21 de fevereiro de 2025

Presidente do Instituto de Administração Penitenciária do Acre é investigado por atirar em carro


Mulher denunciou Marcos Frank à corregedoria da Polícia Civil em março do ano passado. Ela teve o carro alvejado por tiros em fevereiro do mesmo ano no Residencial Bom Sucesso. Delegado nega ser o autor dos disparos. Delegado Marcos Frank foi nomeado presidente do Iapen-AC no dia 7 de agosto
Dharcules Pinheiro/Sejusp-AC
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O presidente do Instituto de Administração Penitenciária do Acre, delegado Marcos Frank, é investigado por atirar em um carro estacionado em uma das ruas do Residencial Bom Sucesso, em Rio Branco, em fevereiro do ano passado. O delegado, inclusive, já foi denunciado pelo Ministério Público Estadual (MP-AC) em outubro de 2024.
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Marcos Frank assumiu de forma interina o cargo de presidente do Iapen-AC em maio do ano passado, após o ex-presidente Alexandre Nascimento de Souza ser exonerado do cargo sob acusações de assédio moral contra policiais penais.
O delegado foi efetivado no cargo em agosto do mesmo ano em publicação no Diário Oficial do Estado (DOE).
A nomeação do delegado gerou controvérsias entre os policiais penais do estado, gerando até manifestações contrárias à indicação em frente à Assembleia Legislativa do Acre (Aleac). Na época, o Sindicato dos Policiais Penais do Acre (Sindpol-AC) destacou a necessidade do cargo ser ocupado por um policial penal.
Ao g1, o presidente do Iapen-AC afirmou há dois suspeitos do crimes que ainda não foram ouvidos. Ele negou ter feito os disparos. “O que posso dizer é que entreguei minha arma e foi feito o exame de comparação. A balística deu negativo”, resumiu.
A Corregedoria da Polícia Civil confirmou que o caso foi concluído e o inquérito encaminhado para o Poder Judiciário.
Carro alvejado
A vítima procurou a Delegacia da 1ª Regional após ter o carro alvejado com tiros. A mulher estava acompanhando a montagem de alguns móveis em casa quando ouviu os tiros sendo disparados. Ao sair, a vítima entrou várias marcas de bala no veículo no lado do passageiro.
A mulher é ex-companheira de um policial militar aposentado e, ao buscar informações no bairro, ouviu de testemunhas que o autor dos disparos era um delegado da Polícia Civil.
Policiais militares teriam ajudado a vítima a identificar o suposto autor dos disparos. Ainda segundo o relato da vítima, um dos militares chegou a conversar com o delegado e repassar o orçamento do reparo do carro.
Carro foi alvejado com vários disparos em fevereiro do ano passado
Reprodução
“Acionou a Polícia Militar e, estes compareceram no local do fato, procedendo com diligências para captura de imagens junto a vizinhança, circunstância em que foi possível visualizar que os disparos que atingiram seu veículo foram efetuados pelo motorista de uma caminhonete branca. Os disparos aparentam ter sido efetuados por um atirador profissional, visto foram muito precisos e agrupados. Ficou em estado de pânico, que em razão dos disparos o veículo ficou com diversas avarias, contabilizando um prejuízo aproximado de R$ 14 mil”, diz o processo.
O caso foi denunciado na Corregedoria da Polícia Civil pela vítima em março de 2024. Em abril do mesmo ano, o presidente do Iapen-AC foi ouvido pelo corregedor Thiago Fernandes. Na época, Marcos Frank era diretor operacional da Sejusp.
Arma apreendida
No dia do ocorrido, o delegado Marcos Frank confirmou que esteve na região com uma caminhonete da Secretaria de Justiça e Segurança Pública do Acre (Sejusp), que parou perto do local onde ocorreram os disparos, contudo, afirmou que não foi o responsável pelo ataque.
O delegado foi questionado, e ao depor na corregedoria, disse que não percebeu o carro alvo dos disparos parado na rua quando chegou no local. Após alguns instantes estacionada na rua, Frank alegou que saiu em direção ao bairro Sobral, momento que foi avisado por um conhecido sobre os disparos efetuados.
Frank relatou ainda que foi para a casa de um colega policial civil e ficou aguardando maiores detalhes. Ao ser questionado se anda armado, o delegado confirmou possuir duas armas, sendo uma da Secretaria de Segurança Pública.
O MP-AC denunciou Frank em outubro do ano passado por disparar em via pública. Na mesma época, o MP-AC pediu à Justiça que fosse cumprido um mandado de busca e apreensão na casa do delegado para apreensão de uma pistola calibre 9 milímetros, semelhante ao armamento usado nos disparos.
“De acordo com a representação, Marcos Frank disparou arma de fogo ou acionou munição em lugar habitado ou em suas adjacências, em via pública ou em direção a ela, sendo coletado no local do crime um projétil deformado e fragmentado, descrito no laudo balístico. Afirma que o mencionado laudo concluiu que é possível realizar confronto balístico, desde que a arma utilizada no disparo seja apreendida para verificar a compatibilidade entre o projétil encontrado e a referida arma, sendo que Marcos Frank, tendo o investigado afirmado que é proprietário de uma pistola, marca Taurus, calibre 9mm”, diz parte do processo.
O armamento foi entregue pelo investigado à época. A denúncia do MP-AC foi aceita pelo juiz Cloves Augusto Alves Cabral Ferreira no final de outubro do ano passado.
“A denúncia, portanto, trouxe indícios mínimos e razoáveis de autoria e materialidade, com suporte fático capaz de justificar o seu oferecimento em Juízo, razão por que foi devidamente recebida, não havendo, até o momento, motivos capazes de sugerir a sua rejeição”, destacou a decisão.
O caso tramita na 3ª Vara Criminal da Comarca de Rio Branco. A Justiça começou a intimar testemunhas e demais envolvidos para a audiência de instrução e julgamento.
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