18 de novembro de 2024

Primeiro sapato aos 10 anos, correspondências com Chico Xavier e exílio na ditadura; veja curiosidades sobre Juscelino Kubitschek

JK foi presidente do Brasil entre 1956 e 1961. Ele morreu em um acidente de carro no Rio de Janeiro, em agosto de 1976. JK quando presidente do Brasil, no dia da inauguração de Brasília, em 1960.
Arquivo Público do DF
A construção de Brasília é um dos feitos mais conhecidos da vida de Juscelino Kubitschek, o presidente JK. Mas existem outros fatos curiosos sobre a vida do político que prometia 50 anos de progresso em 5 de governo – tempo que durava o mandato presidencial à época.
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Agosto é o mês de aniversário da morte de Juscelino. Nesta reportagem, veja pontos que marcaram a vida de JK e 7 curiosidades que talvez você não conheça sobre ele. São elas:
Primeiro sapato aos 10 anos
Origem cigana
Médico urologista e atuação em frente de combate
Correspondências com o médium Chico Xavier
Perseguição e exílio na ditadura
Vida na fazenda
Polêmica sobre sua morte
Quem foi JK❓
JK fala sobre a construção de Brasília e a chegada de pessoas buscando trabalho na nova capital. Vídeo: Arquivo Público do DF
Juscelino Kubitschek de Oliveira nasceu em Diamantina, Minas Gerais, em 12 de setembro de 1902. Ele foi presidente do Brasil entre 1956 e 1961.
Cláudio Amorim, professor da Universidade Católica de Brasília, destaca que nesta época o país vivia os efeitos do fim da Segunda Guerra Mundial e o Brasil, sob o governo de Getúlio Vargas, participou do conflito. Esses efeitos foram uma série de desafios econômicos, sociais, políticos e diplomáticos.
Em seu mandato presidencial, JK trabalhou um Plano de Metas que prometia 50 anos de progresso em 5 de governo – tempo que durava o mandato presidencial à época.
“Esse plano envolveu 31 metas distribuídas em cinco setores: energia, transporte, indústria, alimentação e educação. A mais icônica dessas metas foi a construção de Brasília”, explica o professor.
JK visita Brasília durante sua construção. Vídeo: Arquivo Público do DF
JK também foi prefeito de Belo Horizonte, deputado federal, senador e governador de seu estado natal. Seu legado envolve elogios ao desenvolvimento do Brasil e críticas ao aumento da dívida externa.
“JK representa um período de otimismo no Brasil, onde havia uma confiança generalizada no progresso e na modernização. Sua imagem é associada ao dinamismo, à inovação e à crença no potencial do Brasil”, fala Cláudio Amorim.
Curiosidades sobre Juscelino Kubitschek
1. Primeiro sapato aos 10 anos 👞
Foto de JK descalço.
Reprodução
De acordo com o pesquisador da história de Brasília, João Amador, o ex-presidente quebrou o dedo mindinho do pé esquerdo quando era pequeno.
“Depois disso, sempre que colocava calçados fechados, o pé doía. Aí ele não usava. Só aos 10 anos que não teve jeito. Calçou sapatos pra ir a uma festa com a mãe”, diz João Amador.
João conta que mesmo depois de adulto o desconforto continuou e o presidente tirava o sapato sempre que podia, optando por ficar descalço ou de meias (veja foto acima).
2. Origem cigana 🌍
Juscelino quando criança (esquerda) com sua irmã Naná (direita).
Memorial JK/reprodução
Segundo o Memorial JK, a mãe de Juscelino era neta de Jan Nepomusky Kubitschek, um imigrante católico natural da Boêmia – atual República Tcheca. Jan veio para o Brasil no século 19.
O pesquisador João Amador diz que, em seus país de origem, os Kubitschek vêm de uma etnia cigana. Logo, mesmo nascido no Brasil, “JK seria o único presidente no mundo com origem cigana”.
3. Médico urologista e atuação em frente de combate 🩺
Juscelino Kubitschek em atendimento.
Acervo Cememor/reprodução
Antes de entrar para a política, Juscelino se formou em medicina, em 1927. Segundo o Memorial JK, foi em seu baile de formatura que ele conheceu sua esposa, Sarah Gomes de Lemos.
Em 1930, ele foi para a Europa para se especializar em urologia (aparelho urinário). O Memorial JK informa que ele chegou a ser professor assistente no Brasil e trabalhou em consultórios.
Sua vida política só teve início na Revolução Constitucionalista de 1932, quando atuou como médico na frente de combate e teve contato com figuras políticas.
João Amador conta que, a pedido do amigo Benedito Valadares, que era o interventor federal em Minas Gerais, cargo equivalente a governador, JK começou a trabalhar no governo do estado, em 1933.
