22 de setembro de 2024

Restaurantes e cafeterias do litoral de SP investem na alimentação plant-based e ganham o público pelo sabor; veja receita

Empresários que investem no ramo, geralmente veganos ou vegetarianos, comemoram o sucesso nos negócios e a disseminação da alimentação vegana. Chef de cozinha ensinou a fazer um estrogonofe de palmito. Restaurantes investem na alimentação plant-based e ganham o público pelo sabor
Os restaurantes plant-based, que servem pratos a base de plantas, têm se destacado em Santos, no litoral de São Paulo. A culinária sem produtos de origem animal tem atraído não apenas os veganos, mas também aqueles que querem provar novas texturas e sabores. Os empresários que investem no ramo, geralmente veganos ou vegetarianos, comemoram o sucesso nos negócios e a disseminação da alimentação que privilegia a saúde de cada um e também do planeta.
A culinária plant-based é uma dieta a base de vegetais. O termo foi apresentado pelo dr. T. Colin Campbell em 1980 para definir uma alimentação com baixo teor de gordura e alta quantidade de fibras vegetais. Os adeptos evitam produtos de origem animal e incluem mais vegetais nas refeições, se concentrando nos benefícios que esses alimentos trazem para a saúde.
De acordo com a empresa de pesquisa de mercado Future Market Insights, no Brasil, o mercado de produtos plant-based cresceu 42% em 2023. Uma pesquisa realizada pelo GFI Brasil em meados de 2022, com 2.500 pessoas das classes ABC em todas as regiões do país, concluiu que 67% dos brasileiros diminuíram o consumo de carne e que o público que consome as alternativas vegetais está cada vez mais preocupado com a saúde.
Os veganos, em sua maioria, consomem os produtos plant-based, o que engloba os alimentos naturais e integrais e os produtos criados pela indústria a base de vegetais.
Camila Brito, de Santos, é vegana e consome produtos plant-based
Alex Ferreira/g1
A coordenadora de vendas Camila Brito, de Santos, virou vegetariana em 2012, quando resolveu parar de consumir frango e carnes vermelhas. A decisão foi tomada por questões ligadas aos animais e ao meio ambiente. “Eu sempre fui muito ligada aos animais, sempre me considerei uma protetora de resgate, e isso me despertou algumas iniciativas para mudar a minha alimentação na época”
Seis anos depois, após presenciar movimentos a favor dos animais marinhos, também parou de consumir peixes. Na época, ela se considerava uma pessoa com paladar infantil, porque não consumia muitas verduras e legumes.
Aos poucos, ela passou a incluir esses alimentos no prato e a saborear cada um deles. “Desde que eu parei de consumir carnes que fui introduzindo muita coisa na minha alimentação como a berinjela, os vegetais, as verduras que, de fato, eu não olhava para isso com cuidado”
Nhoque da fortuna, do Master Veggie, em Santos
Mariane Rossi/g1
Em seguida, Camila iniciou a transição para o veganismo, um modo de vida que busca excluir todas as formas de exploração e crueldade animal. Ela teve apoio do marido, que também era vegetariano e mudou a alimentação junto com Camila.
Juntos, os dois começaram a ler os rótulos dos produtos para verificar se possuíam algum item de origem animal. Nessa época, Camila parou de ingerir os derivados de leite e passou a excluir qualquer item de origem animal da sua rotina. A mudança na alimentação refletiu diretamente na sua saúde.
“Eu sempre fui uma pessoa muito alérgica, sempre tive problemas gastrointestinais, já tinha sido diagnosticada com intolerância a lactose, antes de virar vegana. Quando eu fiz a transição mudou muito a minha vida, minha qualidade de vida. Meus exames melhoraram, meu colesterol abaixou bastante”, conta ela.
Saladão com tempê ou tofu, do Master Veggie
Mariane Rossi/g1
Onde encontrar?
Nas feiras livres e nos mercados, Camila encontra a base da sua alimentação, como grãos, legumes, verduras e frutas. Ela conta também que a gama de produtos de base de plantas aumentou consideravelmente nos estabelecimentos da região.
Ela não deixa de lado os pães, o queijo de castanha de caju e gosta de investir também no tofu e no tempê. Eles são produtos feitos a base de soja fermentada que podem ser cozidos, refogados, assados e temperados. Além disso, é possível elaborar diversas receitas como a carne moída vegana ou o tofupiry, uma substituição para o catupiry e que serve de recheio para diversos pratos.
Primeiro carrinho de pastel vegano da Baixada Santista
Divulgação
Restaurantes veganos
A variedade de restaurantes vegetarianos e veganos também está cada vez maior na Baixada Santista nos últimos anos. Além dos adeptos a alimentação plant-based, esses estabelecimentos recebem pessoas interessadas em conhecer essa culinária sem carnes.
Há mais de sete anos, Tássio Ricardo resolveu empreender nessa área. Ele parou de consumir carnes e encontrou dificuldade em encontrar opções de hambúrgueres veganos no mercado. Tássio, então, resolveu preparar os próprios lanches em casa e a vendê-los para os amigos. Toda receita que ele fazia era um sucesso.
