15 de novembro de 2024

Pregações, ‘óleo ungido’ e ritual: como agia pastor condenado por abusar de pelo menos dez adolescentes


Conforme testemunha, Gilmar Ferreira Maróstica levada jovens para um morro e passava o óleo nas partes íntimas deles. Apesar da condenação, ele responde em liberdade. Pastor Gilmar Ferreira Maróstica foi condenado por abuso e estupro
Reprodução
Uma das vítimas que denunciaram o pastor Gilmar Ferreira Maróstica relatou como o líder religioso fazia para se aproximar dos jovens. Com pregações fortes, ele usava ‘óleos ungidos’ e tinha uma espécie de ‘ritual’ para tocar as partes íntimas de adolescentes membros de uma igreja.
O religioso foi investigado pela Polícia Civil, denunciado pelo Ministério Público e condenado pela Justiça do Tocantins a 13 anos e meio de prisão pelos crimes de estupro, ato libidinoso e conjunção carnal mediante fraude religiosa ou abuso de autoridade. Por meio da defesa, ele recorreu da sentença e está respondendo em liberdade.
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Em nota, a defesa dele a negou as acusações e reiterou que o pastor é inocente. Também alegou que não existem provas que sustentem as acusações e aguarda julgamento (veja a íntegra da nota abaixo).
Segundo a denúncia do Ministério Público Estadual, o pastor teria cometido os crimes contra adolescentes entre 15 e 16 anos enquanto coordenava um grupo de jovens da igreja Embaixada Apostólica Filadélfia, em Guaraí.
Uma das vítimas, que atualmente mora no exterior, contou sobre o trauma à TV Anhanguera. Ele foi submetido a um ritual de abuso com um óleo ungido em um morro da cidade.
“Passava um óleo na mão dele e falava que tinha que orar nos nossos órgãos genitais de um por um. Então ele metia a mão dentro dos nossos shorts, pegava nos nossos órgãos e acariciava”, afirmou.
Outra vítima de Gilmar contou que ainda faz tratamento psicológico por causa dos abusos sofridos. “Até hoje eu faço tratamento psicológico porque resquícios ficam na vida da gente, acontecimentos, e você andar na cidade e olhar ele pastoreando em outra igreja, vivendo a vida dele tranquilamente, isso é o que mais machuca”, disse uma mulher abusada pelo pastor.
Uma jovem relembrou que Gilmar a trancou em uma sala e mostrou o pênis. “Me senti acuada ao extremo de me calar, ao extremo de ficar mais triste do que já estava”, afirmou.
Investigação e denúncia
As denúncias começaram a aparecer em 2019, quando algumas das vítimas começaram a vivenciar momentos estranhos com o pastor, que afirmava ser ‘pecado sentir prazer sexual’.
De acordo com o promotor de justiça Adriano Ziza, Gilmar geralmente se aproximava de jovens que não tinham uma presença paterna, para possivelmente ocupar esse espaço.
“Ele se aproximava mais daqueles meninos que cresceram sem o pai, que buscavam nele uma orientação paterna a respeito daquela fase da adolescência que todos passam. E ele, aproveitando dessa fase da adolescência, propunha esse tipo de liturgia”, explicou o promotor.
O Ministério Publico ofereceu denúncia em abril deste ano e em outubro o pastor foi condenado a 13 anos e seis meses de prisão, a serem cumpridos inicialmente em regime fechado. Como ainda cabe recurso, ele está em liberdade. Entretanto, o MP afirmou que vai pedir um endurecimento da pena.
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Afastamento de 90 dias
Os crimes foram registrados enquanto o pastor estava na igreja Embaixada Apostólica Filadélfia. Ele atuava como coordenador do grupo de jovens, que tinham entre 15 e 16 anos.
Em nota publicada nas redes sociais, a igreja se defendeu afirmando que ele ocupava função pastoral e segundo os líderes não sabiam das práticas delituosas. Mas assim que o caso foi descoberto, a fundadora da igreja, já falecida, colaborou com a investigação policial até sua morte, em 2021 (veja a nota completa abaixo).
