Moradores chegam a ficar até cinco dias sem água em casa, segundo novo decreto municipal. Serviço autônomo tem disponibilizado caminhões-pipa, mas prioriza população mais vulnerável, diz superintendente. Um novo decreto publicado pela Prefeitura de Barretos (SP) na última semana cita que a cidade está em risco de colapso no abastecimento diante de um período de mais de 160 dias sem chuvas, com moradores enfrentando racionamentos e transtornos diários.
O documento reforça medidas a serem tomadas pela cidade de mais de 122 mil habitantes da região de Ribeirão Preto (SP), que desde agosto está com decreto de emergência por conta da estiagem e da falta d’água e depende da captação de dois córregos, além de poços profundos. Em alguns casos, segundo a própria Prefeitura, falta água por mais de cinco dias seguidos.
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“Resumindo, não tem pra necessidade básica, que é o direito do ser humano”. A gente paga, né, mas não estamos tendo”, afirma a dona de casa Márcia Cristina Lerri.
Ela é moradora do bairro Santa Terezinha, um dos mais afetados pelos problemas de abastecimento da cidade. Na casa dela, não há um cômodo que não tenha sido afetado pelas torneiras secas. No banheiro é impossível tomar banho, lavar as mãos e a descarga é improvisada com um balde. Na cozinha, a louça se acumula, assim como a roupas sujas na lavanderia.
Caixa d’água de casa em Barretos (SP); cidade enfrenta escassez hídrica
Reprodução/EPTV
Para o consumo, a única alternativa é comprar água no supermercado. O pouco que ela consegue, quando a água chega às torneiras, pode ser visto nos galões que a ajudam a realizar as atividades aos poucos. “A gente até entende que não está chovendo, que às vezes pode ser por falta de chuva, mas em alguns bairros têm e outros não.”
Na mesma vizinhança, a cuidadora de idosos Rose Girardi enfrenta os mesmos transtornos e pede uma solução o mais rápido possível.
“Não tem água pra tomar banho. Como que eu faço? Eu chego no serviço suja, suada,. Fica tudo sujo, como que você faz com a sujeira? Como você convive com sujeira? Um monte de louça, pra lavar roupa não tem. Se você vir aqui não tem condições mesmo”, afirma.
Decreto de emergência
O bairro da Rose e da Márcia é apenas um dos que enfrentam a crise hídrica. Uma das poucas exceções é a região central da cidade. Em meio à estiagem, a Prefeitura já decretou emergência, o que deu ao município prazo de 180 dias para adotar medidas excepcionais que reduzam os danos na prestação do serviço de abastecimento.
Isso inclui a liberação de recursos financeiros municipais para melhorias e concede autonomia ao Serviço Autônomo de Água e Esgoto de Barretos (SAAE) para lidar diretamente com os governos estadual e federal.
Moradora improvisa descarga com água de balde em Barretos (SP)
Reprodução/EPTV
Em um novo decreto publicado na sexta-feira (20), que trata do atendimento a vítimas da estiagem, as autoridades ficam autorizadas a desocupar imóveis em benefício público, se for necessário, bem como estabelece o envolvimento de diferentes pastas no combate à crise.
Enquanto a situação não melhora, o SAAE orienta os moradores a fazerem solicitação de caminhões-pipa pelos canais disponíveis. São eles:
WhatsApp: (17) 3321-5300
Instagram (Direct): @saaebarretos
Facebook (Messenger): SAAE Barretos
Para utilizar o serviço, basta o usuário entrar em contato e digitar o número 16, que será direcionado automaticamente para um atendente que realizará o agendamento.”
O superintendente do SAAE, Marcelo Borges, confirma que a demanda elevada leva as equipes a priorizar a população mais vulnerável, mas promete a compra de mais caminhões.
“A fila existe, estamos com uma demanda muito alta dos caminhões-pipa. Nós temos que priorizar escolas e hospitais. Nós priorizamos, por exemplo, pessoas que estão em situação de maior vulnerabilidade, pessoas que estão acamadas. A gente tenta estar atendendo a essa população mais urgentemente”, afirma.
Além disso, afirma que vai distribuir garrafas e galões enviados pela Defesa Civil e tem planos para melhorar a captação de água do município. “Nós esperamos que as pessoas tenham empatia nesse momento e economizem água para que chegue às outras pessoas para quem estamos tendo maior dificuldade de entregar água.”
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