Logo depois, ele montou o primeiro carrinho de pastel vegano da Baixada Santista, outro espaço que virou o point de quem não consume produtos de origem animal. Desde 2017, ele resolveu ampliar os negócios e abriu o Master Veggie, um empório e restaurante vegano em Santos, com refeições e vários lanches.
“A gente tem um público que é o vegetariano e o vegano, que já é apaixonado. Mas, com esse crescimento, com a diminuição da carne e tudo mais, cada vez mais vem clientes, que não são vegetarianos, e querem trocar uma opção na semana por uma opção mais leve. A gente consegue conquistar essas pessoas e elas vem cada vez mais”
Tassio Ricardo investe no ramo da culinária vegana, em Santos
Divulgação
Nos pratos, não há nenhum ingrediente de origem animal. Há proteínas, mas a base de vegetais. O nhoque da fortuna (veja acima), por exemplo, é feito com batatas orgânicas, molho de tomates e proteína de ervilha, pesto de manjericão e amendoim.
Uma alternativa é o saladão (veja acima), um mix de folhas, com tempê ou tofu defumado, grannola salgada, além de molho de cana, mostarda e vinagre. “A gente consegue ter aqui, essa opção extremamente saudável”, comenta Tássio.
Além de reduzir o consumo de carnes, para ele, veganismo é sinônimo variedade no prato. “Aqui, a gente consegue explorar mais possibilidades e mais alimentos”.
Agora, ele pretende ampliar ainda mais o negócio, com uma área para pizzaria e cafeteria. A ideia é atender cada vez mais e melhor esse público, ávido por novos sabores.
“Tem essa tendência, nessa década, que as pessoas tem consumido menos carne, explorando mais opções diferentes”, diz Tássio.
Bolo de chocolate com paçoca da confeteira Hallyanne, de Santos
Mariane Rossi/g1
Cafés e doces
Hallyane Martins decidiu abandonar a carreira financeira para se dedicar ao ramo da alimentação vegana. Ela abriu o Café Vegananda em 2015, com foco em bebidas sem produtos de origem animal.
“Foi justamente por gostar muito de tomar café fora. Eu não consumia leite e não tinha onde comer. Eu só podia tomar o cafezinho preto”, explica.
Além das bebidas, ela criou e aprimorou receitas de bolos e doces. Com isso, conseguiu ampliar o cardápio. Os cappuccinos e cafés são os carros-chefes. “A gente usa ingredientes bem parecidos com os tradicionais, substituimos os ovos e o leite, por leite vegetal”, explica.
Entre as opções de doces, está o bolo de chocolate com paçoca e os cookies, que fazem sucesso. “Quando a gente começou, era bem pouquinho cliente. Tinhamos mais clientes intolerantes [a lactose], e o público só sobe”.
Chef Ana Paula abriu a primeira hamburgueria vegana da região
Arquivo pessoal
Comida com afeto
No mesmo espaço, é possível encontrar os pratos da chef Ana Paula Reis. Vegetariana, Ana sempre teve dificuldade de opções de lanches veganos. Ela começou a fazer as próprias receitas e abriu a primeira hamburgueria vegetariana de Santos.
Com alta procura, Ana Paula resolveu investir em cardápios completos. Hoje, a hamburgueria virou o restaurante Revê, que serve almoço e jantar totalmente feito a base de plantas.
Hamburgueres feitos pela chef Ana Paula Reis, de Santos
Divulgação
Entre as opções, estão o escondidinho de frango veg, o macarrão com almondegas de soja e o estrogonofe de palmito e brócolis, que ela ensinou ao g1 (veja a receita abaixo).
As receitas são feitas desde o início na cozinha do restaurante. Alimentos como frutas, verduras e legumes são utilizados de forma integral, com temperos naturais e sem conservantes químicos.
“A gente não usa carnes industrializadas, sempre usamos os vegetais, os grãos, os temperinhos elaborados e feitos na casa. A gente tem essa pegada de comida mais afetiva e mais natural possível. Bem mais saudável”.
Para ela, mais que um negócio, o restaurante é um propósito e a prova de que é possível comer bem, de forma saudável e pensando também no meio ambiente.
“Você pode comer bem, todo dia, uma comidinha cheia de afeto, cheia de amor e respeito aos animais”, disse Ana.
Estrogonofe vegano feito pela chef Ana Paula Reis, de Santos
Alex Ferreira
Veja a receita de estrogonofe de palmito, da chef Ana Paula
Ingredientes
2 colheres de sopa de margarina vegetal vegana;
1 cebola ralada
1 vidro de palmito picado
1/2 tubo de ketchup
1/2 tubo de mostarda
1 colher de sobremesa de molho inglês
1 caixinha de creme de leite de soja vegano
200g de champignon cortados ao meio
Modo de preparo: Refogar a cebola com a margarina, colocar o palmito e os cogumelos picados. Deixe ferver um pouquinho, acrescentar o ketchup, mostarda e molho inglês. Quando der uma encorpada, acrescentar o creme de leite, mexer e antes de ferver, desligar. Sirva com arroz branco com batata palha. A receita serve 6 porções.
VÍDEOS: g1 em 1 minuto Santos

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