19 de setembro de 2024

Projeto ‘Comunidades Tradicionais’ pretende preservar e identificar casas de religião de matriz africana em Rio Branco

Pesquisa iniciou neste mês de maio na capital acreana e visa preservar história e memórias das casas religiosas. Terreiro Mãe Ana de Oxun é uma das casas citadas em Rio Branco
Arquivo pessoal
A Organização da Sociedade Civil de Interesse Público Alámòjú Centro de Cultura e Pesquisa iniciou, neste mês de maio, o projeto Comunidades Tradicionais na Cidade de Rio Branco, no Acre. O objetivo é de, por meio de uma pesquisa sociocultural, preservar a história, os bens culturais e as memórias das casas de religião de matriz africana na capital acreana.
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A intenção é que, com a obtenção de dados, a pesquisa contribua para a criação de políticas públicas eficazes em prol das comunidades tradicionais da herança afro-brasileira.
Pelo menos 40 casas de religião de matriz africana foram identificadas pelo grupo na capital. Dessas, nove já foram visitadas pelo representante do Alámòjú, Anderson Borges. Para ele, a coleta de informações para o projeto contribuirá para o desenvolvimento de políticas públicas.
“Me vejo contribuindo para o processo de exposição de casas e centros religiosos que são vistos à margem e no anonimato pelas políticas públicas existentes. Percebo que nessas casas, terreiros e ilês, há membros de várias classes sociais e níveis educacionais dispostos a desmistificar o preconceito e a intolerância religiosa enfrentados pelas religiões de matriz africana aqui em nosso estado”, disse Anderson.
Projeto visa preservar herança cultural e identificar casas de religião de matriz africana. Casa de Santo Pai Célio de Logun Edé 2
Arquivo pessoal
Maria Clícia Dourado, presidente do Centro de Cultura e Pesquisa Alámòjú (palavra que significa sabedoria em yorubá), explicou que o principal propósito do projeto é tornar mais eficazes as políticas de promoção da igualdade racial e enfrentamento ao racismo religioso, além de atualizar os registros com a quantidade das comunidades tradicionais existentes em Rio Branco.
“A motivação é o levantamento de dados sobre as religiões de matriz africana no Acre. O estado não possui esse levantamento e há muito tempo estamos buscando realizá-lo. Hoje, todos os tipos de pessoas frequentam as casas, desde aquelas com nível superior até as que possuem apenas o ensino fundamental, trabalhadores com carteira assinada, autônomos, concursados, advogados, médicos, professores, entre outros. O cenário atual é muito diverso e estamos em busca de mapear essas casas e as comunidades ao redor, assim como as pessoas que frequentam a religião”, ressaltou Maria.
Apesar do levantamento apresentar um número considerável de casas de religião de matriz africana na capital, o Centro de Cultura e Pesquisa Alámòjú acredita que existem outras vertentes ainda a serem conhecidas, a exemplo do Povo Efon, Quimbanda, Ifá, entre outras. Por esse motivo, o projeto conta com a colaboração da população para contribuir com esse levantamento e solicita que qualquer pessoa que saiba da existência de alguma casa, terreiro ou templo de religião de matriz africana em Rio Branco, entre em contato através do Instagram.
O projeto é financiado pelo Fundo Municipal de Cultura na área de Patrimônio da Fundação de Cultura Garibaldi Brasil (FGB) e conta a produção executiva de Nathânia Oliveira, assistência de produção de Gigliane Oliveira, participação da assistente social Elinde Vasconcelos, pesquisadores Anderson Borges e Célio Gomes, assistência de pesquisa de Clicia Dourado e a orientação da professora doutora Marisol Brandt, para o desenvolvimento das propostas.
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