A indígena Joanilde Rodrigues Paulino Guajajara, de 33 anos, foi morta a golpes de faca, na noite de quarta-feira (21), dentro de casa, no bairro Industrial. No momento da prisão, Wendel Machado reagiu a abordagem policial e acabou sendo baleado na perna.
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Foi preso, no fim da manhã desta sexta-feira (23), Wendel Silva Machado, suspeito de assassinar a própria mulher, a indígena Joanilde Rodrigues Paulino Guajajara, de 33 anos, que foi morta a golpes de faca, na noite de quarta (21), na cidade de Amarante do Maranhão.
Wendel foi preso no povoado Piripiri, entre as cidades de Amarante e Grajaú. No momento da prisão, o suspeito tentou fugir do cerco policial em uma moto, mas foi baleado na perna e capturado. O homem foi levado para um hospital, para tratar o ferimento e, em seguida, será levado para o Plantão Central em Imperatriz, onde será ouvido.
Segundo o delegado Alex Coelho, da Delegacia Regional de Imperatriz, o suspeito foi capturado enquanto tentava fugir da região.
“Ele estava em fuga, ainda, ele estava se escondendo. Inclusive, nessa madrugada, ele realizou o roubo de uma moto, para continuar a fuga dele. E a equipe da Delegacia de Amarante, juntamente com a Polícia Militar, conseguiram localizá-lo e prendê-lo”, informou o Alex Coelho.
Ainda de acordo com o delegado Alex Coelho desde o dia do crime, a polícia estava em busca do suspeito, considerado de “extrema periculosidade”, pois já é suspeito de praticar outro feminicídio.
“Em 2021 ele cometeu esse homicídio, foi preso em flagrante. A investigação foi conduzida pela Delegacia de Homicídios de Imperatriz e, um tempo depois, ele estava respondendo em liberdade. E, infelizmente, aconteceu também esse fato em Amarante, e as equipes empregaram esforços para localizá-lo e prendê-lo o mais rápido possível, porque é um indivíduo de extrema periculosidade”, destacou o delegado.
Com a prisão de Wendel Machado, a Delegacia de Amarante do Maranhão, que investiga o caso, tem 10 dias para concluir a investigação e enviar o inquérito policial ao poder judiciário e ao Ministério Público.
Entenda o caso
Joanilde Paulino Guajajara foi assassinada com um golpe de faca
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A indígena Joanilde Rodrigues Paulino Guajajara, de 33 anos, foi assassinada com golpes de faca, na noite de quarta-feira (21), na cidade de Amarante do Maranhão. De acordo com as investigações, o assassinato foi praticado pelo marido da vítima, identificado como Wendel Machado, que também é suspeito de assassinar outra mulher em 2021, em Imperatriz, na região tocantina.
Segundo a polícia, Joanilde foi morta dentro da casa onde morava com o marido e os dois filhos dela, no bairro Industrial. O corpo de Joanilde foi encontrado pelo pai dela, com as mãos amarradas para trás com fita adesiva e várias marcas de facada.
Joanilde Guajajara trabalhava como técnica de enfermagem no Centro de Parto Normal da Secretaria de Saúde de Amarante do Maranhão.
Segundo o irmão de Joanilde, José Guajajara, que é o cacique da Aldeia Guaruru, a vítima estava usando cabelo curto nos últimos dias, pois Wendel cortou os cabelos dela com uma faca.
“Ele cortou o cabelo dela, bateu nela, então a gente pediu muito pra que ela se afastasse dele, que largasse ele de vez, era isso que a gente queria. Agora a gente espera que a justiça seja feita”, afirmou o cacique .
Ministra dos Povos Indígenas lamenta feminicídio
Ministra dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara, lamenta feminicídio de indígena no MA: ‘morta no lugar que deveria ser um espaço seguro’
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A ministra dos Povos Indígenas, a maranhense Sônia Guajajara, se manifestou na tarde dessa quinta-feira (22), sobre o feminicídio de Joanilde Guajajara.
