13 de outubro de 2024

Projeto com aulas de alemão em escolas públicas do Ceará ajuda a levar alunos para a Alemanha; conheça

Há 15 anos, programa promove aulas e atividades complementares em duas escolas de Fortaleza. Todos os anos, alunos são contemplados com bolsas para estudar na Alemanha. Duas escolas públicas no Ceará ofertam aulas de alemão e atividades culturais
Para os alunos de duas escolas públicas do Ceará, aprender alemão faz parte da rotina. O idioma se faz presente nas lições, nas músicas apresentadas em eventos temáticos, em rodas de leitura e até mesmo nas experiências que alguns estudantes vivenciam fora do Brasil.
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Todas estas vivências fazem parte da iniciativa “Escolas: Parceiras para o Futuro” (PASCH, na sigla utilizada em alemão), um projeto coordenado pelo governo da Alemanha e implementado em parceria com diversas instituições. No Ceará, o programa é executado há 15 anos.
Atualmente, duas escolas de Fortaleza recebem a iniciativa: a Escola Estadual de Ensino Profissionalizante Paulo VI e a Escola Estadual de Ensino Profissionalizante Juarez Távora. Cerca de 850 alunos estudam alemão nas turmas oferecidas nas duas escolas.
O programa PASCH está presente em mais de 2 mil escolas espalhadas por 120 países. As escolas do Ceará estão entre as poucas do Brasil que realizam o projeto na rede pública de ensino.
Da sala de aula para a Alemanha
Lídia Menezes estuda alemão no Ensino Médio e ganhou bolsa para curso de três semanas na Alemanha
Kid Júnior/SVM
Quando escolheu uma escola para cursar o Ensino Médio, a adolescente Lídia Menezes se interessou pelo curso de Computação Gráfica, oferecido na base técnica da escola Juarez Távora.
A escola funciona no modelo de educação profissional, que alia o currículo do Ensino Médio convencional a uma formação técnica, com atividades em tempo integral.
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Desta forma, o aluno tem aulas em dois turnos e se qualifica para o mercado de trabalho ou para tentar uma vaga no Ensino Superior. Em 2023, Lídia ainda não sabia que a unidade também oferecia aulas de alemão.
“Eu fiquei impressionada e curiosa sobre a língua porque eu gosto muito de aprender coisas novas. No começo, eu achei tudo muito novo porque eu não tinha nenhuma proximidade com a língua. Como eu achei divertido, eu comecei a consumir conteúdos em alemão: filmes, músicas… E aí, eu comecei a me familiarizar”, conta a estudante.
Aluna do 2º ano, Lídia começou o segundo semestre de aulas em 2024 depois de viver uma experiência diferente da rotina: nas férias de julho, ela passou três semanas estudando na cidade de Frankfurt, na Alemanha.
A estudante foi selecionada dentre os três alunos com melhores desempenhos na escola e no teste de proficiência aplicado pelo projeto. Com os resultados, ela ganhou uma bolsa do Instituto Goethe para um curso de idiomas no exterior. Essa seleção acontece todos os anos dentro da iniciativa PASCH.
Para tentar a bolsa, Lídia se interessou pelas aulas preparatórias para o exame de proficiência nos intervalos do almoço. Ela também se esforçou para fazer um vídeo criativo como parte do processo de seleção: Lídia interpretou dois personagens que conversavam em alemão sobre a vontade de conhecer a Alemanha.
Frankfurt, na Alemanha, é uma das cidades que os alunos podem escolher para realizar o curso de alemão pelo Instituto Goethe
Epizentrum/Creative Commons
Uma vez aprovada, foi a vez de se preparar para a viagem. Mesmo com todos os custos pagos pelo programa, a estudante ainda precisou de auxílio para conseguir a emissão do passaporte. Esse apoio financeiro foi dado em articulação com a Secretaria da Educação do Ceará (Seduc), como explica Corina Bitu, diretora da escola Juarez Távora.
Nas três semanas em Frankfurt, Lídia tinha aulas de alemão de manhã e de tarde no Instituto Goethe. Um dos impactos iniciais foi descobrir que toda a comunicação durante as aulas seria em alemão — sem auxílio de outros idiomas, como o inglês. Nos períodos livres, os estudantes aproveitavam para conhecer a cidade.
