6 de janeiro de 2025

Retrospectiva 2024: Confira as histórias inspiradoras que marcaram o ano


g1 destaca histórias e personagens que emocionaram o público em 2024. Retrospectiva g1 AC: Relembre as histórias que inspiraram os acreanos em 2024
Arte/g1 AC
O ano de 2024 foi mais um com muitas histórias inspiradoras e que marcaram por serem bons exemplos, iniciativas de impacto na sociedade ou histórias pessoais que geram identificação.
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São projetos, personagens e relatos que levam o público – e também jornalistas – para além do dia a dia, que, muitas vezes, pode ser pesado e até mesmo preocupante.
Com a chegada do fim do ano, o g1 destaca algumas dessas histórias e figuras emocionantes e cativantes.
Luane Jenuino, de 17 anos, foi incentivada a ter a leitura como hábito desde a infância
Arquivo pessoal
1. Estudante da rede pública é a 1ª da família a entrar em faculdade
Em meio à ansiedade e apreensão pelos resultados do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e do Sistema de Seleção Unificada (Sisu), a jovem Luane Jenuino, de 17 anos, que fez o ensino médio na Escola Glória Perez, em Rio Branco, ficou emocionada ao descobrir que teve pontuação de 980 na redação do exame.
Em janeiro deste ano, Luane contou que estudava em tempo integral, e tinha que esperar por “brechas” no horário para se dedicar a temas específicos do Enem. Com nota de 980 na redação, sua primeira opção de curso é Psicologia, e a segunda é Letras Português.
Com 980 pontos na redação, sua primeira opção de curso é Psicologia, e a segunda é Letras Português
Reprodução
“Sendo bastante honesta, essa nota foi uma enorme surpresa para mim. Eu não estava esperando uma pontuação tão alta na redação. Eu chorei muito, porque assim como vários estudantes, eu tinha aquela ansiedade de pensar: ‘não fui bem’, ‘não vou conseguir’. Quando vi aquele 980, entendi que nem tudo que a nossa mente diz é verdade”, confidenciou.
Projeto já entregou mais de 29 mil doações em todo o país
Arquivo pessoal
2. Projeto que doa toucas e perucas a pacientes em tratamento de câncer chega ao Acre
Enfrentar problemas de saúde nunca é uma escolha e passar por um tratamento contra câncer pode ser um dos maiores desafios na vida de uma pessoa. Entretanto, sempre há alguém que escolhe tornar essa batalha um pouco menos pesada.
Esse é o propósito da Mara Pereira, que há 6 anos criou o Projeto Fios Encantados, que já entregou mais de 29 mil itens por todo o brasil. Agora, no Acre, o objetivo é levar sorrisos nos momentos de maiores dificuldades. Ela e mais 90 voluntários confeccionam toucas e perucas de personagens já conhecidos, como princesas e super-heróis, para doar à pacientes que lutam contra a doença.
“Foi idealizado por eu querer fazer um pouquinho mais, de querer levar o amor, o carinho e o respeito aos pacientes em tratamento oncológico. Por isso a gente procurou criar esse lúdico dos personagens, criar as nossas almofadas de coração, os turbantes, as toucas, enfim, para levar amor. Porque a gente percebe na hora que eles recebem, a diferença. Você pode ver que vem um sorriso e quando você fala que é presente, eles ficam mais felizes ainda”, conta.
Maria José Lima vê a doação de perucas e toucas como um gesto de carinho
Reprodução/Rede Amazônica Acre
A ação não se limita somente a crianças. Os adultos também são acolhidos dentro do projeto. Um desses pacientes é a Maria José Lima, que recentemente descobriu o diagnóstico. Ela relata que no começo foi assustador, mas que se apoia na fé religiosa para passar por esse momento delicado.
“Parece que o mundo desaba, não sei nem explicar como é [ao saber o diagnóstico]. Você fica triste, acha que vai morrer, mas é só o pensamento mesmo, mas que isso tem tratamento. Minha primeira força vem de Deus, porque eu já entreguei tudo para ele”, diz.
Eduarda Pagu é a 1ª travesti formada em psicologia na Universidade Federal do Acre
Arquivo pessoal
3. Direito de estudar
‘”É direito nosso poder estudar, se formar, ter uma graduação, ter direito à escolha”
No dia 18 de junho, a estudante Eduarda Pagu Lopes Rodrigues, de 23 anos, se tornou a primeira travesti a se formar no curso de psicologia da Universidade Federal do Acre (Ufac). Muito mais do que uma conquista pessoal, Eduarda contou ao g1 que a graduação representa o acesso a um direito que é de todos.
Ela, que se identifica como mulher travesti, disse que aguarda a emissão do diploma para atuar na área. Eduarda começou a cursar psicologia em 2019, quando tudo ainda era um sonho.
“Eu sempre quis psicologia desde que entrei no ensino médio, mas na minha cabeça era só coisa de consultório, clínica e terapia. Quando eu entrei no curso, percebi que psicologia não era só isso, é muito mais amplo do que eu pensava, e foi onde eu me apaixonei ainda mais (…) eu não faria nenhum outro curso além da psicologia, me sinto realizada”, disse.
