Paulo Sérgio de Oliveira e Costa disse que já pediu ao Grupo de Atuação Especial de Segurança Pública (GAESP), do Ministério Público, para acompanhar o caso: ‘Somente dentro dos limites da lei se faz segurança pública, nunca fora deles’. O procurador-geral de Justiça de São Paulo, Paulo Sérgio de Oliveira e Costa – principal representante do Ministério Público paulista.
Montagem/g1/Reprodução
O procurador-geral de Justiça de São Paulo, Paulo Sérgio de Oliveira e Costa – principal representante do Ministério Público paulista, emitiu nesta terça-feira (3) uma nota pública de repúdio à cena, obtida com exclusividade pela TV Globo e g1, em que um policial militar aparece jogando um rapaz dentro de um rio, na Zona Sul de São Paulo.
O episódio aconteceu durante uma abordagem na madrugada de segunda-feira (2) (veja vídeo abaixo).
Para o procurador-geral, as imagens são “estarrecedoras e absolutamente inadmissíveis”. Ele afirmou que já designou que o Grupo de Atuação Especial de Segurança Pública (GAESP) integre as investigações, a fim de “punir exemplarmente” os policiais envolvidos na abordagem.
“Estarrecedoras e absolutamente inadmissíveis! Não há outra forma de classificar as imagens do momento no qual um policial militar atira um homem do alto de uma ponte, nesta segunda-feira. Pelo registro divulgado pela imprensa, fica evidente que o suspeito já estava dominado pelos agentes de segurança, que tinham o dever funcional de conduzi-lo, intacto, a um distrito policial para que a ocorrência fosse lavrada”, disse Paulo Sérgio de Oliveira e Costa.
E acrescentou que “somente dentro dos limites da lei se faz segurança pública, nunca fora deles”.
PM é flagrado jogando homem de ponte em Carapicuíba, Grande SP
O procurador disse ainda que determinará, ainda nesta terça-feira, que o Grupo de Atuação Especial de Segurança Pública (GAESP) entre no caso e trabalhe junto com o promotor do caso para garantir “todos os esforços no sentido de punir exemplarmente, ao fim da persecução penal, os responsáveis por uma intervenção policial que está muito longe de tranquilizar a população”.
Flagrante exclusivo
O flagrante do policial militar jogando um homem do alto de uma ponte foi revelado nesta segunda (3) pelo g1 e pela TV Globo.
Pelas imagens, é possível ver um policial levantando uma moto que está no chão. Um segundo e um terceiro policial se aproximam. Depois, o primeiro PM encosta a moto perto da ponte. Um quarto policial chega segurando o homem pela camiseta azul, que seria o motociclista abordado. Ele se aproxima da beirada da ponte e joga o homem no rio.
Policial militar joga suspeito dentro de um rio na Zona Sul de São Paulo durante abordagem a madrugada desta desta segunda-feira (2).
Reprodução
Outro vídeo mostra um corpo de um homem também com camiseta azul boiando no rio. Não há a confirmação se o corpo que aparece boiando é o mesmo do homem jogado pelo PM.
De acordo com informações da Polícia Militar, os agentes seriam do 24º BPM de Diadema, na Grande São Paulo, e teriam perseguido a moto até a Zona Sul de São Paulo, na Cidade Ademar. O agente que arremessou o homem é da Rondas Ostensivas com Apoio de Motos (Rocam).
O ouvidor das polícias, Cláudio Silva, afirmou à TV Globo que vai pedir o afastamento imediato dos oficiais envolvidos no caso. “Tanto do policial que pratica o ato quanto dos outros, que estavam ali e de certa forma não atuaram para que aquilo não ocorresse, ou não informaram as autoridades que aquele policial tinha feito aquele ato.”
“É algo muito grave e sem qualquer fundamento, nenhuma legalidade. É mais um daqueles e daquelas que ainda acham que a injustiça vai prevalecer. Há uma crença hoje na polícia de São Paulo de que os policiais poderão praticar qualquer atrocidade ou anormalidade por serem policiais e isso vai ficar por isso mesmo. A gente precisa mudar essa perspectiva porque senão eos casos graves vão continuar ocorrendo e, talvez, a tendência seja até piorar”, finaliza.
Em nota, a Secretaria da Segurança Pública (SSP) informou que “a Polícia Militar repudia veementemente a conduta ilegal adotada pelos agentes públicos no vídeo mostrado. Assim que tomou conhecimento das imagens, a PM instaurou um inquérito policial militar (IPM) para apurar os fatos e responsabilizar os policiais envolvidos nessa ação inaceitável”.
“Todos os policiais que estavam em serviço na área identificada foram convocados e já estão sendo ouvidos. A instituição reitera seu compromisso com a legalidade, sem tolerar qualquer desvio de conduta”, finaliza o comunicado.
A Corregedoria da PM apura as circunstâncias do caso e, até a última atualização desta reportagem, ninguém foi afastado.