Medida foi adotada para detectar e conter “elementos pró-Coreia do Norte”, disse Yoon Suk-yeol em pronunciamento surpresa na TV local, mas oposição acusa presidente de usar esse argumento para controlar Parlamento. Polícia do país disse que vai tentar barra medida. Presidente da Coreia do Sul, Yoon Suk Yeol, durante pronunciamento em novembro de 2024.
Kim Hong-Ji/ Pool via AP
O governo da Coreia do Sul impôs nesta terça-feira (3) a lei marcial no país para “limpar” do território espiões pró-Coreia do Norte.
O anúncio foi seguido de fortes protestos de autoridades e da oposição, que acusou o presidente do país, Yoon Suk-yeol, de usar a ameaça norte-coreana como desculpa para tentar controlar o Parlamento, que tem maioria da oposição (leia mais abaixo).
Já Suk-yeol acusou a oposição de estar se aliando à Coreia do Norte para inviabilizar seu governo.
O anúncio foi feito pelo presidente em um pronunciamento-surpresa emitido nas TVs sul-coreanas. A lei marcial restringe o acesso a direitos civis e substitui a legislação normal por leis militares.
No pronunciamento, Yeol, conservador que governa o país há dois anos, não especificou as ameaças da Coreia do Norte que justificam a imposição da lei. Ele disse apenas que a medida foi adotada para detectar “elementos pró-Coreia do Norte”.
“Declaro lei marcial para proteger a livre República da Coreia da ameaça das forças comunistas norte-coreanas, para erradicar as desprezíveis forças antiestado pró-norte-coreanas que estão saqueando a liberdade e a felicidade do nosso povo, e para proteger a ordem constitucional livre”, disse Yoon.
No discurso, o presidente criticou movimentos feitos nesta semana pela oposição do país na Câmara dos Deputados, como uma moção de impeachment contra promotores do país a rejeição a uma proposta de orçamento do governo.
O chefe da Polícia da Coreia do Sul criticou a medida e convocou uma reunião de emergência ainda nesta terça para debater a medida.
Membros do próprio governo também se disseram contra a imposição da lei marcial. A oposição protestou contra a medida e convocou todos os partidos a irem ao Parlamento, em Seul, para protestar contra a adoção da lei.
O presidente do Parlamento, também da oposição, disse que faria uma sessão de urgência na noite desta terça para debater o anúncio do presidente. Mas o Parlamento foi fechado, e todos os acessos a ele, bloqueados, segundo a agência de notícias sul-coreana Yonhap.
O ex-ministro da Justiça sul-coreano Han Dong-hoon disse que a declaração da lei marcial é “errada” e que vai pará-la com a ajuda do povo.
Imagem sem data mostra movimentação de soldados norte-coreanos perto da fronteira com a Coreia do Sul
Handout / Ministério da Defesa da Coreia do Sul / AFP
Esta reportagem está em atualização.