7 de janeiro de 2025

Produtores de banana inovam com chips, cachaças e doces para evitar perdas e aumentar a renda em MG


Transformação de excedentes em produtos derivados contribui para a sustentabilidade e valorização da produção de Piau, na Zona da Mata mineira. Derivados de banana aumenta a renda de produtores em Piau
Flávio Christo/Divulgação
A banana é a fruta mais consumida do mundo, de acordo com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). O Brasil desempenha um papel fundamental nessas vendas, sendo o quarto maior produtor mundial.
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Na região da Zona da Mata mineira, a cidade de Piau é um polo de produção de bananas. Os produtores locais têm criado soluções sustentáveis para lidar com o excedente da colheita e evitar desperdícios, uma vez que a fruta é um produto muito perecível. Esse aproveitamento resultou no desenvolvimento de cachaças, biscoitos, farinhas, doces e outros alimentos, o que ampliou a renda dessas pessoas.
De olho na sustentabilidade e no aproveitamento integral do alimento, o casal Elaine e Quintino Moreira, produtores de banana orgânica, decidiu investir na agroindústria. Desde 2010, eles produzem a fruta, mas foi em 2020 que construíram uma unidade de processamento para agregar valor ao produto.
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Segundo Elaine, isso representa um bom incremento na renda. “Uma caixa de banana in natura custa cerca de 60 reais, mas, processada, pode valer mais de 100 reais”.
“Nossa produção é vendida in natura, mas o que não sai, a gente transforma em outros produtos”, explica Quintino.
O casal aproveita as frutas que não seriam vendidas para produzir diversos itens, como banana passa, bananada sem açúcar, farinha de banana verde, bombom e uma barra energética que combina a fruta com batata-doce e chocolate.
Quintino e Elaine Moreira são produtores de banana orgânica em Piau
Flávio Christo/Divulgação
Banana chips
Outro produtor de Piau que aposta na inovação é Guilherme Lima Barros, de 42 anos, que cultiva desde 2018 nove hectares de banana nanica. Ele encontrou no mercado de snacks uma oportunidade para expandir o negócio, utilizando a banana verde para produzir chips crocantes, um petisco que conquistou consumidores em várias cidades, incluindo São Paulo e Belo Horizonte.
“Foi com a experiência que cheguei ao ponto ideal de crocância”, comenta Guilherme.
Atualmente, a safra dele de banana já acabou, pois retira 100% para atender à fábrica. No local, ele consegue produzir cerca de cinco mil pacotes de banana chips por mês e tem um incremento de até 600% no preço de venda com o produto processado. O mercado aceitou muito bem o produto.
No entanto, Guilherme relatou que o crescimento vem sendo limitado pela falta de mão de obra.
“Tudo o que produzo é vendido. A demanda é alta. Atualmente, para atender a novos clientes, precisamos de pelo menos 15 dias para entregar o produto, pois só tenho 3 funcionários”, explica. Ele está buscando mais pessoas para ajudar na fábrica e também pretende começar a produzir cachaça de banana.
Chips de banana é salgado, serve como alimento e até tira-gosto
Guilherme Lima/Arquivo Pessoal
Até cachaça
Na cidade, a produtora Maria Lúcia Evaristo, de 70 anos, é responsável pela produção de cachaça e licor de banana. Há mais de 20 anos, ela foi desafiada a desenvolver uma cachaça feita da fruta, sem misturas com cachaça de cana, e foi experimentando até que a receita deu certo e se tornou um sucesso em Piau.
“Comecei nesse ramo após me aposentar e faço da cachaça de banana uma fonte complementar de renda, que me ajuda muito”, explicou Maria Lúcia.
Ela aperfeiçoou a técnica e hoje transforma a banana nanica em uma bebida saborosa. “Faz muito sucesso e eu consigo um ótimo preço na venda. Um litro chega a valer cerca de 30 reais”, conta.
Quem produz as bananas é Joice, de 42 anos, filha de Maria Lúcia. Ela trabalha apenas no processamento do produto, já que é quem cultiva a fruta. Elas utilizam bananas fora do padrão de venda que, por falta de mercado, seriam descartadas.
Maria Lúcia conta que os moradores da cidade sempre vão até a casa dela buscando o produto. Ela também costuma vender na Festa da Banana, realizada todo ano na cidade. “Já cheguei a vender 600 garrafas na exposição, porque vende muito nas épocas de frio”, finalizou.
Banana nanica é transformada em uma bebida saborosa
Flávio Christo/ Divulgação
*estagiária sob supervisão de Carol Delgado.
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