A TV Anhanguera teve acesso a um documento em que Gilmar confessou os crimes em um procedimento interno da igreja Filadélfia. Sobre as denúncias, ele foi punido com afastamento de 90 dias.
Pastor Gilmar Maróstica confessou abusos em um procedimento interno da igreja
Reprodução/TV Anhanguera
Nesse caso, a Embaixada Apostólica Filadélfia afirmou que a punição era na condição de disciplinar, ‘única possível dentro do âmbito eclesiástico’, ‘respeitando o devido processo legal e posteriores apurações’, destacou a nota.
Atualmente, Gilmar atua na Igreja Família Vitoriosa Guaraí. Em nota, o representante da instituição, pastor Enéias Abreu, afirmou que Gilmar congrega desde 2019 no local e que não pode se pronunciar sobre os fatos que aconteceram antes disso (veja o posicionamento completo abaixo).
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Íntegra da nota da defesa de Gilmar Maróstica
O escritório de advocacia Apolinário Paiva e Rocha Advocacia, na qualidade de representantes do Sr. Gilmar Maróstica, vem por meio deste manifestar nossa posição em relação à cobertura jornalística que será veiculada sobre as alegações que envolvem o Sr. Gilmar.
O Sr. Gilmar Maróstica reitera, de maneira enfática, sua inocência em relação às acusações que lhe foram atribuídas. Ele nega a existência de qualquer prova que sustente as alegações de abuso e afirma que não há nenhum documento que evidencie sua confissão.
É importante esclarecer que, conforme o princípio da presunção de inocência, garantido pelo artigo 5º, inciso LVII, da Constituição Federal, toda pessoa é considerada inocente até que se prove o contrário, em decisão transitada em julgado. Embora o Sr. Gilmar tenha recebido uma sentença condenatória, é relevante destacar que um recurso já foi interposto e, portanto, a questão ainda não se encontra definitivamente resolvida.
Por fim, solicitamos que qualquer informação divulgada sobre o caso seja apresentada de forma clara, destacando a condição de recurso ainda pendente de julgamento e a presunção de inocência que ampara nosso cliente. Estamos à disposição para fornecer quaisquer esclarecimentos adicionais que se façam necessários.
Íntegra da nota da Igreja Filadélfia
A Embaixada Apostólica Filadélfia, por meio de seus Bispos, líderes e assessoria jurídica, vem a público esclarecer sua posição diante dos graves crimes cometidos pelo ex-pastor Gilmar Ferreira Maróstica. A igreja esclarece que, enquanto ele ocupava função pastoral em nossa instituição, desconhecia completamente as práticas delituosas atribuídas a esse indivíduo.
Assim que tomamos conhecimento das acusações, ele foi imediatamente afastado de todas as suas funções, bem como posto em condição de “disciplina”, única punição possível dentro do âmbito eclesiástico em consonância com nossos princípios éticos e de fé, respeitando o devido processo legal e posteriores apurações.
Registramos ainda que a fundadora desta igreja, saudosa Pastora Ilda, colaborou com o trabalho investigativo até o seu falecimento, ocorrido no início de 2021, com toda documentação de cunho eclesiástico instaurada na igreja.
A Embaixada Apostólica Filadélfia reitera seu compromisso inabalável com o Evangelho de Jesus Cristo e reforça sua postura de total repúdio aos crimes cometidos por aquele que se utilizou do título de pastor de forma indevida. Reafirmamos nosso compromisso de buscar a justiça e de nos manter à disposição das autoridades para qualquer cooperação necessária.
Igreja Família Vitoriosa Guaraí
O Papel da Igreja é Restaurar. Essa foi a missão de Jesus e essa é a nossa Missão, acolher a Todos Que Procuram a Igreja.
Eu tenho exercido a missão da igreja na cidade e no estado, trabalhando no caráter, na restauração e cura para toda família do pastor Gilmar.
Vale Ressaltar que o Pastor Gilmar está desde 2019 na nossa igreja, o que aconteceu antes disso não vou me pronunciar, só ele e os advogados podem responder e tudo que é tratado no âmbito pastoral permanece no âmbito pastoral.
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