Corpo de Bombeiros de São Sebastião do Paraíso registrou um aumento de mais 167% de queimadas em vegetação no comparativo do primeiro semestre deste ano com o mesmo período de 2023. Queimadas destroem plantações durante período de estiagem no Sul de MG; entenda impactos
O Corpo de Bombeiros de São Sebastião do Paraíso registrou um aumento de mais 167% de queimadas em vegetação no comparativo do primeiro semestre deste ano com o mesmo período de 2023. Em alguns desses casos, as chamas destruíram até mesmo lavouras.
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Cinco hectares desta lavoura de café no distrito de Guardinha, em São Sebastião do Paraíso, foram consumidos pelo fogo. Em algumas imagens registradas, foi possível ver a altura das chamas em uma mata que fica próxima ao cafezal. Em menos de uma hora, o incêndio chegou à produção.
Queimadas destroem plantações durante período de estiagem em São Sebastião do Paraíso, MG
Reprodução / EPTV
“Um primo chegou em casa nos chamando, correndo, por volta das duas e meia da tarde, de sábado. Falou que estava pegando fogo no vizinho, do outro lado do rio. E viemos correndo, tentando conter esse fogo de alguma maneira. No começo, a gente ainda tentou com o trator fazer um aceiro. Mas infelizmente, aqui a hora que chegou no café, a gente não fez mais nada. Porque viu que era impossível tentar apagar esse fogo”, contou a produtora rural Rita Lataro.
Essa era uma lavoura de dez anos que estava pronta para o período da rebrota. No dia 21 de agosto, as plantas haviam sido podadas para que pudessem voltar a produzir mais daqui a dois anos.
Mas com o fogo, os troncos agora estão completamente secos, sem vida. A Rita ainda vai avaliar o comportamento da planta, mas acredita que os 10 mil pés de café queimados terão de ser retirados.
“Tem toco que não tem vida e esse já tá, vai ter que fazer uma replanta aí nesse local”, completou a produtora rural.
Queimadas destroem plantações durante período de estiagem em São Sebastião do Paraíso, MG
Reprodução / EPTV
No fim do mês passado, um incêndio que começou em Santo Antônio da Alegria, interior paulista, ultrapassou o estado e queimou grandes áreas rurais nas regiões da Guardinha e Faxina, em São Sebastião do Paraíso. O fogo só foi controlado três dias depois.
Um levantamento do Corpo de Bombeiros de São Sebastião do Paraíso apontou um aumento de 167,21% de queimadas em vegetação. Foram 102 focos de incêndio a mais nos sete primeiros meses deste ano com relação ao mesmo período do ano passado.
Veja os números, segundo os dados dos bombeiros:
Queimadas registradas no período de janeiro a julho
“A gente tem registrado aqui em São Sebastião do Paraíso incêndios que se iniciaram em vegetação e acabaram atingindo aí depósitos de materiais recicláveis, entendeu? Não foi uma ou duas ocorrências que aconteceu isso, são várias e infelizmente a gente tem observado que a maioria dos incêndios florestais que se iniciam, incêndios em vegetação, infelizmente é causado pela ação humana, de forma intencional. A gente tem registrado aí principalmente às margens da rodovia, três, quatro focos de incêndio simultaneamente na mesma rodovia”, disse Hebert Henrique Divino, sargento do Corpo de Bombeiros de São Sebastião do Paraíso.
A região de São Sebastião do Paraíso foi bastante afetada pelo fogo. E as perdas, infelizmente, chegaram a várias culturas. Em uma propriedade, em Jacuí, 200 pés de abacate foram queimados. O fogo começou às margens da BR-265, e mesmo com esse aceiro, ventava muito naquele dia, e as chamas chegaram aos abacateiros. As plantas estavam carregadas, prontas para colheita. Para este ano, o prejuízo foi estimado em R$ 80 mil reais.
Queimadas destroem plantações durante período de estiagem em São Sebastião do Paraíso, MG
Reprodução / EPTV
“Os abacates, a maior parte dos pés queimados, a gente perdeu essa colheita. Na verdade, a gente acabou colhendo o abacate queimado e nós mandamos para a indústria de azeite de abacate para tentar aproveitar, não sei ainda se vai ser possível pelos danos ocorridos, mas a gente perdeu a produção desse ano em torno de mil caixas no pé e perdemos também a florada que já estava vindo, já estava, foi queimada a florada do ano que vem ”, contou o produtor rural e engenheiro agrônomo, Carlos Alberto Pinto Gonçalves.
Para recuperar os dois hectares que foram queimados vai levar tempo. Pelo menos mais dois anos para que a planta volte a produzir. Com isso, as próximas safras ficarão comprometidas.
“Nesse porte que eles já estão, ele não precisa nem ser podado, ele vai se brotar na onde a planta desejar, der certo e ele vai se restabelecer sozinho. Só que nós vamos ter que ter cuidado, alguns cuidados, torcer pra chover rápido, para essa recuperação começar mais rápido e nós vamos ter que fazer os tratos culturais adequados para ele se restabeleça”, finalizou o produtor rural.
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