Uma das atividades em sala de aula foi um projeto em que várias equipes competiam entre si para produzir o melhor projeto de vídeo. A equipe de Lídia venceu com o videoclipe de uma música alemã.
“Foi muito divertido porque eu tive que fazer com um grupo com outras pessoas estrangeiras. E, por incrível que pareça, o meu vídeo foi selecionado. Eram vários vídeos concorrendo, e o meu foi o que mais teve votos”, relembra Lídia.
Para a aluna, um dos principais resultados da viagem foi a motivação para continuar estudando alemão. Ela também mantém o contato com colegas estrangeiros e brasileiros que conheceu durante o curso na Alemanha.
E mesmo considerando cedo para traçar planos, Lídia já tem alguma ideia do caminho profissional que deseja seguir: fazer graduação em Sistemas e Mídias Digitais e construir uma trajetória voltada para a tecnologia da informação.
“De repente, quero pegar um bom estágio por aqui mesmo para algum dia poder me mudar para o exterior, conseguir trabalhar em alguma empresa lá. Eu espero muito voltar para o país [Alemanha] e conseguir me comunicar bem com os nativos de lá”, partilha Lídia.
Como funciona a iniciativa PASCH
Programa que ensina alemão nas escolas busca promover o idioma e a cultura para alunos de todo o mundo
Arquivo Pessoal
Motivar adolescentes para aprender sobre a língua e a cultura alemã no exterior e promover uma visão abrangente sobre a vida cultural, social e política do país são alguns objetivos do programa, que é coordenado pelo Ministério das Relações Exteriores da Alemanha.
As escolas selecionadas oferecem aulas de alemão e engajam os estudantes em diversas atividades que desenvolvem competências no uso do idioma e em diálogos interculturais.
Uma das atividades é a aplicação gratuita de testes de proficiência, que mensuram as capacidades dos alunos de se comunicar em alemão por meio da fala, da escrita, da escuta e da leitura.
Atualmente, a iniciativa PASCH abrange países de cinco continentes: África, Ásia, América, Europa e Oceania. No Brasil, o programa está presente em 44 escolas, alcançando todas as regiões do país.
A gestão do programa é dividida entre quatro instituições responsáveis por políticas de incentivo à cooperação pedagógica, cultural e científica:
Agência Central das Escolas no Exterior (ZfA)
Instituto Goethe
Serviço Alemão de Intercâmbio Acadêmico (DAAD)
Serviço de Intercâmbio Pedagógico (PAD) da Conferência do Ministério da Cultura
Diversos modelos de escolas recebem a iniciativa, como as unidades que funcionam como Escolas Alemãs no Exterior e as escolas adaptadas ao sistema de cada país que oferecem aulas de alemão com supervisão de instituições parceiras.
Experiências no Ceará
A iniciativa PASCH está no Ceará há 15 anos e beneficia duas escolas da rede pública em Fortaleza
Arquivo Pessoal
Em 2009, a chegada do programa ao Ceará contou com a articulação da Casa de Cultura Alemã, vinculada à Universidade Federal do Ceará (UFC).
No estado, a Casa de Cultura Alemã atua como parceira cultural e pedagógica do Instituto Goethe, com autorização para aplicar os diferentes testes de proficiência linguística desenvolvidos pela instituição.
A proposta inicial era selecionar escolas privadas para receber o programa. No entanto, a universidade sugeriu levar a iniciativa para escolas públicas, como explica Rogéria Pereira, professora da Casa de Cultura Alemã e coordenadora do Programa de Extensão PASCH no estado.
Para ela, a decisão se alinhou à função da universidade de compartilhar saberes e contribuir com o desenvolvimento do Ceará e do Nordeste.
A professora pontua, também, que o ensino de uma língua não hegemônica nas escolas públicas abre desdobramentos positivos para a trajetória dos alunos.
“No contexto do ensino público, a língua alemã vai ajudar os alunos no desenvolvimento pessoal, no sentido em que eles entram em contato com a cultura diferente da que eles têm. Um outro ponto importante é também o contexto de qualificação profissional. Um aluno que sai de uma escola profissionalizante com o domínio pelo menos básico do alemão, dependendo da área, ele já parte na frente no mercado de trabalho”, comenta Rogéria Pereira.
