29 de dezembro de 2024

Relembre sequestros de ônibus que marcaram o Rio; o do 174 foi o último com morte de refém

Há 24 anos, caso no Jardim Botânico terminou em tragédia. Desde então, polícia libertou reféns em todas as ocorrências no estado. Em 2019, na Ponte, sequestrador foi morto por sniper. Veja outros casos de sequestro de ônibus no Rio de Janeiro
O sequestro a um ônibus na Rodoviária do Rio, com 16 reféns e 2 feridos, fez o carioca relembrar de outros casos marcantes na cidade, em especial dois: o do 174 e o da Ponte Rio-Niterói.
No caso ocorrido nessa terça-feira (12), o sequestrador se entregou após três horas. Duas pessoas foram baleadas no início do sequestro, antes da chegada da polícia. Após negociação, todos os reféns foram liberados com vida.
Segundo o jornalista Octávio Guedes informou na GloboNews, nenhuma ocorrência com reféns termina com um inocente morto há 24 anos, desde o sequestro do ônibus do 174 (relembre o caso abaixo).
“Atuação exemplar das forças de segurança”, postou o governador Cláudio Castro.
Ônibus 174
O sequestro do ônibus 174
O caso da linha 174 é um dos mais emblemáticos da história da cidade e virou até tema de filmes – ficção e documentário.
Sandro Barbosa do Nascimento, um dos sobreviventes da Chacina da Candelária, fez 10 reféns em um ônibus que havia acabado de sair da PUC-Rio e estava na Rua Jardim Botânico.
Após mais de quatro horas de negociação, com imagens exibidas ao vivo na televisão, o sequestrador aceitou sair do coletivo.
Quando ele descia, com uma arma apontada para a cabeça de uma das reféns, Geiza Gonçalves, um policial do Batalhão de Operações Especiais (Bope) atirou.
Na ação, Geiza foi baleada e morreu. Sandro ainda foi colocado em um carro da polícia com vida, mas chegou morto ao hospital. As investigações mostraram que ele foi asfixiado por PMs.
Ponte-Rio Niterói
Sequestro na Ponte Rio-Niterói termina com criminoso morto
O sequestro a um ônibus na Ponte Rio-Niterói durou cerca de três horas e meia em 2019. Trinta e sete pessoas foram feitas reféns, e seis delas chegaram a ser liberadas ao longo das negociações.
O sequestro foi anunciado por volta das 5h25 do dia 20 de agosto daquele ano. Pouco depois das 6h15, ele pediu que o ônibus fosse parado na Ponte Rio-Niterói.
O sequestro só terminou às 9h04, quando um atirador de precisão fez pelo menos seis disparos, que atingiram o sequestrador.
Na época, o então governador Wilson Witzel – que depois sofreu impeachment – foi até o local de helicóptero e desceu comemorando efusivamente o fim do sequestro (veja abaixo).
Witzel comemora ação que pôs fim a sequestro na Ponte Rio-Niterói
Reprodução/TV Globo
Copacabana
Em 2015, um homem fez uma passageira refém na linha 125 (Central – General Osório) na esquina da Avenida Nossa Senhora de Copacabana com a Rua Hilário de Gouveia. A mulher era uma técnica de enfermagem que saía de um plantão e seguia para casa.
Depois de 40 minutos, o homem, que não estava armado, se entregou. Ninguém se feriu.
Avenida Brasil
Em 2014, um criminoso fez reféns no ônibus da linha 723 (Mariópolis-Cascadura), interceptado pela polícia na Avenida Brasil, em frente ao Shopping Guadalupe, no Subúrbio.
Paulo Alberto Ferreira da Silva, de 33 anos, aparece em imagens armado com uma tesoura e rendeu motorista e uma jovem de 17 anos.
Após mais de duas horas de negociação com agentes do batalhão de Operações Especiais (Bope) da Polícia Militar, ele se entregou. Ninguém se feriu.
Presidente Vargas
Em 2011, outro sequestro a ônibus, desta vez na Avenida Presidente Vargas, no Centro. Passageiros ficaram reféns por cerca de uma hora.
Dois bandidos se entregaram e um deles carregava uma granada. Um terceiro sequestrador havia saído do ônibus mais cedo e trocou tiros com a polícia ao fugir.
Segundo a Secretaria Municipal de Saúde, quatro pessoas foram baleadas durante o assalto – antes da negociação: duas passageiras e um homem que estava dentro de um veículo que passava pelo local. Um policial foi ferido na perna.
Os 11 reféns saíram ilesos após a negociação.
Sequestros recentes
Em janeiro de 2024, casos de sequestros com dinâmicas parecidas aconteceram com ônibus que saíram de Angra dos Reis, no Sul Fluminense, e também de São Paulo.
O ônibus que saiu de Angra foi sequestrado no dia 3 de janeiro por três criminosos nas proximidades da Rodoviária do Rio. O crime aconteceu por volta das 22h na Avenida Francisco Bicalho, quando o veículo estava parado em um sinal.
Vítima de bandidos conta como foram os minutos de sequestros no ônibus e como eles agiram
O motorista e os passageiros só foram liberados na altura da Favela da Kelson’s, na Penha, na Zona Norte do Rio. As vítimas tiveram os pertences roubados, e os bandidos chegaram a atirar contra o teto do veículo para assustar os passageiros.
O caso foi registrado como roubo na 22ª DP (Penha) e transferido para a 17ª DP (São Cristóvão). Até esta terça-feira, não havia uma conclusão divulgada sobre as investigações do crime.
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Em outro caso, ocorrido no dia 2, os criminosos esperaram o ônibus que chegava de São Paulo parar em um sinal da Rua Francisco Bicalho, próximo à Rodoviária do Rio.
Cinco assaltantes ameaçaram o motorista e entraram no veículo com pelo menos 20 reféns. Eles roubaram todos os passageiros. Entre as vítimas estavam três turistas chineses, que perderam celulares, passaportes e R$ 2 mil em dinheiro.
Depois disso, os criminosos mandaram o motorista seguir com o ônibus para uma das entradas do Complexo da Maré, conjunto de favelas dominadas por facções criminosas. Os passageiros foram ameaçados pelos bandidos durante todo o trajeto.
Sindicato alertou para sequestros diários
Ônibus são sequestrados diariamente no Rio, diz sindicato; muitos são usados em barricadas
Em 2023, o Sindicato das Empresas de Transporte da Capital – a Rio Ônibus – afirmou que registrava veículos sequestrados por bandidos todos os dias. O objetivo seria utilizá-los para atravessar em pistas enquanto os suspeitos praticam assaltos e outros crimes.
Um motorista ouvido pelo RJ2 em março do ano passado contou que já tinha tido o coletivo que conduzia sequestrado mais de uma vez.
“Eu já passei por isso três vezes! O cara só mandou eu colocar o carro. Olha, eu quero que você bote o carro atravessado ali na praça . Ai, eu prontamente fui lá e botei o carro atravessado e esperei duas ou três horas para eles mandarem eu pegar o carro e levar o carro de volta”, contou um motorista.
“[Me senti] mal, muito mal, doente, enfraquecido, estonteado. É triste… inseguro”, contou o trabalhador.

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