas em todo o país, apenas 1% da distribuição de energia é feita por redes subterrâneas, segundo um levantamento do Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada.
Os especialistas apontam vantagens nesse sistema, que é adotado em cidades como Nova York, Londres, Paris e Buenos Aires — como maior confiabilidade, menor risco de queda de energia, vida útil superior a 30 anos e paisagem urbana mais limpa.
Mas isso não livra as cidades totalmente da queda de luz.
Brasília, por exemplo, mesmo com setenta e quatro por cento da fiação subterrânea, já passou por vários apagões.
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Entre as desvantagens, estão alto custo de implantação, até 8 vezes mais do que a fiação aérea, manutenção mais cara e mais demorada pela dificuldade de localização do defeito.
O professor da UFRJ e especialista em transição elétrica, Nivalde de Castro, fala que rede subterrânea é viável, mas custa caro.
“Tecnicamente seria o ideal, mas economicamente é muito caro. Buscar esse equilíbrio, através de uma regulamentação, que agora já está praticamente a ser adotada, que seria você permitir fazer redes subterrâneas não em toda área de concessão, mas naquelas regiões onde você tem mais densidade. Mas só quem iria pagar por essa melhoria de qualidade seriam aqueles usuários daquele benefício naquele local e não todos os consumidores”
Ricardo Brandão, diretor executivo de Regulação da Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica, diz que é preciso investir em tecnologia para a melhora da rede aérea já existente.
Todo esse conceito de redes inteligentes parte dessa ideia de se utilizar até mesmo inteligência artificial para fazer esse diagnóstico dos problemas da rede e, se houver um deslocamento pontual acontece o que a gente chama de ilhamento. Ao invés de ter o desligamento de todo bairro, é o desligamento de uma rua ou duas. Havendo a identificação do problema, aí sim tenho deslocamento de uma equipe para a correção de um problema pontual. A adoção desse tipo de tecnologia é paulatina, à medida que as distribuidoras vão fazendo novos investimentos”

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