Assim, a escola Paulo VI foi escolhida para receber o projeto, ofertando aulas também aos alunos da escola Juarez Távora. As duas unidades ficam no bairro Benfica.
Dentre os fatores que contribuíram para a escolha da primeira escola, estavam: a proximidade geográfica com a Casa de Cultura Alemã da UFC e o fato de ser, naquele ano, uma das seis unidades de Fortaleza com o modelo de escola profissionalizante com tempo integral.
Alunos do projeto também participam de atividades na Casa de Cultura Alemã, na UFC, localizada no prédio ao fundo da imagem.
Arquivo Pessoal
Em conversas com a Secretaria da Educação do Ceará (Seduc), foi possível destacar mais um professor para o projeto, ampliando para que as duas escolas tivessem aulas de alemão com o passar dos anos, como pontua a diretora Corina Bitu.
Além de suporte com material didático e provas de proficiência, a iniciativa PASCH promove formações e atividades de acompanhamento para os professores e gestores das escolas.
Como funciona o ensino de alemão nas unidades:
Na escola Juarez Távora: os alunos das turmas de 1º e 2º ano têm o alemão como disciplina obrigatória, com uma ou duas aulas de 50 minutos por semana.
Dentre os cursos da base técnica, os alunos da unidade precisam escolher entre Estética, Edificações, Administração e Computação Gráfica.
Na escola Paulo VI: os alunos podem escolher entre os cursos de Enfermagem, Hospedagem, Redes de Computadores e Segurança do Trabalho.
Os alunos fazem gratuitamente o teste de proficiência voltado para mensurar o conhecimento de alemão em crianças e adolescentes.
Ao longo do ano, os alunos têm acesso a atividades culturais propostas por professores e bolsistas do projeto com apoio do Instituto Goethe.
A cada ano, os alunos aprovados no teste proficiência concorrem a bolsas para um curso de 20 dias na Alemanha. A seleção é feita pelo Instituto Goethe de São Paulo.
Como ex-diretora da escola Paulo VI e agora na gestão da escola Juarez Távora, Corina Bitu está envolvida no projeto desde a implantação dele no Ceará.
A gestora percebe a diferença quando participa de momentos com outras escolas beneficiadas pelo projeto no Brasil. Isso porque a maioria das escolas dos outros estados é da rede privada, mostrando que a experiência no Ceará é transformadora ao alcançar alunos de baixa renda, que teriam menos acesso a um curso de idiomas.
Das 44 escolas brasileiras beneficiadas, apenas sete instituições são da rede pública: duas no Ceará e as demais nas cidades de Brasília, Belém, Florianópolis, Palmeira (Paraná) e Recife.
A professora Michele Gal acompanhou o projeto ensinando alemão na escola Paulo VI, em Fortaleza
Arquivo Pessoal
Como professora na escola Paulo VI desde 2014, Michele Gal precisou ir além da transmissão de conhecimentos sobre o idioma. Isso porque uma de suas missões era apresentar aos estudantes os benefícios que a língua alemã pode trazer.
“No começo, foi um desafio. Os alunos perguntavam o que eles iam fazer com a língua, quando iriam usar isso na vida”, comenta a professora.
A chance de ir estudar na Alemanha serve como uma das principais motivações. Aos poucos, outras vivências também engajam os estudantes, como as atividades da Semana da Língua Alemã, celebrações temáticas e momentos culturais dentro das escolas.
“Quando alunos da Hospedagem conseguiam atender alguém na recepção, eles diziam: ‘professora, eu atendi um alemão e eu consegui entender, consegui ajudar’. E aí eles começavam a ver que fazia sentido para eles”, exemplifica Michele.
Atualmente, o impacto do projeto é compreendido mais rapidamente pelos estudantes. Segundo a professora, isso se torna mais fácil com os relatos de ex-alunos e de pessoas da mesma família que já passaram pelas escolas. Ela comenta que alguns estudantes já procuraram a matrícula nas unidades por saber das aulas de alemão.
