Entre paredes de pau a pique e objetos antigos, famílias no interior paulista preservam as raízes e revivem o dia a dia simples da roça. Propriedades guardam um pouco da história da zona rural
Reprodução/TV TEM
O som da natureza no campo, a fumaça da chaminé, o cantar do galo e o orvalho no capim são memórias que trazem momentos deliciosos vividos por duas famílias no interior de São Paulo. Mesmo com o avanço da tecnologia e da modernidade, as coisas simples da roça ainda despertam no coração.
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A construção de casas de pau a pique foi uma técnica usada à base de barro, madeira e cipó. Uma das pessoas que busca manter viva essa lembrança é Eduardo Costa, morador da cidade de Santo Antônio do Aracanguá (SP). A casa à base de barro proporciona a ele a lembrança de uma época gostosa vivida com a sua mãe quando era criança.
“É uma coisa que a gente viveu no passado. Eu sempre gostei de agradar minha finada mãe, sempre gostei de relembrar coisas antigas, e veio na cabeça. Eu perdi minha mãe já vai fazer 30 anos, mas a memória nunca apaga da cabeça da gente,” diz.
A construção da casa de pau a pique é uma verdadeira obra de arte; cada detalhezinho é minuciosamente trabalhado. É preciso muita técnica para o reboque, já que a única massa utilizada é o barro, e a mão é a principal ferramenta usada.
Para manter a originalidade do local, Eduardo preserva peças originais, como estante, panelas de ferro, torrador de café, moringa de barro usada para levar água fresca na roça e ainda o ferro de passar roupa, que era aquecido com as brasas do fogão a lenha.
Pensando em preservar o passado para garantir a história para as gerações futuras, uma família da cidade de Piacatu (SP) também guarda verdadeiras relíquias de um tempo que não volta mais.
As lembranças da roça e do tempo em que os pais tiravam do chão o sustento são mantidas pelos irmãos Vendrame, que guardam peças que contam um pouco da vida que se assemelha a muitos capiaus. Entre essas peças estão a máquina manual de plantar, o serrote traçador, o descascador de amendoim e a charrete com roda de madeira. Tudo isso é preservado e revivido a cada olhar dos irmãos.
A casa onde os 11 irmãos Vendrame foram criados ainda mantém os traços de uma família cabocla, que rasgou a terra para o sustento. Algumas mudanças foram necessárias, mas o piso onde os pés dos trabalhadores pisaram na década de 1940 ainda permanece o mesmo, formando um bonito mosaico, assim como o guarda-roupas e tantos outros objetos.
Luca Vendrame, um dos 11 irmãos, comenta que a modernização desconstrói a identidade. “Você moderniza, mas acaba com aquela história.” Uma história centenária foi construída, e a preservação é a principal maneira de manter viva a memória. “É uma história que você tem que preservar para as pessoas verem o valor, quanto trabalho foi necessário para chegar nisso,” concluiu.
Veja a reportagem exibida no programa em 23/06/2024:
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