12 de fevereiro de 2025

Preço dos alimentos: saiba o que pode ficar mais barato ou caro em 2025, segundo especialistas


Inflação de alimentos em 2025 não deve subir mais do que no ano anterior e nem ser tão forte como analistas vêm projetando, avaliam economistas ouvidos pelo g1. Safra de grãos, clima e recuo do dólar devem colaborar para segurar os preços. Preços de alimentos exibidos em supermercado no Rio de Janeiro.
REUTERS/Ricardo Moraes
O preço da comida ainda vai pesar em 2025, mas não mais do que no ano passado, afirmam economistas ouvidos pelo g1.
Em 2024, os alimentos ficaram 7,7% mais caros em relação a 2023, de acordo com o IPCA, que é a inflação oficial. Mas a expectativa dos analistas é de que os preços desacelerem neste ano.
Um sinal disso foi que, em janeiro, a alta para este grupo no IPCA foi de 0,96%, inferior ao 1,18% registrado em dezembro.
➡️ Mas que produtos deverão dar um alívio mais rápido para o bolso do consumidor e quais continuarão sendo “vilões” da inflação? Segundo os especialistas ouvidos pelo g1:
de imediato, o consumidor pode esperar queda nos preços do óleo de soja e do leite. Em janeiro, a inflação desses alimentos já diminuiu;
o valor da carne também desacelerou em janeiro, mas as fortes exportações do Brasil e a diminuição do ritmo de abates podem não trazer um alívio tão grande;
café e laranja ainda seguirão com preços altos, diante de problemas com essas safras, entre outros motivos.
O economista Roberto Mendonça de Barros, fundador e sócio da consultoria MB Associados, prevê que os preços dos alimentos encerrem 2025 com uma alta em torno de 6%.
Já André Braz, economista do Ibre-FGV, estima que esse grupo deve ter uma inflação entre 7% e 6,5%, ou menor.
Entre os motivos para isso estão o crescimento da safra de grãos, a previsão de melhora do clima em relação a 2024 e a recente trajetória de recuo do dólar, uma moeda que influencia tanto no interesse do produtor em exportar mais como no custo dos cultivos.
Braz pontua que as famílias de baixa renda não devem sentir tão forte a desaceleração da inflação de alimentos, já que os preços desses itens vêm subindo há alguns anos acima da inflação média do Brasil.
“De janeiro de 2020 a dezembro de 2024, a alimentação subiu 55%, e o IPCA (o índice geral), 33%. Se os salários são corrigidos pelo IPCA ou por algo em torno do IPCA, isso é péssimo para famílias de baixa renda que consomem, basicamente, toda a renda na compra de alimentos”, diz Braz.

