Criado pelo Selo Caquí, projeto vai reunir 10 artistas autorais em disco coletivo. Edital para as seletivas abre nesta segunda-feira, 1º de julho. Os caça talentos Leonardo Pratagy e Reiner: criadores do Selo Caquí
Tita Padilha
O Selo Caqui dá a largada para a construção de um projeto que promete ser um marco na música do Pará: o lançamento de uma coletânea de novos artistas dedicada a mostrar a sonoridade do Norte para muito além do que se entende por “música regional”. Entre artistas convidados e selecionados pela curadoria do projeto, o disco terá dez novos talentos autorais que revelam a diversidade sonora da Amazônia, com música experimental, rock, indie, eletrônico, rap, e o que mais pintar de interessante. A chamada aberta para artistas que queiram participar da coletânea começa nesta segunda-feira (1º), e segue até 28 de julho.
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“Pra fazer deste um trabalho plural, a gente quer conhecer quem tá fazendo música agora no Pará por meio de uma chamada aberta que irá selecionar três artistas para fazerem parte da coletânea. O que a gente quer é amplificar essas propostas artísticas, fazer com que esses artistas se conectem com o público, e também documentar o que tem sido produzido nesse sentido”, diz Leonardo Pratagy, idealizador do projeto ao lado de Reiner, dois jovens músicos de Belém movidos pela inquietação de fomentar e tornar sustentável a cena musical feita na cidade das mangueiras.
Além de fazer parte do álbum, que será lançado nas plataformas de streaming, em vinil e em fita k7, os artistas também farão parte do curta-metragem dirigido por Anna Suav que documentará todo o processo do projeto e da mostra Caquiado com shows ao vivo dos artistas na cidade de Belém, a ser realizada ainda no ano de 2024.
Criado em 2022, o Selo Caquí, cujo nome deriva da palavra “caqueado” no bom dialeto paraense, já realizou mais de 20 eventos e projetos. O Caquí conta com nomes da nova geração de música paraense como Malu Guedelha, Jheni Cohen, W Mate-U, Roger is not Braga, artistas que mostram que a cena musical paraense mistura suas referências e vivências amazônicas com rap, rock, jazz, pop, R&B e que fazem uma grande miscelânea de ritmos e timbres sem fronteiras nem delimitações de gêneros musicais.
A coletânea” Caquiado” foi selecionada pelo edital Natura Musical, por meio da lei estadual de incentivo à cultura do Pará (Semear), ao lado de AQNO, Festival Apoena e Rawi, por exemplo. No Estado, a plataforma já ofereceu recursos para mais de 80 projetos até 2023, como Manoel Cordeiro, Dona Onete, Pinduca, Felipe Cordeiro e Thaís Badú.
Seletiva
Poderão participar da seletiva do projeto “Caquiado: álbum-coletânea e filme-manifesto de novos artistas paraenses” artistas autorais do Pará. Artistas do carimbó, trans, e músicos periféricos terão prioridade no edital do projeto.
“Nossa intenção é descentralizar o discurso em relação ao que é hegemônico na cena alternativa de Belém, no geral. Queremos amplificar vozes e gêneros musicais que muitas vezes ainda são vistos como marginalizados, como inclusive o carimbó, que apesar de ser consumido por quem vem de fora como um dos principais gêneros paraenses, muitos grupos e artistas desse gênero ainda se situam à margem do circuito de shows, festivais, e do rolê de distribuição em plataformas de streaming, por exemplo”, diz Reiner.
As músicas serão selecionadas por curadores convidados com trajetória de peso na cena: Léo Chermont, produtor musical de vários discos importantes para a música da Amazônia como da Nazaré Pereira, Mestre Damasceno e Sammliz; Íris da Selva, artista trans que desponta na cena do carimbó urbano e música popular paraense; e Bruna BG, que já tem bastante experiência em encontrar novos talentos visto que ela já foi organizadora do Slam Dandaras do Norte e também organiza eventos com artistas iniciantes do rap. O disco será gravado entre agosto e setembro.
Serviço:
Seletiva do projeto coletivo “Caquiado: Álbum-coletânea”, de 1º a 28 de julho, online aqui.