Mais de 250 pessoas estão fora de casa, lidando com perdas e tentativas de recomeçar. Segundo a Jaguar Mining, empresa responsável pela mina, o Comando Unificado de Operações definiu que o acesso à comunidade de Casquilho de Cima não está autorizado por tempo indeterminado. Deslizamento de pilha de rejeitos em mina em Conceição do Pará
Michele Carvalho/TV Integração
Já faz quase um mês do deslizamento de rejeitos na mina Turmalina, localizada no povoado de Casquilho, em Conceição do Pará. Desde então, mais de 250 pessoas precisaram deixar as casas e foram realocadas.
O primeiro deslizamento ocorreu no dia 7 de dezembro. Quatro dias depois, houve um novo deslizamento na parte superior da pilha de rejeitos.
Em nota ao g1, no dia 3 de janeiro, a Jaguar Mining, empresa responsável pela mina, informou que todas as pessoas cadastradas foram encaminhadas para hotéis e para imóveis alugados pela empresa. “Pelo tempo que perdurar a situação, a empresa prestará todo o auxílio às famílias realocadas”, ressaltou.
Ainda conforme a nota, por segurança, o Comando Unificado de Operações definiu que o acesso à comunidade de Casquilho de Cima não está autorizado por tempo indeterminado.
“Esse mesmo Comando Unificado está estudando alternativas para conceder acesso às pessoas realocadas aos seus imóveis, para retirada de itens pessoais, para que seja de forma segura, ordenada e controlada à área interditada”, informou a Jaguar Mining.
As atividades da empresa em Conceição do Pará estão suspensas, conforme determinação da Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad-MG) e da Agência Nacional de Mineração (ANM).
A Jaguar Mining informou que, poucas horas após o deslizamento, instalou georradares para monitorar o local. “Também foram concluídas obras emergenciais de contenção da pilha de rejeitos/estéril, que incluíram a construção de um dique de contenção e de estruturas para a retenção de sedimentos de águas pluviais”, explicou a empresa em nota.
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Relatos de moradores
Deslizamento de pilha de rejeitos em mina em Conceição do Pará
Bruno/Agência Combine
Uma das moradoras que teve que sair de casa foi Marciana da Costa Dias. Na oportunidade, ela afirmou que quando o alerta foi emitido, apenas saiu de casa como estava, só conseguindo voltar horas depois para salvar alguns pertences.
“Perdi tudo. Perdi minha casa, meus móveis, 20 anos da minha vida. Tiramos só a geladeira, o fogão e umas roupas, mais nada. Não vou mais ver coisas que levei uma vida inteira para construir”, disse a dona de casa.
A saudade dos amigos, da rotina e da comunidade de Casquilho é o que pesa mais a cada dia para o pedreiro Zé Ricardo, que morou na região por mais de 50 anos.
“A gente perde tudo, os amigos, tudo. Eu moro lá desde criança e para a gente não voltar lá por causa disso é ruim, porque todo mundo é conhecido de todos, todo mundo é amigo de todos, e quase todos são parentes”, disse o pedreiro ao g1 nesta semana.
O impacto do desastre se reflete também na fragmentação da comunidade. Muitos moradores foram acolhidos em diferentes cidades, como Pitangui e Onça de Pitangui, ou em outros bairros da região.
“A comunidade acabou. Casquilho, como era, não existe mais. E com ele, muitos sonhos e laços que eram a base de uma vida simples, mas cheia de significado”, desabafou Zé.
Conforme divulgado pela empresa em 15 de dezembro, no total, 255 pessoas, de 97 famílias, foram realocadas. O número de imóveis desocupados é de 162 edificações, sendo sete atingidos pelo deslizamento. Foram 889 animais resgatados.
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g1
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