Demissão havia sido pedida pelo secretário de Ciência e Tecnologia, Anderson Moraes, ainda em outubro, e foi alvo de reprovação. Jerson Lima
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O presidente da Fundação Carlos Chagas de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio (Faperj), Jerson Lima, teve sua exoneração publicada no Diário Oficial desta quinta-feira (7). Para seu lugar foi nomeada Caroline Alves, então presidente da Fundação de Apoio à Escola Técnica (Faetec). No lugar de Caroline entrou Alexandre Valle, ex-secretário de Educação e candidato derrotado à prefeitura de Itaguaí pelo PL nas últimas eleições.
As mudanças foram assinadas pelo governador Claudio Castro após um longo debate que envolveu diversas entidades acadêmicas e científicas que protestaram contra a saída de Jerson Lima da Faperj, que estava na função desde janeiro de 2019.
A Fundação é responsável por financiar estudos, pesquisas e bolsas para pesquisadores, e tem um orçamento anual de R$ 620 milhões. O pedido para a troca foi feito ao governador pelo secretário de Ciência e Tecnologia, Anderson Moraes, que é deputado estadual pelo PL.
Inicialmente, o pedido de Moraes foi para que Alexandre Valle ocupasse o cargo na Faperj. A tentativa gerou forte reação.
A Academia Brasileira de Ciências e a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência apelaram “para que não se faça, da direção da Faperj, um cargo de indicação partidária”.
A Fiocruz diz que a mudança pode causar “um impacto devastador nas conquistas de um projeto construído com tanto zelo e competência nos últimos anos”.
No dia 24 de outubro o prédio da Fundação recebeu um “abraço”, símbolo de uma insatisfação que também chegou às redes sociais, onde uma petição eletrônica passou de 20 mil assinaturas.
Após reprovação da comunidade científica, RJ recebe outra indicação para presidência da Faperj
Após essas manifestações, a indicada para o cargo passou a ser Caroline Alves. Entretanto, a mudança proposta pelo secretário, sofreu críticas até de membros do próprio governo. Subsecretário de estado do gabinete do governador, Victor Travancas se pronunciou sobre as indicações em um ofício.
Ele reprova a indicação de Caroline Costa em virtude da ausência do título de doutorado, que é requisito essencial para a função e recomenda que a nova indicada obtenha o título de doutorado antes de postular novamente a uma posição na Faperj.
Procurado, o Governo do Estado ainda não comentou.
Audiência na Alerj
Na sexta-feira (1º) passada, uma audiência pública da Comissão de Ciência e Tecnologia da Alerj lotou o plenário da Casa. Diversos pesquisadores e lideranças de organizações científicas se manifestaram contra a indicação de Caroline Alves para a Faperj.
Ligia Bahia, professora da UFRJ especialista em Saúde Pública, afirmou que Alves não tem a experiência necessária para o cargo.
“Nós temos uma única reivindicação. Que o perfil da presidência da Faperj seja de uma liderança científica. Seja de um pesquisador que tenha capacidade de gestão, que avance na ciência, tecnologia e inovação no Rio de Janeiro”, afirmou.
Reunião com reitores
Segundo a coluna do jornalista Ancelmo Gois, do jornal O Globo, a decisão de Claudio Castro foi tomada após uma reunião com reitores de universidades, em que o governador garantiu que a política de apoio à ciência da Faperj seguirá as mesmas diretrizes da gestão atual.
O que faz a fundação
A Faperj financia pesquisas como a que comprovou a ligação entre o zikavirus e a microcefalia em bebês. Recentemente, pesquisadores da UFRJ apoiados pela fundação desenvolveram uma molécula que pode ajudar no combate ao alzheimer. O orçamento da faperj para esse ano é de mais de R$ 620 milhões.
A presidência da Faperj é um cargo de livre nomeação. Isso quer dizer que depende de indicação. Mas um projeto apresentado quinta, na Alerj, prevê a escolha dentro de umna listra tríplice e a criação de um mandato de três anos.
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