Safra recorde e óleo de soja
Do ponto de vista da produção de alimentos, o que mais tende a contribuir com o recuo de preços para o consumidor é a expectativa de um aumento de 8,2% na safra de grãos em relação à temporada passada.
O destaque deverá ser a produção de soja, que deve atingir 166,3 milhões de toneladas em 2025/26 — 18,6 milhões a mais do que na safra de 2023/24, quando houve a “quebra” (quando a produção fica abaixo do período anterior).
Isso deve impactar diretamente os preços do óleo de soja, que subiram constantemente em 2024. Nos 12 meses encerrados em janeiro de 2025, o óleo ainda acumula alta de 24,5%. Mas, na comparação com dezembro de 2024, o produto já começou a baratear, ao cair 0,87%.
Previsão de recorde na safra de grãos pode ajudar a baixar o preço dos alimentos?
Cesar Castro Alves, gerente da Consultoria Agro no Itaú BBA, avalia que o aumento da safra da soja é resultado de uma recuperação das lavouras após perdas geradas pelo calor e pela seca em 2023.
Há ainda a expectativa da boa safra também na Argentina, outro grande produtor do grão.
Com isso, 2025 deve ter uma boa oferta mundial de soja, o que ajuda a baixar o preço do produto, que é definido no mercado internacional.
Da mesma forma, a valorização do real frente ao dólar neste começo de ano também pode ajudar a baratear a soja, diz Leonardo Rossetti, analista de inteligência de mercado na StoneX.
Carnes
Mendonça de Barros lembra que a boa safra de soja e de milho também deve reduzir o custo da criação de animais, uma vez que esses grãos viram ração para bois, vacas, frangos e suínos. Esse fator pode aliviar o preço das carnes nos supermercados.
Em janeiro, por exemplo, a inflação das carnes desacelerou, ao registrar uma alta de 0,36% em relação a dezembro de 2024, quando o item subiu 5,26%. Contudo, em 12 meses até janeiro, a categoria acumula alta de 21,17%.
Apesar da desaceleração, não há espaço para uma queda muito expressiva nos preços das carnes bovinas, por exemplo. Isso porque, depois de dois anos de muitos abates, a oferta de bois vai começar a diminuir no campo brasileiro.
Além disso, a demanda externa está aquecida, o que tem impulsionado as vendas do Brasil, o maior exportador de carne bovina do mundo.
O aumento das vendas externas acaba reduzindo a quantidade de carne disponível no país, estimulando uma alta do preço para o brasileiro.
Leite longa vida
O leite longa vida, por sua vez, vem dando tréguas ao consumidor desde novembro de 2024, após meses de alta.
Em janeiro de 2025, o produto ficou 1,53% mais barato nas gôndolas dos supermercados, apontou o IPCA. Segundo Alves, do Itaú, as chuvas no final de 2024 proporcionaram um bom pasto para a alimentação do rebanho leiteiro, o que ajudou na produtividade.
Outro fator favorável é que, tradicionalmente, o consumo de leite cai em janeiro, estabilizando a oferta.
Café
O preço do café vai continuar subindo: ele pode ficar até 25% mais caro nos próximos meses, prevê a indústria.
O grão moído teve uma alta de quase 50,35% no acumulado dos 12 meses até janeiro, pelo IPCA. No primeiro mês do ano, a bebida ficou 8,56% mais cara em relação a dezembro de 2024.
Existem três principais motivos para os recordes de preço:
☕calor e seca: no ano passado, o clima gerou um estresse na planta, que, para sobreviver, teve que abortar os frutos, ou seja, impedir o seu desenvolvimento. Mas problemas, como geadas e ondas de calor, vêm acontecendo há 4 anos. No período, a indústria teve um aumento de custos de 224% com matéria-prima e, para os consumidores, o café ficou 110% mais caro. Saiba mais aqui.
☕maior custo de logística: as guerras no Oriente Médio encareceram o embarque do café nas vendas internacionais, elevando também o preço dos contêineres, principal meio para a exportação.
☕aumento do consumo: o café é a segunda bebida mais consumida no Brasil e no mundo, atrás apenas da água. Os produtores brasileiros têm aberto espaço em novos mercados internacionais, o que influencia na oferta da bebida internamente.
Laranja
“A demanda está acima da oferta, mesmo com preços altos. Não existe disponibilidade para atender toda a demanda de suco no mundo”, avalia Ibiapaba Netto, diretor-executivo da CitrusBr, sobre o preço alto da laranja.
De toda a produção industrial em ampla escala de laranja, estima-se que 80% vira suco para exportação.
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Fudecitrus
Os principais motivos para as altas são calor, a seca e a incidência da doença greening nas lavouras de laranja estão fazendo com que a fruta e o suco mantenham preços elevados, aponta a Associação Nacional dos Exportadores de Sucos Cítricos (CitrusBR).
Em janeiro, o IPCA mostrou que os sucos de frutas (não é feita uma discriminação por sabor) ficaram 0,48% mais caros. Já o preço da laranja pera, a mais popular, caiu 0,64% no mesmo período. A baía foi a que mais encareceu: 2,75%. A alta da laranja lima foi de 1,20%.
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