22 de setembro de 2024

Represa de Caconde está com apenas 28% da capacidade; especialistas temem colapso no abastecimento de água

Estiagem prolongada pode gerar prejuízos ambientais, na economia local e no abastecimento de cidades como Ribeirão Preto e São José do Rio Preto. Represa de Caconde está apenas com 27% da sua capacidade
A represa Graminha em Caconde (SP) opera, no momento, com apenas com 27,74% da capacidade. O nível, um dos menores já registrados, afeta a fauna e o turismo da região.
Em alguns pontos a água recuou mais de 50 metros da margem original. O reservatório está muito abaixo do que deveria estar nesta época do ano. No mesmo período de 2023, a represa estava com 64,91% da capacidade.
📲 Participe do canal do g1 São Carlos e Araraquara no WhatsApp
Represa de Caconde está com menos de 30% da sua capacidade
Reprodução EPTV
As extensas faixas de areia causadas pela seca no entorno da represa afetam os animais que vivem nas matas próximas.
Há impactos também para a população que depende do abastecimento de água do Rio Pardo – como as São José do Rio Preto e Ribeirão Preto – e os que vivem do turismo e da produção de peixes. Segundo proprietários de pousadas, o movimento já diminuiu em 20%.
Mais notícias:
RELEMBRE: Ayrton Senna frequentou represa do Broa e pizzaria de São Carlos na década de 1980: ‘cara muito divertido’, diz amigo
CRIME: Polícia identifica homem encontrado decapitado em represa de São Carlos
SUSTO: Árvore cai e atinge carro no Centro de São Carlos; VEJA FOTOS
A represa de Caconde também é usada para a psicultura, com a criação de tilápias que são vendidas para diversos estados brasileiros. Mas esse comércio está comprometido porque a carne dos peixes está sendo considerada imprópria, por causa da qualidade da água que está sendo afetada pela grande quantidade de algas na represa.
Represa de Caconde está com menos de 30% da sua capacidade
Reprodução EPTV
Colapso
Segundo Luiz Carlos Pinto, membro do Comitê Bacias Hidrográficas Rio Pardo, uma das três usinas que operam na represa de Graminha está vertendo 32 m³ por segundo de água, o mínimo estabelecido, as a represa está recebendo apenas 6 m³, o que gera um déficit de 26m³. A situação pode gerar um colapso no abastecimento.
“Se isso continuar até final do ano, de acordo com previsões pessimistas, Caconde vai secar e afetará várias cidades. Pode prejudicar não só abastecimento público como a irrigação, o poço onde tiver peixes não vai ter mais oxigênio, gerando mortandade e vai gerar um impacto ambiental muito grande. Esperamos que a Agência Nacional de Água olhe com bons olhos essa situação de Caconde assim como todas as cidades que fazem parte da bacia do Rio Pardo”, disse.
Para Álvaro Fernando de Almeida, presidente da Associação para Proteção Ambiental de Caconde (APAC), o impacto já extrapolou a legalidade e deve ser contido com urgência.
“São muitos impactos e é altamente ilegal o que acontece, não poderiam permitir que continuasse dessa forma. Desde o final ano passado, já se recomendava que mantivessem as represas no maior volume possível. Há animais nas matas ao lado e eles sentem dificuldade em sair da mata para beber água e ficam restritos. Fora que a qualidade da água cai demais, e existem duas cidades no entorno que ainda jogam o esgoto in natura na represa. Quando ela está cheia não aparece, mas quando baixa em menos de 30% o esgoto começa a fermentar e produzir gases de efeito estufa e muda a qualidade da água, prejudicando extremamente as cidades”, disse.
Importância regional
Várias cidades do interior de São Paulo e também do sul de Minas Gerais dependem da represa, assim com usinas que utilizam a água para gerar energia por meio de hidrelétricas.
A Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA) disse que a capacidade da represa realmente está muito abaixo neste mês e que avalia a possibilidade de redução mínima do reservatório das usinas a partir de 1º de outubro.
“O próprio governo já fazia essa recomendação e não precisa ser muito inteligente para perceber que vai esvaziar a represa. Temos que evitar isso e respeitar a capacidade da bacia hidrográfica, não pode sair mais água do que chega, senão vai haver um colapso” , afirmou o presidente da APAC.
REVEJA VÍDEOS DA EPTV CENTRAL:
Veja mais notícias da região no g1 São Carlos e Araraquara
Veja mais notícias da região no g1 São Carlos e Araraquara

Mais Notícias