12 de janeiro de 2025

‘Quando vejo um pôr do sol colorido, imagino que ela esteja escolhendo as cores’, diz viúvo de vítima da enchente no RS

Carolina Silveira Lopes era fotógrafa e morreu em um deslizamento de terra, em Veranópolis. Ela deixou o marido e uma filha de cinco anos. Estado soma 172 mortes decorrentes da enchente. Carolina Lopes e Robson Pedruzzi formavam um casal desde 2020
Arquivo pessoal
É com a história de uma vida marcada por alegria, fé e altruísmo, que o viúvo de Carolina Silveira Lopes, Robson Pedruzzi, vai lembrar do “grande amor da sua vida”, como ele mesmo define. Agora, o vendedor de 28 anos precisa lidar com o vazio que a perda de sua esposa, vítima da enchente que assolou o Rio Grande do Sul, deixou na sua vida e na de Maria Clara, filha do casal de apenas cinco anos de idade.
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“Todos os dias que vejo um pôr do sol bonito, colorido, como ela gostava, eu imagino que ela esteja escolhendo as cores, porque ela era fotógrafa e gostava das cores”, diz Robson.
Carol era apaixonada por fotografia e por passar tempo de qualidade com a família e amigos. Para ela, era um prazer contar a história dos clientes por meio das lentes da câmera.
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“Ela amava registrar os momentos das famílias, dos casamentos, dos sacramentos. Ela era apaixonada por fazer isso. Ela era apaixonada pelo trabalho dela”, conta o vendedor.
A fotógrafa, que morava com a família em Porto Alegre, estava em uma viagem para Passo Fundo a trabalho, mas precisou parar em Carlos Barbosa devido as circunstâncias das estradas.
No dia seguinte, 1º de maio, decidiu voltar para a Capital. No entanto, precisou fazer mais uma parada, dessa vez no Restaurante e Pousada Colao, no município de Veranópolis, na Serra do Rio Grande do Sul, onde foi vítima de um desmoronamento.
“A perda da Carol é muito difícil, está sendo uma perda muito dolorida, é muito além do que eu consigo explicar”, lamenta Robson.
Carol, vítima da enchente em Veranópolis, era fotógrafa
Arquivo pessoal
Robson descreve a dor da perda “como se fosse um buraco que vou ter que, de alguma forma, tornar ele bonito e florido pela minha filha e por mim”.
Carol era conhecida por sua natureza expansiva e por fazer os outros se sentirem bem, e segundo o viúvo, estranharia encontrar agora uma “casa mais silenciosa, triste e abatida”.
“A Carol era aquela pessoa que quando chega no local, a gente sabe que chegou. Aquela pessoa expansiva, que conversa com todo mundo, extremamente sociável, fazia piada com tudo. Era uma pessoa extremamente alegre, feliz, abraçava, conversava”, conta o marido.
A família, composta pelo casal, Maria Clara, e a cachorrinha Chuleta, era intensa e cheia de vida. O casal estava na “melhor fase da vida”, alinhando planos e planejando mais filhos, lembra o marido.
Carol e Robson estavam construindo a vida em Porto Alegre
Arquivo pessoal
A filha Maria Clara está, aos poucos, entendendo a perda da mãe com a ajuda de terapia infantil e o apoio constante da família e amigos.
Segundo Robson, contar para Maria que a mãe partiu foi “a conversa mais difícil” que já teve na vida. O pai, católico, falou para a filha sobre a esperança no céu e explicou que a mãe foi brincar com Santa Terezinha. Ele conta que, em um primeiro momento Maria Clara chorou, mas depois foi fazer um cartaz para a mãe.
“Se para a gente dói, imagina para ela que tem só cinco anos”, diz o pai.
A tragédia: 172 mortos
Os temporais que atingiram o Rio Grande do Sul no mês de maio já deixaram 172 mortos, segundo boletim divulgado pela Defesa Civil na quarta-feira (5). Além de Carol, outras quatro pessoas morreram em Veranópolis. O estado ainda contabiliza 42 desaparecidos e 806 feridos.
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