4 de fevereiro de 2025

Queda do dólar e safra ‘muito forte’ ajudam a conter inflação de alimentos, diz Haddad

Banco Central informou mais cedo que os preços dos alimentos se ‘elevaram de forma significativa’ e concluiu que esse aumento tende a se ‘propagar’ para o médio prazo, ou seja, próximos meses. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, avaliou nesta terça-feira (4) que a queda recente do dólar e a expectativa de uma safra “muito forte” neste ano devem ajudar a conter o aumento dos preços dos alimentos.
Mais cedo, por meio da ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), o Banco Central afirmou que os preços de alimentos se “elevaram de forma significativa” e concluiu que esse aumento tende a se “propagar” (difundir) no médio prazo, ou seja, para os próximos meses.
A alta dos alimentos, de acordo com a instituição, ocorreu em função de fatores como a estiagem observada ao longo do ano e a elevação de preços de carnes, também afetada pelo ciclo do boi.
“O dólar estava R$ 6,10, e está em R$ 5,80. Isso já ajuda muito, porque essa escapada que deu… Com ação do Banco Central e com a ação do Ministério da Fazenda, essas variáveis macroeconômicas se acomodam em outro patamar e isso, certamente, para favorecer. E eu estou muito confiante de que a safra desse ano, por todos os relatos que eu tenho tido do pessoal do agro, vai ser uma safra muito forte. Isso também vai ajudar”, declarou o ministro Haddad a jornalistas.
BC diz que alta dos alimentos vai se propagar pela economia
O aumento dos preços dos alimentos tem sido um ponto de preocupação no governo federal desde o começo do ano passado, quando pesquisas de opinião identificaram que o custo nos supermercados estava impactando negativamente na avaliação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Em janeiro, Lula convocou ministros da área para uma reunião, que durou cerca de 4 horas, para debater possíveis ações governamentais que possam contribuir com a queda no preço dos alimentos no país.
Na última semana, após encontro com a equipe econômica, os ministros da Agricultura, Carlos Fávaro, e do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira, descartaram que o governo possa adotar medidas não usuais para conter os preços dos alimentos no Brasil.
Descumprimento da meta de inflação
Sobre a possibilidade de novo descumprimento da meta de inflação em junho deste ano, também apontada na ata do Copom, Haddad avaliou que o novo formato do sistema de metas, que passou a ser “contínuo” desde o início de 2025, faz com que o Banco Central possa apresentar um plano de trabalho consistente para trazer a inflação pra meta “com mais racionalidade”.
“A meta contínua permite uma melhor acomodação e eu penso que o BC vai ter vai ter tempo de analisar o patamar de juro restritivo que ele vai manter, e por quanto tempo, para conseguir esse objetivo [de trazer a inflação de volta às metas]”, acrescentou o ministro Haddad.
Segundo o ministro da Fazenda, o pacote de corte de gastos, apresentado pelo governo e aprovado pelo Congresso no fim do ano passado, representou uma contenção de R$ 30 bilhões em 2025. “Isso foi constatado, inclusive, por técnicos do relator do orçamento”, acrescentou.
No ano passado, a meta já foi descumprida. Com o estouro, o presidente do BC, Gabriel Galípolo, enviou carta ao ministro Haddad na semana passada, explicando que isso foi causado pela forte atividade econômica, queda do real e extremos climáticos.
Projeção de inflação piora pela 15 semana seguida
Desde o início de 2025, com o início do sistema de meta contínua, o objetivo é de 3% – e será considerado cumprido se a inflação oscilar entre 1,5% e 4,5%.
No regime de meta contínua, se a inflação ficar fora do intervalo de tolerância por seis meses consecutivos, a meta é considerada descumprida.
Caso a meta de inflação não seja atingida, o BC terá de escrever e enviar uma carta pública ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad, explicando os motivos.
Essa carta devem trazer uma “descrição detalhada das causas do descumprimento, as medidas necessárias para assegurar o retorno da inflação aos limites estabelecidos e o prazo esperado para que as medidas produzam efeito”.
Segundo o BC, uma nova comunicação será feita “somente no caso de a inflação não retornar ao intervalo da meta dentro prazo estipulado ou se o BC julgar necessário atualizar as providências ou o prazo esperado para a volta da inflação ao intervalo de tolerância”.
Reforma tributária
Após o presidente Lula vetar a isenção dos impostos sobre o consumo em fundos imobiliários e aos Fiagros, estes últimos vinculados ao agronegócio, o ministro Haddad informou que será enviada uma nova alteração ao Legislativo para que essa questão seja “harmonizada” com a Constituição Federal.
“O veto se deveu ao fato de que havia uma desarmonia entre o texto da lei complementar e da emenda constitucional, e nós encontramos uma solução de harmonizar o que, segundo relatos dos interessados, contempla os dois setores [fundos de investimentos e Fiagros]”, declarou.
Essa mudança poderá ser feita, segundo ele, por uma emenda na lei complementar que ainda está tramitando no Congresso (relativa ao Comitê Gestor dos novos impostos sobre o consumo), ou por meio do envio de uma nova lei complementar.
“É o que é que lá na redação ficou uma coisa híbrida, ele é contribuinte para algumas coisas e não é para outras. Isso aí é que gerou a controvérsia jurídica. Então se nós estabelecemos qual vai ser o critério em qualquer caso, harmoniza com a constituição e supera a questão do veto”, concluiu Haddad.

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