10 de janeiro de 2025

Prefeitura do Rio exonera assessores ligados aos irmãos Domingos e Chiquinho Brazão

Poder municipal afirmou que Marli Peçanha, subprefeita de Jacarepaguá, reassume a partir desta terça o cargo de secretária de Ação Comunitária. Prefeitura do Rio exonera assessores ligados aos irmãos Domingos e Chiquinho Brazão
A Prefeitura do Rio de Janeiro exonerou nesta terça-feira (26) funcionários ligados à Família Brazão, incluindo o secretário de Ação Comunitária. Chiquinho e Domingos Brazão foram presos no domingo (24) pela Polícia Federal por envolvimento com as mortes da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes. O delegado Rivaldo Barbosa, que era chefe da Polícia Civil na época do crime, também foi preso.
Até fevereiro deste ano, Chiquinho Brazão era secretário de Ação Comunitária na Prefeitura do Rio. Quando o nome dele começou a aparecer no noticiário por envolvimento com o caso Marielle, ele entregou o cargo, mas não perdeu a influência. Os aliados foram mantidos na pasta ao longo do mês.
O substituto foi indicado por ele: Ricardo Martins David, sobrinho do bicheiro Anísio Abraão David e que, na urna, usa outro sobrenome da família: Ricardo Abraão.
O relatório da Polícia Federal com o resultado das investigações que levaram à prisão cita a sociedade no posto Parada 165. Ricardo e os irmãos Domingos, Manoel e Chiquinho eram parceiros do empreendimento.
Ricardo também é o suplente de Chiquinho Brazão na Câmara dos Deputados. Caso ele seja afastado, quem assume é ele.
A Prefeitura do Rio afirmou que Marli Peçanha, subprefeita de Jacarepaguá, reassume a partir desta terça o cargo de secretária de Ação Comunitária. E que os funcionários exonerados são indicações do partido Republicanos, que deixou o governo.
Outras pessoas que trabalhavam na prefeitura faziam questão de mostrar a afinidade política. Washington Vicente Nascimento, o ex-vereador Professor Uóston, fazia questão de fazer propaganda para a família Brazão em diversos eventos, como o Dia Internacional da Mulher e Dia dos Animais.
Ex-vereador Professor Uóston fazia questão de mostrar afinidade com a família Brazão em postagens nas redes sociais
Reprodução/ TV Globo
Roberto Peçanha Fernandes também trabalhava na Secretaria de Ação Comunitária. Ele é investigado pelo Ministério Público em um episódio que ficou conhecido como a “farra do asfalto”.
As reformas nas ruas eram feitas com suspeita de uso eleitoral e sem o controle das prefeituras. O RJ2 chegou a mostrar que ele havia sido indicado pela família Brazão.
Na pasta, pelo menos outras três pessoas também já trabalharam como assessores da família. Um deles é Hugo Duarte Barbosa, ex-assessor de Manoel Brazão, deputado estadual do União Brasil.
Os outros são Luiz Cláudio Xavier dos Reis Júnior e Zélio Ricardo Perdomo Portugal, que trabalharam para Chiquinho Brazão.
Zélio, de acordo com a PF, seria um dos administradores de um centro social da família Brazão. Trata-se da Associação de Defesa da Cidadania Ação Social Gente Solidária, que promove ações de caráter eleitoreiro na área de influência do clã Brazão.
Outra pessoa que teve cargo de direção no centro social da família Brazão é Nilton Caldeira da Fonseca Filho, vice-prefeito da cidade do Rio de Janeiro.
Além da prefeitura, a influência da família Brazão passa por outros espaços.
Manoel Brazão é deputado estadual e vice-presidente da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj).
O diretor da TV Alerj, Luciano Silva, é uma indicação da família.
Na Câmara Municipal, o vereador Waldir Brazão carrega o sobrenome do clã.
A Polícia Federal também jogou luz sobre a suspeita da influência da família em uma área cobiçada e sensível, que acabou sendo decisiva para permitir tanto tempo de impunidade nas mortes de Marielle e Anderson: a Polícia Civil do Rio de Janeiro.

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