4 de março de 2025

Quem foi Affonso Romano de Sant’Anna, poeta que marcou a popularização da leitura no Brasil


Escritor, cronista, ensaísta e jornalista morreu nesta terça-feira (4), no Rio de Janeiro. Affonso Romano de Sant’Anna teve papel fundamental na popularização da poesia e na modernização da Biblioteca Nacional Escritor Affonso Romano de Sant’anna
Clarissa Barçante/ALMG
Morreu nesta terça-feira (4) o escritor mineiro Affonso Romano de Sant’anna em decorrência de Alzheimer. O poeta, cronista e ensaísta ficou conhecido pelo papel fundamental na popularização da leitura no Brasil.
Com uma produção literária extensa e influente, focou no engajamento social ao longo de sua carreira, tornando-se um dos nomes mais marcantes da literatura nacional. A obra “Que país é este?” virou um símbolo de mobilização popular.
“Fez tudo na vida para tornar a poesia popular e social. Era uma determinação na vida dele. Todos os livros tinham uma força ligada à sociedade brasileira; era um poeta da realidade brasileira”, define o jornalista e gestor cultural Afonso Borges, idealizador do “Sempre um Papo”, que contou com diversas participações de Affonso Romano de Sant’anna.
Nascido em Juiz de Fora e criado em Belo Horizonte, Sant’Anna começou a trabalhar ainda bem jovem para custear os estudos. Formou-se em Letras Neolatinas pela UFMG em 1961 e teve uma trajetória acadêmica sólida, lecionando em universidades brasileiras e estrangeiras.
Nos anos 1960, foi bolsista nos Estados Unidos, onde participou do International Writing Program, voltado para jovens escritores de todo o mundo.
Ao longo da carreira, tornou-se um dos principais poetas e cronistas do país, escrevendo semanalmente no Jornal do Brasil por mais de três décadas. Também colaborou com O Globo e participou de programas de TV, o que teve grande importância para a popularização da poesia no país.
“Foi uma das pessoas nessa geração que mais conseguiu popularizar a poesia, escrevendo em jornais por mais de trinta anos, assim como [Carlos] Drummond [de Andrade]. Fizeram o poema popular por ser popular, já que também eram sociais”, completou o jornalista.
Além da produção literária, Affonso Romano teve papel crucial na política cultural do país. Como presidente da Fundação Biblioteca Nacional, entre 1990 e 1996, modernizou a instituição, criou o Sistema Nacional de Bibliotecas e implementou o Programa de Promoção da Leitura (PROLER), de incentivo à leitura que mobilizou milhares de voluntários em todo o Brasil.
Também presidiu o Conselho do Centro Regional para o Fomento do Livro na América-Latina e no Caribe (CERLALC), que fomenta o livro e a leitura na América Latina.
Casado desde 1973 com a escritora Marina Colasanti, que também faleceu neste ano, Sant’Anna se inspirou na relação com ela em poesias de tom intimista.
Morava com a esposa e a filha, a atriz, roteirista e diretora Alessandra Colasanti no Rio de Janeiro , onde ele faleceu nesta quarta.
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