Índice de focos de incêndio dobraram no Pará em 2024 em relação ao mesmo período de 2023. Queimadas na região de Marabá combinadas a tempo seco deixam cidade cheia de fumaça
TV Liberal/Reprodução
Moradores do município de Marabá, sudeste do Pará, enfrentam consequências prejudiciais à saúde devido o aumento de queimadas urbanas na cidade nesta época do ano. Em diversos pontos, fumaças densas cobrem os céus dos bairros, como a que foi registrada na manhã da última segunda-feira (5), dificultando o dia a dia de quem reside na localidade.
Somente no mês de julho deste ano, a Defesa Civil Municipal atendeu 49 ocorrências de queimadas nas zonas rural e urbana da cidade.
“A estiagem este ano está sendo muito maior, com temperaturas muito altas. Nesses últimos 20 dias, foram feitos três atendimentos de queimadas só em aldeias indígenas”, afirma o coordenador da Defesa Civil, Marlivon Andrade.
De acordo com um levantamento do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, foram registrados mais de 3.800 focos de incêndio no Pará, de janeiro a agosto de 2023.
Este ano, mais de 6.500 queimadas foram detectadas no mesmo período, quase o dobro de ocorrências.
Período de Janeiro a Agosto
2023: 3.809 Focos de incêndio no Pará
2024: 6.547 Focos de incêndio no Pará
O porta-voz da Defesa Civil afirma que entre as maiores causas está a queima incorreta de terrenos para plantios. Com as gramas desidratadas, há maior facilidade para a propagação do fogo.
Queimadas afetam a saúde dos moradores
Município de Marabá registra aumento nos focos de incêndio
Para quem trabalha nas ruas, a situação fica ainda mais complicada. Um exemplo é o caso do Osmar, que é Gari e atua na limpeza das ruas da cidade. Segundo o profissional, a presença da fumaça e o forte cheiro de queimado tem tornado o expediente mais difícil, ainda mais por ele ser asmático e ter problemas de visão.
“Eu costumo entrar em lugares que possuem ar-condicionado, já que não tem fumaça. Essa situação está poluindo tudo por aqui. Já é difícil de enxergar, então desse jeito a gente fica cego”, relata o agente de conservação, que ressalta sobre o aumento de tosses que têm sentido por conta da fumaça.
Os mais afetados, segundo o médico Thiago Aquino, são as crianças e os idosos, em especial os que já possuem problemas respiratórios, o que tem levado ao aumento de pacientes a procura de atendimento médico para tratar de problemas relacionados ao problema.
“Essas condições respiratórias podem estar se agravando nessa época devido as queimadas. Com a inalação involuntária de fumaça, o indivíduo vai ter o seu desempenho respiratório prejudicado, causando o aumento da frequência cardíaca e outras alterações fisiológicas do corpo”, explica.
Os incêndios ilegais são considerados crimes ambientais e podem gerar pagamento de multa que varia de R$ 50 a R$ 50 milhões, com pena de até quatro anos de prisão, segundo a Secretária Interina da Secretaria Municipal de Meio Ambiente, Thamires Oliveira.
“A gente vem pedindo que a população evite fazer queimadas não somente pelas penalidades, mas para melhorar a qualidade de vida das pessoas”, relata.
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