Oportunidades de formação profissional
Ex-alunos do projeto, estudantes cearenses vão passar três anos em formação profissional na Alemanha
Arquivo Pessoal
Neste mês de outubro, um grupo de onze alunos do Ceará começa a ter aulas em cursos de formação profissional com duração de três anos na Alemanha. Eles são ex-alunos da iniciativa PASCH no Ceará.
Os estudantes foram selecionados para realizar os estudos no país por meio da Formação Profissional Dual na Alemanha — iniciativa promovida pelo Instituto Goethe. Nesta modalidade, o aluno concilia estudos teóricos em uma escola profissionalizante com o aprendizado prático em um estágio.
Enquanto o programa custeia os estudos e paga um salário para que os alunos se sustentem no país, a Secretaria da Educação, no Ceará, também auxiliou os estudantes selecionados com os gastos para emissão dos passaportes.
Foi por meio da iniciativa PASCH que o cearense Victor Hugo Santiago, de 18 anos, ficou sabendo da oportunidade do programa Parcerias para a Formação Profissional Dual com escolas na América Latina (APAL).
Victor morava no bairro Parangaba e foi aluno da escola Paulo VI, onde fez o curso técnico de Enfermagem durante o Ensino Médio.
O estudante cearense Victor Hugo Santiago vai estudar durante três anos na Alemanha
Arquivo Pessoal
Com os conhecimentos básicos de alemão, ele se candidatou e foi selecionado. O estudante mora na cidade alemã de Bonn desde o mês de julho. Este período antes das aulas foi de curso intensivo de alemão para alcançar o nível intermediário B2, requisito para o início da formação profissional.
Enquanto era aluno no Brasil, Victor se interessou pelas aulas de alemão sem pensar em usar esse conhecimento no futuro. Ele chegou a desistir no primeiro ano por sentir dificuldades de acompanhar as aulas virtuais durante a pandemia.
Com o retorno das aulas presenciais, ele quis dar mais uma chance ao aprendizado de alemão. E foi estudando até que, por meio de uma palestra, descobriu a oportunidade de receber a bolsa.
Para Victor, a vontade de morar fora já existia antes, quando soube do programa Jovens Embaixadores — realizado pela Secretaria da Educação do Ceará, com oportunidade de cursos de duas semanas nos Estados Unidos.
Victor Hugo e outros estudantes brasileiros fizeram curso intensivo de alemão antes da formação profissional
Arquivo Pessoal
Com a formação na Alemanha, ele vai morar no país por três anos. Para o futuro, o jovem planeja estudar para ingressar em alguma universidade europeia logo em seguida. Por enquanto, ele comemora os primeiros meses na companhia de sete ex-alunos da mesma escola que estão na mesma cidade.
“A gente sempre fala que, se a gente tivesse vindo sozinho, seria muito mais difícil porque é uma língua bastante difícil de entender, é também um país novo”, explica.
Assim como Victor, a estudante Andressa Freitas, de 20 anos, é ex-aluna da escola Paulo VI e vai fazer um curso profissionalizante de Enfermagem vinculado à Universidade de Bonn.
A estudante Andressa Freitas sempre quis atuar na área da saúde e estuda enfermagem na Alemanha
Arquivo Pessoal
Ela chegou até a escola profissionalizante, em Fortaleza, por ter vontade de começar uma trajetória na área da saúde. O Ensino Médio foi um tempo em que ela pegava dois ônibus no trajeto entre a escola e a casa, no bairro Itaperi. A chance de estudar alemão na escola surgiu como uma surpresa.
“A gente cresce ouvindo falar sobre estudar inglês e espanhol, mas não sobre o alemão. Então eu quis experimentar, quis tentar aprender essa língua tão diferente e, na visão de algumas pessoas, bem difícil. Eu quis ingressar e sair da minha zona de conforto”, declara Andressa.
O processo para conseguir a formação profissional no exterior envolveu construir um currículo no idioma e passar por entrevistas com auxílio de um tradutor. Ao vencer essas etapas, os estudantes fizeram um curso intensivo de alemão ainda no Brasil e outro na Alemanha.
“Eu nunca tinha viajado, nunca tinha andado de avião. Então foram várias ‘primeiras vezes’. (…) É algo totalmente fora da realidade da minha família. Eu sou a primeira da família que está morando fora e que entrou nessa aventura de passar um tempo longe, mas todos ficaram muito felizes e continuam me apoiando”, comemora Andressa.