Em 2020, quando iniciou o processo de reconhecimento como uma mulher travesti, identificou que não havia muitas referências trans na área. Com base nesta constatação, resolveu estudar o amor monogâmico entre travestis, que foi o tema do Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), apresentado no dia 14 de março deste ano.
Tema do TCC de Eduarda Pagu foi: ‘Transmutando o significado de amor: reflexões sobre amores travestis em uma sociedade neoliberal’
Arquivo pessoal
A apresentação, segundo ela, foi emocionante e elogiado pela banca, já que durante o processo de escrita da monografia, ela identificou vivências com as quais também se identifica — apesar de se reconhecer em um lugar de privilégio no que diz respeito ao apoio que recebeu durante a graduação. Inclusive, disse que pretende levar o tema para uma futura seleção de mestrado.
“Tem muito do que as mulheres trans e travestis escutam, que são vistas como pessoas sujas, promíscuas, perversas e que não dignas de afeto. O TCC foi de muita descoberta. Eu olho para minha trajetória na graduação e fui muito cercada de afeto”, complementou.
Promotor Thalles sempre sonhou em ser pai e buscou o caminho da adoção para realizar o desejo
Reprodução
4. Direito de ser pai
“Tive sorte de encontrá-lo. A vida precisava de sentido e a paternidade mudou radicalmente minha vida. Já não tenho tempo para tristeza, depressão, angústia. Meu tempo é dedicado a construir uma relação com meu filho, criar memórias com ele”.
O depoimento dado ao g1 é do promotor de Justiça Thalles Ferreira Costa, de 42 anos, que conseguiu a guarda definitiva do filho, de 11 meses, em dezembro do ano passado após o processo de adoção e se tornou pai solo. Com a sentença em mãos, o promotor deu entrada na licença-paternidade no Ministério Público do Acre (MP-AC) e conseguiu 180 dias para cuidar do filho.
Em maio de 2022, o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu por unanimidade que servidores públicos que sejam pais sozinhos, sem a presença da mãe, têm direito a licença de 180 dias.
Foi baseado nessa decisão que Thalles fez o pedido na procuradoria-geral do MP-AC para aproveitar os primeiros meses de convívio com o filho, levá-lo para conhecer os avós, tios e primos pessoalmente em Minas Gerais (MG), sua terra natal, e estreitar a relação de pai e filho.
Casal recebeu Sofia em casa há pouco mais de um ano em Rio Branco
Arquivo pessoal
5. Direito de amar
Foi somente em 2015 que o Supremo Tribunal Federal (STF) autorizou que casais homoafetivos se habilitassem para processos de adoção. Apesar de poder ser considerada uma decisão tardia, a autorização é um passo vital para vários casais. Este é o caso de Luciano Nascimento e Jackson Rodrigues, que moram em Rio Branco e são pais de Sofia, atualmente com 11 meses de idade.
Em 2019, eles deram entrada no processo para entrar na fila de adoção e em 2020, concluíram todos os trâmites, se disponibilizando a receber um menino ou uma menina com até dois anos de idade. Luciano relembra que por conta da pandemia de Covid-19, a espera acabou se alongando.
Foi Jackson quem recebeu a ligação e ficou encarregado de avisar o marido. Ele conta que o momento em que foram chamados foi especial e gratificante em razão da espera. Sem saber se seriam pais de um menino ou uma menina, nem a idade da criança, ainda não haviam comprado itens como roupas. No dia 19 de outubro de 2023, Sofia chegou a sua nova casa.
“O momento da ligação é um momento especial, porque a gente passa por um longo período [de espera]. A gestação é um pouco mais longa, costumam dizer. Como a gente colocou nos nossos pré-requisitos que poderia ser menino ou menina, a gente acabou não tendo como se programar. Então, é tudo muito intenso porque eles me ligaram de manhã, e à tarde a gente já foi tentar correr atrás das coisas, porque como ela já tinha tido a destituição da família, eles falaram que a gente já ia recebê-la no dia seguinte. Mas foi gratificante, foi maravilhoso. A gente fica muito emocionado quando a gente recebe a ligação. Meu marido ficou mais [emocionado] que eu, porque a gente fica meio tentando processar as coisas. No dia seguinte a gente conseguiu levá-la para casa”, diz.
Famosos participam de campanha e pedem doações para famílias atingidas por enchentes no Acre
Reprodução
6. Solidariedade em meio à emergência
Em meio à emergência climática provocada pela cheia de rios em todo o Acre, o governo do estado compartilhou vídeos nos quais artistas incentivam doações e pediram que o público se sensibilizasse com a situação dos moradores de áreas alagadas. Entre os nomes que ser juntaram à corrente solidária, estavam Leona Cavalli, Sérgio Reis e Chico Diaz.
A campanha “Juntos pelo Acre” é um projeto do governo que arrecadou doações de cestas básicas, água mineral, kits de limpeza e produtos de higiene pessoal.
