12 de fevereiro de 2025

Presidente da Sociedade Brasileira de Oftalmologia diz que cirurgias de cataratas são seguras e complicações são raras


Oswaldo Moura Brasil tranquilizou pacientes que devem passar por procedimento após perda de visão de 12 pessoas que participaram de mutirão em Taquaritinga, SP. Cirurgia de catarata consiste em remover o cristalino opaco na parte interna do olho para implantar uma lente artificial e restabelecer a visão
Aurélio Sal/EPTV
Após 12 pessoas ficarem cegas durante um mutirão em Taquaritinga (SP), o presidente da Sociedade Brasileira de Oftalmologia, Oswaldo Moura Brasil tranquilizou, nesta terça-feira (11), pacientes em todo o país que têm cirurgias de catarata marcadas para os próximos dias.
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À EPTV, afiliada da TV Globo, ele disse que este tipo de procedimento é extremamente seguro e as complicações são raras.
“A cirurgia de catarata é uma cirurgia extremamente segura, é uma cirurgia que traz um resultado visual bom, que permite que as pessoas idosas, que, cada vez mais, têm catarata, possam enxergar com qualidade. É uma cirurgia que a pessoa não deve ter medo de fazer. É bastante segura”.
Em Ribeirão Preto (SP), o Hospital das Clínicas realiza, em média, duas mil cirurgias de catarata por ano. A instituição, uma das mais importantes do país, recebeu os primeiros seis pacientes que perderam a visão no mutirão na terça-feira. Os exames confirmaram danos graves na superfície ocular, na córnea e na câmara anterior do olho.
Nesta quarta-feira (12), outras seis pessoas passarão por avaliação.
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O que se sabe sobre o caso dos 12 pacientes que perderam a visão após mutirão de cirurgia de catarata no interior de SP
O caso aconteceu em outubro do ano passado e é investigado pela Polícia Civil e pelo Ministério Público. O Grupo Santa Casa admitiu, na terça-feira, que à época uma substância que serve para assepsia superficial de pele e mãos foi utilizada para fechar o corte da cirurgia em vez de soro de hidratação.
Das 23 pessoas que passaram pelo mutirão, pelo menos 12 ficaram com a visão comprometida.
Assista à reportagem do EPTV 2:
Pacientes que perderam a visão em mutirão passam por atendimento no HC Ribeirão Preto
Segundo o médico oftalmologista Willian Silva Queiroz, que atua em Ribeirão Preto, a cirurgia de catarata é um procedimento para restabelecer a visão do paciente, prejudicada pela calcificação do cristalino, que é a lente natural do olho humano.
“Quando ela [lente natural] começa a perder a transparência, é dado o nome de catarata. Na cirurgia, você tem de fazer uma incisão para acessar a estrutura intraocular. Ela consiste, basicamente, em remover o cristalino, que está opaco, e implantar uma lente transparente artificial no lugar”.
A estimativa da Organização Mundial da Saúde é que a doença atinja 17% das pessoas que têm entre 55 e 65 anos e 47% da população que tem entre 65 a 75 anos. Já para idosos acima dos 75 anos, a porcentagem ultrapassa os 73%.
A salgadeira Maria de Fátima Garcia Chiari ficou cega do olho direito após passar por cirurgia de catarata no AME de Taquaritinga, SP
Valdinei Malaguti/EPTV
Complicações são raras
De acordo com o presidente da Sociedade Brasileira de Oftalmologia, as complicações de uma cirurgia de catarata são raras e o procedimento é bastante seguro.
“Que haja tranquilidade nas pessoas que vão fazer cirurgia de catarata. Complicações podem ocorrer em qualquer cirurgia, mas complicações em cirurgias de catarata são realmente bastante raras, é uma cirurgia bastante segura”, diz Brasil.
O presidente da Sociedade Brasileira de Oftalmologia (SBO), Oswaldo Moura Brasil
Reprodução/EPTV
Segundo Queiroz, os riscos, apesar de baixos, estão ligados à infecção intraocular ou ao uso de substâncias que não são adequadas aos olhos.
Como efeitos adversos neste tipo de procedimento não são comuns, Brasil diz que é preciso uma investigação quando ocorrem.
“Toda vez que você tem uma complicação rara, principalmente, complicação rara que aconteceu em mais de um paciente, feita no mesmo dia, é possível que tenha ocorrido algum erro e esse erro, obviamente, tenha de ser investigado para que você possa oferecer uma resposta e essas coisas não acontecerem. Existem protocolos enormes que norteiam como deve ser realizada uma cirurgia”.
O Grupo Santa Casa de Franca informou que investiga o caso há, pelo menos, três meses, quando abriu sindicância logo após uma primeira avaliação pós-operatória confirmar complicações nos pacientes.
Em carta aberta enviada ao governador, à imprensa e à população, a organização informou que, por segurança, nunca realiza cirurgias simultâneas, e as complicações não ocorreram nos dois olhos de cada paciente.
“Dos 12 pacientes afetados, cinco realizavam a segunda cirurgia, pois já haviam realizado a operação bem-sucedida no primeiro olho”.
O grupo ainda lamentou, mais uma vez, o ocorrido e se comprometeu a dar transparência dos fatos às autoridades e à população.
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