O objetivo da estudante é concluir a formação profissional e tentar fazer uma especialização ou um curso de graduação. Até lá, ela espera se adaptar aos novos desafios e às diferenças culturais de estar em um país estrangeiro.
Caminhos descobertos na escola
Cursando Letras na graduação, Samara foi aluna do PASCH quando estudou na escola Juarez Távora
Arquivo Pessoal
Samara Lima, de 20 anos, tinha vontade de estudar Letras desde antes do Ensino Médio. Ela só não sabia em qual idioma se aprofundar. A resposta veio quando se tornou aluna da iniciativa PASCH na escola Juarez Távora, em 2019. Atualmente, ela está no quarto semestre de Letras – Alemão na UFC.
Com a base do idioma, ela considera que foi mais fácil se adaptar ao conteúdo da graduação. Para Samara, ter sido aluna da iniciativa PASCH mudou a vida dela.
“Eu acho o projeto muito bacana e necessário porque a gente sabe o tamanho da desigualdade que existe no Brasil. Então ofertar esse idioma de graça, com material, certificado, é muito bom para o aluno da rede pública. Eu, pelo menos, não teria condições de ter pago um curso de alemão. De certa forma, isso ajuda a diminuir essa desigualdade e abrir caminhos”, comenta a ex-aluna.
Agora, Samara é bolsista de iniciação científica e participou de pesquisas sobre materiais didáticos para o ensino de alemão. A jovem pretende ser professora e sonha em conseguir levar algum projeto de ensino do idioma para escolas públicas de comunidades mais carentes.
A professora Flaviana Sipriano e a diretora Corina Bitu estão à frente da iniciativa na escola Juarez Távora
Kid Júnior/SVM
A atual professora de alemão na escola Juarez Távora já foi uma das bolsistas da iniciativa PASCH enquanto era aluna da UFC. Dentre as atividades no projeto, Flaviana Sipriano ministrava as aulas preparatórias para o exame de proficiência no intervalo do almoço da escola.
Hoje assumindo as turmas regulares, ela acha importante reforçar para os alunos que aprender alemão e sonhar com um futuro no exterior não é impossível, mesmo para famílias de baixa renda.
“Estou há quase dois anos aqui e é uma oportunidade muito boa porque é totalmente diferente de um curso de línguas estrangeiras, que geralmente tem um público reduzido e específico, de uma classe social totalmente diferente”, compara.
Nas duas escolas, a iniciativa PASCH também promove a conexão dos alunos com as atividades da Casa de Cultura Alemã e o curso de Letras na UFC.
Esse caminho também impactou a vida da estudante Júlia Honorato, de 20 anos. Ela foi aluna da escola Juarez Távora, onde entrou em contato com a língua alemã. Quando fez o Ensino Médio, ela planejava se tornar fisioterapeuta.
Ex-aluna e atual bolsista do projeto, Júlia Honorato deseja se tornar professora de alemão
Arquivo Pessoal
No entanto, Júlia acabou escolhendo o curso de Letras com habilitação em alemão e português. Para ela, foi importante se integrar nas atividades no tempo de escola, como o engajamento na Semana da Língua Alemã, palestras e oficinas sobre a cultura alemã e visitas à UFC.
Ela agora tem a chance de ver o projeto por outra perspectiva: a estudante se tornou bolsista do PASCH e atua planejando atividades que complementam a experiência dos alunos nas duas escolas.
“É muito bom incentivar os meninos a estudarem alemão, talvez até a entrarem no curso de Letras também. E é muito gratificante a gente poder retornar o que as escolas deram pra gente, poder retornar todo esse conhecimento”, comenta Júlia.
Estando nas unidades pelo menos uma vez por semana, ela continua a ter a trajetória inspirada nas experiências vividas dentro da iniciativa. Júlia está no quarto semestre da graduação e deseja se tornar professora de alemão no futuro.
Por ano, mais de 120 provas de proficiência no alemão são aplicadas nas duas escolas do Ceará. Para além das altas taxas de aprovação dos alunos, os profissionais envolvidos celebram o impacto positivo das atividades na vida de quem é beneficiado pelo programa.
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