“Aí tomou gosto pela política, se elegeu deputado federal aos 32 anos e nunca mais parou”, fala João Amador.
4. Correspondências com o médium Chico Xavier ✉️
Saiba quem foi o médium Chico Xavier
João Amador diz que JK, apesar de ser católico praticante, também era estudioso da Doutrina Espírita. O pesquisador conta que o ex-presidente, durante a construção da capital, mandava bilhetes para o médium Chico Xavier com perguntas.
As respostas eram enviadas por Chico por meio da psicografia – de modo simplificado, a psicografia é um fenômeno em que o médium escreve mensagens de espíritos.
“Nos anos 50, ele conheceu o conterrâneo mineiro Chico Xavier e ambos desenvolveram uma amizade um pouco escondida, uma vez que o médium não era bem visto pela Igreja Católica naquela época”, fala o pesquisador.
Amador diz que apesar do conteúdo das mensagens nunca ter sido revelado, sabe-se que JK se apoiou nelas para tomar decisões sobre a construção no Planalto Central.
5. Perseguição e exílio na ditadura militar 🪖
Juscelino Kubitschek lendo sobre sua cassação.
Agência Brasil/reprodução
Em 1961, depois do mandato presidencial, Juscelino se tornou senador, mas tinha intenção de disputar a eleição presidencial de 1965. Tudo mudou em 1964 com o golpe militar, quando JK foi acusado de corrupção e teve seu mandato de senador cassado.
“[JK] foi alvo de perseguições. Ele teve seus direitos políticos cassados pelo regime em 1964, sendo acusado de corrupção, algo nunca comprovado”, afirma o professor Cláudio Amorim.
O pesquisador João Amador conta que JK foi viver no exílio na Europa e ficou proibido de entrar em Brasília.
O ex-presidente voltou brevemente ao Brasil em 1965, período em que foi submetido a interrogatórios e sofreu “agressões de ordem moral”, segundo o Memorial da Democracia. Logo, JK decidiu voltar para o exílio. Seu retorno definitivo para o Brasil aconteceu em 1967, mas ele seguia sendo vigiado pelo regime.
6. Vida na fazenda 🌱
Fazenda onde JK viveu, próxima à Brasília.
TV Globo
João Amador conta que quando JK voltou ao Brasil, buscou ficar o mais próximo possível de Brasília.
“Ele comprou uma pequena fazenda em Luziânia, em Goiás, e passou a morar lá com dona Sarah, onde ficou até sua morte em 1976”, diz o pesquisador. A fazenda, conhecida como Fazendinha JK, ainda existe e pode ser visitada.
7. Acidente x atentado 🚘
Arquivo N: Morte de Juscelino Kubitschek faz 40 anos
O ex-presidente morreu em 1976, em um acidente de carro na Rodovia Presidente Dutra, no Rio de Janeiro. A morte de JK sempre levantou polêmica por suspeitas de que ele pudesse ter sido vítima de um atentado elaborado pela ditadura militar (1964-1985).
Veja linha do tempo da investigação sobre a morte de JK:
👉 Em 2013, a Comissão Municipal da Verdade de São Paulo anunciou que JK havia sido vítima de um atentado político:
Segundo a comissão, indícios apontavam que o motorista Geraldo Ribeiro, que conduzia o Opala usado por JK, fora baleado na testa durante o trajeto, antes do acidente de carro. Esses indícios partiram do relato de um perito que afirmou ter visto uma perfuração no crânio do motorista durante a exumação de seu corpo, em 1996.
👉 Em abril de 2014, Comissão Nacional da Verdade (CNV) concluiu que o governo militar não teve participação na morte do ex-presidente:
O relatório da Comissão Municipal de São Paulo foi encaminhado à Comissão Nacional da Verdade (CNV), que também investigou a hipótese de homicídio.
A comissão nacional concluiu que tanto JK quanto seu motorista foram vítimas de um acidente de carro, e não de um homicídio. A fenda no crânio do motorista seria, na verdade, provocada por uma lesão durante a exumação, e o objeto metálico encontrado junto ao corpo era um grampo utilizado para fixar o forro do caixão.
👉 Em 2017, a Comissão da Verdade de Minas Gerais (Covemg) disse que ‘muito possivelmente’ JK foi vítima de atentado:
O relatório final da Comissão da Verdade de Minas Gerais (Covemg) apontou contradições que sugerem que o ex-presidente tenha sofrido um atentado político.
“Nós analisamos novas documentações, um outro conjunto probatório e chegamos à conclusão que, muito provavelmente, muito possivelmente, o que aconteceu com Juscelino Kubitschek é que foi um atentado político”, disse o coordenador da Covemg, Robson Sávio Souza.
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