Por meio das redes sociais, a ministra destacou ter recebido com “profunda tristeza e revolta” a notícia da morte da técnica de enfermagem, que era do Território Indígena Arariboia, e foi morta pelo próprio marido.
“Quando falamos que mulheres não estão seguras sequer em sua própria casa, é sobre isso. Joanilda (sic) foi morta em sua residência, lugar que deveria ser um espaço seguro para ela e para todas as mulheres”.
Sônia Guajajara destaca que a vítima era indígena e técnica de enfermagem e que é mais uma vítima de feminicídio no Brasil.
“Joenilda (sic), jovem mulher indígena, mãe, técnica de enfermagem é mais uma vítima do feminicídio em nosso país. Não podemos aceitar que situações como essa continuem acontecendo, que mulheres percam suas vidas dia após dia em uma cultura machista que viola nossos corpos e nos violenta diariamente”.
Ministra dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara.
Ascom/MPI
Leia, na íntegra, a manifestação da ministra sobre o caso
Mais uma vítima de feminicídio! Recebi com profunda tristeza e revolta a notícia sobre o assassinato brutal de Joanilda Guajajara do meu Território Indígena Arariboia pelo seu marido em Amarante (MA).
Quando falamos que mulheres não estão seguras sequer em sua própria casa, é sobre isso. Joanilda foi morta em sua residência, lugar que deveria ser um espaço seguro para ela e para todas as mulheres.
Joenilda, jovem mulher indígena, mãe, técnica de enfermagem é mais uma vítima do feminicídio em nosso país. Não podemos aceitar que situações como essa continuem acontecendo, que mulheres percam suas vidas dia após dia em uma cultura machista que viola nossos corpos e nos violenta diariamente.
Meus sinceros sentimentos a toda a família, que além de parentes, são meus amigos e toda a solidariedade aos amigos e amigas de Joenilda. Desejo muita força nesse momento tão difícil e que a justiça seja feita.
Suspeito já responde por outros crimes, entre eles, feminicídio
Wendel e Carla se conheceram pela internet e, em um mês, passaram a morar juntos.
Reprodução/TV Mirante
Wendel, segundo informações policiais, responde processo em Amarante do Maranhão por lesão corporal contra Joanilde e a filha dela, enteada dele. O crime foi praticado em 2014. O homem também foi condenado em Amarante do Maranhão por porte ilegal de arma de uso permitido em 2023.
Ainda de acordo com a polícia, Wendel responde, ainda, pelo assassinato de Carla Tayra Sousa de Oliveira, de 19 anos. O crime aconteceu em 2021, na cidade de Imperatriz, município localizado a 636 km de São Luís. Nessa época, Wendel já estava morando com Joanilde Guajajara.
Após a morte de Carla Tayra, Wendel ficou preso por menos de seis meses, mas ganhou liberdade condicional, sem ter sido julgado pelo crime de feminicídio.
De acordo com a polícia, o corpo de Carla Tayra foi encontrado na Avenida Pedro Neiva de Santana, com diversas perfurações de faca. Horas depois o suspeito do crime foi localizado bebendo em um bar no bairro Bacuri. A caminhonete que tinha sido vista por testemunhas foi apreendida pela polícia. A perícia afirmou ter encontrado sangue humano no veículo.
Wendel e Carla se conheceram pela internet e, em um mês, passaram a morar juntos. Nesta mesma época ele também mantinha relacionamento com Joanilde, que teria terminado por conta da traição.
Segundo a família da jovem, o relacionamento durou pouco mais de sete meses, mas era bastante conturbado. Vários episódios de violência ocorreram neste período. Segundo a mãe da vítima, Carla tinha voltado para casa, mas aceitou sair com Wendel para conversar no dia do crime.
“A violência foi só aumentando, ela chegou cortada, ele cortou o cabelo dela com a faca, bateu nela, cortou às coxas dela, ele foi tentar furar o pescoço dela, ela estava cheia de marcas de faca, ela tentava se defender e ele cortou o dedo dela”, lembra Francisca Maria, mãe da vítima.