Luis Fernando Prestes, de 52 anos, já passou por mais de 30 países ao lado do cachorro Belmiro. Luis e Belmiro já passaram por mais de 30 países
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Um professor de história ‘largou tudo’ para viajar pelo mundo pedalando uma bicicleta ao lado do cachorro Belmiro, da raça Border Collie. Ao g1, Luis Fernando Prestes, de 52 anos, disse ter decidido que era a hora de conhecer os lugares que tanto falava em sala de aula após mais de duas décadas de serviços.
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Segundo o ex-morador do bairro Ponta da Praia, em Santos, no litoral de São Paulo, a ideia ganhou força durante o período de confinamento da pandemia de Covid-19. Em 2022, após a reabertura das fronteiras, ele pediu demissão das escolas onde lecionava e colocou o pé na estrada.
A jornada de Luis Fernando, conhecido na internet como Éleéfe, começou em março daquele ano, quando viajou para Lisboa, em Portugal. Desde então, o professor e o cachorro percorreram 21 mil km de bicicleta por mais de 30 países, passando por França, Grécia, Rússia, Armênia, Quirguistão, Irã e Nepal, onde está atualmente.
O trajeto pode ser solitário em determinados momentos e, também por isso, o cachorro se tornou um companheiro inseparável. Com pouco mais de quatro anos de idade, o aventureiro de quatro patas carrega no nome o ‘fanatismo’ de Luis pelo time de futebol da cidade natal, o Santos FC. A equipe é mandante em jogos no Estádio Urbano Caldeira, a Vila Belmiro.
Luis e Belmiro na Turquia (à esq.) e no deserto de Varzaneh, no Irã (à dir.)
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Cão guia
Para o historiador, a companhia do cãozinho muda tudo. Segundo ele, o planejamento é pensado para acomodar as necessidades de Belmiro. A estadia, por exemplo, acontece apenas em hotéis onde animais são aceitos, podendo custar até 30% mais caro do que outros estabelecimentos.
“O planejamento passa muito pelo clima do lugar. O Belmiro adora o frio, mas já tivemos que correr contra o tempo na Rússia e no Cazaquistão para fugir das baixas temperaturas que chegavam a -30ºC”, contou.
Para a viagem, Luis utiliza uma bicicleta com assistência elétrica para aliviar o peso do companheiro, dos mantimentos e dele próprio, que juntos chegam a pesar mais de 100 kg. Além disso, ele carrega uma casinha apropriada para o transporte de Belmiro.
O melhor passaporte é o brasileiro
Eleéfe conta que, embora saiba falar inglês e conte com alguns textos pré-prontos no tradutor do celular, o idioma não tem sido um grande empecilho. Segundo ele, muitas vezes a bandeira do Brasil que carrega na bicicleta é o suficiente para se comunicar.
“Eles reconhecem a bandeira de longe, por ela ser diferente. Quando veem, logo abrem um sorriso e falam de samba e futebol”, disse Luis.
Luis e Belmiro em Budapeste, na Hungria (à esq.), e em Volgogrado, na Rússia (à dir.)
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Entre os países viajados, o professor guarda com carinho memórias do Irã, Rússia e Nepal. De acordo com ele, a hospitalidade, a comida e as belezas naturais superam qualquer outro destino.
“Lembro que na Chechênia [Rússia], as pessoas me paravam em todo lugar para oferecer comida e bebida. Chegou uma hora que eu já não aguentava mais receber tantos presentes”, brincou.
Por outro lado, Luis destacou o Paquistão como a pior experiência ao longo da viagem. Para ele, mesmo com a ótima culinária, a burocracia e o lixo acumulado nas ruas não valem o retorno ao país asiático tão cedo.
Perrengues internacionais
Apesar das boas memórias na estrada, a dupla também passou por muitos momentos de tensão. Éleéfe chegou a ser interrogado por suspeita de espionagem quando passava pela Transnístria — região de Moldova que possui ligações com a Rússia — durante as ofensivas à Ucrânia.
Segundo o historiador, os oficiais russos desconfiaram dele após inspecionarem o passaporte, uma vez que havia passado por Kosovo, região separatista da Sérvia. A situação foi resolvida uma hora depois, com direito a sorrisos e pedidos de desculpas dos soldados.
Professor e cão viajaram juntos por, ao menos, 30 países, entre Europa e Ásia
g1 Santos
Próximos passos
Atualmente em Pokhara, no Nepal, o professor junta recursos com ajuda de uma campanha online para dar sequência ao trajeto. A dupla deve viajar nos próximos dias para a Tailândia e, em seguida, Laos, Vietnã, Japão e Argentina. O objetivo é voltar ao Brasil até o fim deste ano.
Há pouco mais de mil dias na estrada, o professor documenta toda a aventura nas redes sociais do projeto Pedalando na História, que conta com mais de 30 mil seguidores.
Éleefe diz que pretende voltar a pedalar pelo mundo futuramente, embora ainda não saiba qual trajeto seguir. Ele tem apenas uma certeza: Belmiro estará ao lado e pronto para uma nova aventura.
Professor ‘larga tudo’ para viajar pelo mundo de bicicleta com cachorro
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