25 de dezembro de 2024

‘Por que tenho que falar da Venezuela em todo lugar?’, indaga Lula ao ser questionado sobre ausência do tema no discurso na ONU

Presidente foi alvo de críticas por não ter mencionado crise política no país vizinho quando discursou na Assembleia Geral das Nações Unidas na semana passada. ‘Eu não falo nem da Janja em todo lugar’, declarou. ‘Por que tenho que falar da Venezuela em todo lugar? Não falo nem da Janja’, diz Lula
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi questionado por jornalistas nesta segunda-feira (30) sobre o fato de não ter mencionado, durante discurso na 79ª Assembleia Geral das Nações Unidas, a crise político-eleitoral que a Venezuela atravessa.
No evento da ONU, na semana passada, o petista discursou sobre diversos temas, inclusive citou a importância da defesa da democracia. Entretanto, o petista não falou sobre a falta de transparência no processo eleitoral venezuelano.
O pleito foi realizado em julho e o regime autoritário de Nicolás Maduro afirma ter vencido a disputa. A oposição venezuelana diz que o candidato Edmundo Gonzáles foi o verdadeiro vencedor. As eleições no país vizinho são alvo de questionamentos de países e organismos internacionais.
“Por que eu tenho que falar da Venezuela em todo o lugar? Eu não falo nem da Janja em todo lugar”, afirmou o petista a jornalistas no México, onde participa nesta terça-feira (1º) da posse de Claudia Sheinbaum.
“Por que eu vou falar da Venezuela? Eu falo o que me interessa falar. O discurso que eu queria fazer [na ONU] era aquele. E foi muito bom discurso”, acrescentou Lula (veja no vídeo acima).
Presidentes Lula e Maduro durante encontro em Brasília, em maio de 2023.
Ueslei Marcelino/Reuters
Lula não reconheceu a vitória de Maduro ou do candidato de oposição, Edmundo González. Junto com a Colômbia, o governo brasileiro insiste na necessidade das autoridades eleitorais da Venezuela apresentarem as atas das seções de votações, o que até o momento não foi feito e não há previsão de ocorrer.
O presidente defendeu cautela nas ações relativas ao governo de Maduro, a fim de manter canais de diálogo abertos.
“É importante que a gente tenha comedimento no nosso comportamento, porque, se eu acho que a pessoa errou, e eu achar que eu tenho que radicalizar para consertar esse erro, eu vou criar um caminho sem volta. Eu, em política, sempre costumo deixar uma porta aberta”, declarou.
O petista disse ainda que é preciso “criar as condições” para dialogar com a Venezuela. Segundo ele, a relação diplomática está “muito forte”, com diálogo do chanceler Mauro Vieira com seus pares da Venezuela e Colômbia.

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