13 de novembro de 2024

Quem era o delator do PCC executado a tiros no Aeroporto Internacional de SP


Vinicius Lopes Gritzbach prestou depoimentos ao Ministério Público nos últimos 6 meses. Ele era acusado de ter mandado matar um dos integrantes do PCC e seu motorista em 2021. Polícia Militar afasta policiais que serviam de segurança para empresário executado no Aeroporto de Guarulhos
Vinicius Lopes Gritzbach, executado a tiros no Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos, na sexta-feira (8) entregou esquemas criminosos do PCC (Primeiro Comando da Capital) e de corrupção policial em depoimentos dados ao Ministério Público de São Paulo nos últimos meses.
Gritzbach era réu em processo por lavagem de dinheiro da facção criminosa. Ele teria atuado para lavar R$ 30 milhões em dinheiro proveniente do tráfico de drogas. Segundo fontes da Polícia Federal, a maior parte dessas operações de lavagem foi feita com a compra e venda de imóveis e postos de gasolina.
Em seus depoimentos, o homem entregou esquemas do PCC, deu pistas de ilícitos cometidos pela facção e prometia entregar mais informações. Por isso, a suspeita principal no momento é de seu assassinato é uma queima de arquivo motivada por vingança.
Ainda segundo as investigações, Vinicius chegou a ter influência em células do PCC, como participação no tribunal do crime — quando se avalia se um integrante deve ou não ser assassinado por deslealdade à facção.
Inicialmente, Vinicius era corretor de imóveis no Tatuapé, Zona Leste de São Paulo. Anos atrás ele passou a fazer negócios com Anselmo Bicheli Santa Fausta, conhecido como Cara Preta. Ele movimentava milhões de reais comprando e vendendo droga e armas para o PCC.
Cara Preta gostava de investir o dinheiro do crime em imóveis, mas tinha um problema: não podia comprar em seu nome, para não chamar a atenção das autoridades. Foi Vinicius que apareceu com a solução. Além de conseguir imóveis de alto padrão, o corretor ainda providenciava os “laranjas”, que emprestavam o nome para que Santa Fausta adquirisse os imóveis.
Há uns 5 anos, Vinícius ofereceu outro negócio a Santa Fausta: criptomoedas. De olho na suposta rentabilidade da aplicação, Santa Fausta teria dado R$ 200 milhões para Vinícius investir. Até que, em 2021, Santa Fausta queria parte do dinheiro para investir na construção de um prédio e Vinícius teria começado a dar desculpas para não entregar os valores. Os dois tiveram uma discussão feia, segundo testemunhas.
Dias depois, Santa Fausta e o motorista dele foram assassinados numa emboscada no Tatuapé. Segundo o Ministério Público, Vinicius foi o mandante do crime. Ele teria mandado matar Santa Fausta pra não ter de devolver o dinheiro.
Vinicius Lopes Gritzbach, que foi executado no Aeroporto Internacional de SP.
Divulgação
Como a execução aconteceu
O ataque ocorreu por volta de 16h de sexta-feira. Vinícius voltava de Maceió (AL) acompanhado da namorada e foi surpreendido quando deixou o Terminal 2 do aeroporto.
Além dele, um motorista de aplicativo foi atingido pelos tiros e morreu no sábado (9) no Hospital de Guarulhos. Outro motorista de aplicativo e uma mulher que estava na calçada do terminal também ficaram feridos.
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Gritzbach chegou a ser atendido pelo Corpo de Bombeiros, mas não resistiu aos ferimentos. Os tiros de fuzil calibre 765 partiram de dois homens dentro de um veículo modelo Gol, cor preta.
Um dos seguranças estava com o filho de Vinícius, que chegou sozinho ao aeroporto. Segundo as investigações, o empresário tinha quatro seguranças, todos policiais militares de São Paulo. Eles foram identificados e serão interrogados, a princípio, na delegacia do aeroporto de Cumbica, além de terem os seus celulares apreendidos.
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Arquivo pessoal
A namorada do Vinicius foi embora antes da chegada da polícia, mas os investigadores já a identificaram e estão a levando para o DHPP (Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa), no Centro de São Paulo.
Pessoas próximas a Vinicius disseram informalmente aos investigadores que ele tinha conhecimento que desafetos sabiam da colaboração junto ao MP. O empresário temia pela própria vida, eles contaram.
Os quatro seguranças estavam em um carro a caminho do aeroporto, mas o veículo quebrou no caminho. Um dos homens seguiu com o filho do empresário para o Terminal 2, enquanto os outros ficaram no veículo em um posto de gasolina. Essa versão é questionada pela polícia e os policiais militares, que atuavam como seguranças, foram afastados.
Também houve um outro tiroteio perto do Hotel Pullman, nas imediações do aeroporto.
Local do atentado no Aeroporto Internacional de SP, em Guarulhos
Arte/g1

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