28 de dezembro de 2024

Queimadas urbanas, altas temperaturas e tempo seco deixam cidade coberta de fumaça no Pará

Índice de focos de incêndio dobraram no Pará em 2024 em relação ao mesmo período de 2023. Queimadas na região de Marabá combinadas a tempo seco deixam cidade cheia de fumaça
TV Liberal/Reprodução
Moradores do município de Marabá, sudeste do Pará, enfrentam consequências prejudiciais à saúde devido o aumento de queimadas urbanas na cidade nesta época do ano. Em diversos pontos, fumaças densas cobrem os céus dos bairros, como a que foi registrada na manhã da última segunda-feira (5), dificultando o dia a dia de quem reside na localidade.
Somente no mês de julho deste ano, a Defesa Civil Municipal atendeu 49 ocorrências de queimadas nas zonas rural e urbana da cidade.
“A estiagem este ano está sendo muito maior, com temperaturas muito altas. Nesses últimos 20 dias, foram feitos três atendimentos de queimadas só em aldeias indígenas”, afirma o coordenador da Defesa Civil, Marlivon Andrade.
De acordo com um levantamento do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, foram registrados mais de 3.800 focos de incêndio no Pará, de janeiro a agosto de 2023.
Este ano, mais de 6.500 queimadas foram detectadas no mesmo período, quase o dobro de ocorrências.
Período de Janeiro a Agosto
2023: 3.809 Focos de incêndio no Pará
2024: 6.547 Focos de incêndio no Pará
O porta-voz da Defesa Civil afirma que entre as maiores causas está a queima incorreta de terrenos para plantios. Com as gramas desidratadas, há maior facilidade para a propagação do fogo.
Queimadas afetam a saúde dos moradores
Município de Marabá registra aumento nos focos de incêndio
Para quem trabalha nas ruas, a situação fica ainda mais complicada. Um exemplo é o caso do Osmar, que é Gari e atua na limpeza das ruas da cidade. Segundo o profissional, a presença da fumaça e o forte cheiro de queimado tem tornado o expediente mais difícil, ainda mais por ele ser asmático e ter problemas de visão.
“Eu costumo entrar em lugares que possuem ar-condicionado, já que não tem fumaça. Essa situação está poluindo tudo por aqui. Já é difícil de enxergar, então desse jeito a gente fica cego”, relata o agente de conservação, que ressalta sobre o aumento de tosses que têm sentido por conta da fumaça.
Os mais afetados, segundo o médico Thiago Aquino, são as crianças e os idosos, em especial os que já possuem problemas respiratórios, o que tem levado ao aumento de pacientes a procura de atendimento médico para tratar de problemas relacionados ao problema.
“Essas condições respiratórias podem estar se agravando nessa época devido as queimadas. Com a inalação involuntária de fumaça, o indivíduo vai ter o seu desempenho respiratório prejudicado, causando o aumento da frequência cardíaca e outras alterações fisiológicas do corpo”, explica.
Os incêndios ilegais são considerados crimes ambientais e podem gerar pagamento de multa que varia de R$ 50 a R$ 50 milhões, com pena de até quatro anos de prisão, segundo a Secretária Interina da Secretaria Municipal de Meio Ambiente, Thamires Oliveira.
“A gente vem pedindo que a população evite fazer queimadas não somente pelas penalidades, mas para melhorar a qualidade de vida das pessoas”, relata.
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