“Ela se jogou da janela do quinto andar. Nada é fácil de entender”. Este é um trecho da canção “Pais e Filhos”, do grupo musical Legião Urbana, que nos faz pensar sobre um tema nada confortável: o suicídio.
Quando ouvimos alguma história sobre alguém que tirou a própria vida, seja alguém próximo a nós ou não, a pergunta que invariavelmente surge é: por quê? Talvez como uma forma de buscarmos uma justificativa para diminuir nossa perplexidade diante de um ato tão extremo.
Falar sobre suicídio é um desafio. É um tema complexo, carregado de muitos tabus e estigmas. No entanto, abrir o diálogo é crucial, pois nos ajuda a identificar sinais de alerta de ideação suicida, como mudanças de comportamento, em pessoas que possam estar em risco.
Um pedido de ajuda pode se manifestar de várias formas. Não desconsidere frases de alerta que podem indicar a intenção de cometer suicídio como “Eu sou um peso para os outros”, “Quero sumir deste mundo”, “Não aguento mais esta vida”. Além disso, comportamentos autodestrutivos como automutilação, uso abusivo de álcool e outras drogas, isolamento social e a falta de sentido para a vida são sinais importantes. Estes sinais não podem ser banalizados ou reduzidos a expressões do tipo “só quer chamar atenção” ou “quem quer se matar não fica falando”. O sentimento de desamparo pode contribuir para a decisão de cometer suicídio em momentos de vulnerabilidade psicológica.
O suicídio é frequentemente uma busca desesperada por alívio de um sofrimento insuportável. Vários fatores podem contribuir para este sofrimento, incluindo transtornos de humor, decepções amorosas, questões socioeconômicas desfavoráveis, dificuldades familiares, transtornos de personalidade e abuso de substâncias químicas. Além disso, as exigências sociais de sucesso pessoal, profissional ou afetivo podem levar algumas pessoas a sentir que devem corresponder às expectativas irreais, sem respeitar os próprios limites, resultando em um autoconceito negativo e sentimentos de inadequação que impactam negativamente a saúde mental.
Cada vida é valiosa. Falar sobre suicídio é abrir espaço para acolher e compreender o outro, incentivando a expressão dos sentimentos sem julgamentos. A psicoterapia oferece um espaço fundamental para que as pessoas possam expressar suas dores e encontrar formas saudáveis de lidar com as mesmas.
Se desejamos uma sociedade mais solidária e empática, a responsabilidade de falar sobre suicídio é coletiva. Cada conversa pode fazer a diferença. O silêncio não é uma opção. Créditos: Joselene L. Alvim- psicológa