Atriz Leona Cavalli adere à campanha de arrecadação de itens para alagados no Acre
Ao incentivar doações, Leona Cavalli destacou que o Acre é muito importante para o país por conta do alto grau de preservação da floresta, e que tem muitos amigos que vivem no estado. O ator Chico Diaz, que esteve no Acre para estrelar o filme Noites Alienígenas, também se juntou à campanha. Ele classificou a situação como “emergencial” e destacou a necessidade de doações.
A banda Calcinha Preta também doou R$ 30 mil para ajudar vítimas das enchentes históricas. O dinheiro é parte do cachê do show que a banda fez no estado no dia 28 de março.
Após ajuda no Rio Grande do Sul, bombeiros voltam ao Acre
Cedida
7. Solidariedade acreana
No mês de maio, foi a vez dos acreanos retribuírem e demonstrarem solidariedade. Naquele mês, o Acre enviou um oficial, três militares do Corpo de Bombeiros, uma embarcação, uma viatura e equipamentos de proteção individual e de salvamento para socorro às vítimas da enchente no Rio Grande do Sul.
Eles passaram quase três semanas na região, onde resgataram 57 pessoas e nove animais, além de atenderem ocorrências e prestarem apoio humanitário, levando remédios, comida e água para as pessoas que não saíram de suas casas durante a tragédia.
A equipe do CBMAC também prestou auxílio à Polícia Federal no transporte de tropas e equipamentos, e deu apoio à imprensa no transporte aquático pelas áreas inundadas. O governador do Acre, Gladson Cameli, destacou à época que se tratava de uma questão humanitária e colocou o estado à disposição para ajudar.
Neurocirurgião Luan Messias, de 33 anos, fez apresentação sobre o atendimento a ribeirinhos e indígenas no Acre
Arquivo pessoal
8. Inspiração internacional
Acreano formado em Manaus, no Amazonas, o neurocirurgião Luan Messias foi convidado a participar do congresso The Neurosurgical Week, que reúne neurocirurgiões da Índia e do Japão. Neste ano, o evento ocorreu na cidade indiana de Mumbai, do dia 1º a 7 de agosto e contou com apresentação de Luan Messias sobre as dificuldades e particularidades da atuação na Amazônia.
O médico atende pacientes de todo o Acre no Hospital da Criança, Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia (INTO), Maternidade Bárbara Heliodora, pronto-socorro de Rio Branco, na Fundacao Hospitalar, entre outras unidades na rede pública do estado. Durante o congresso, ele recebeu um prêmio como homenagem por seu trabalho na especialidade de junção crânio-vertebral e coluna vertebral.
Mesmo com a repercussão internacional e as honrarias recebidas, o maior orgulho para Messias é ter contribuído para a implementação do serviço de neurocirurgia no município de Cruzeiro do Sul. “A gente recebeu o prêmio justamente por isso, o atendimento dentro da Amazônia a esses pacientes que durante desmatamento são atingidos por uma árvore, por exemplo”, ressaltou.
Em menos de um mês, médico faz segundo parto com bebê empelicado no Acre
9. ‘Raio caiu duas vezes’
Foi isso que o médico ginecologista e obstetra Antônio Carlos Barroso disse ao comentar sobre ter feito o segundo parto empelicado em menos de um mês. Os dois nascimentos aconteceram no Hospital Santa Juliana, em Rio Branco, sendo o primeiro no dia 12 de agosto e o último no dia 2 de setembro.
Barroso divulgou em suas redes sociais o vídeo do momento do nascimento. O médico precisou cortar a bolsa amniótica, que não rompeu durante todo o processo. (Veja vídeo acima)
“Foi uma emergência. Não foi agendado, [o parto] estava programado para dia 10/09, mas em consulta de rotina, descobrimos alterações no batimento cardíaco do feto e fomos para uma cirurgia de urgência”, explica Barroso.
Segundo o próprio médico, esse tipo de condição na hora do nascimento só ocorre uma vez a cada 80 mil partos. Barroso ainda diz que só é possível perceber que o bebê está empelicado no momento da saída do útero, e que a situação não causa prejuízos à mãe ou ao bebê. Em 12 anos de profissão, esse é o quinto parto empelicado de sua carreira.
Mapu Huni Kuin (à direita) em foto com DJ Alok, no Grammy Latino 2024; faixas do álbum “O Futuro é Ancestral” foram indicadas ao prêmio
Dimitrious Kambouris / John Parra / Getty Images for the Latin Recording Academy
10. Artista indígena é destaque no Grammy Latino
O indígena e músico acreano Mapu Huni Kuin se apresentou na 25ª cerimônia anual de entrega do Grammy Latino, em Miami, nos Estados Unidos, em novembro, ao lado do DJ Alok, indicado ao prêmio mais importante da indústria musical latina.
A performance da música “Pedju Kunumigwe”, indicada na categoria de melhor interpretação de música eletrônica latina, fez parte da apresentação e divulgação do álbum “O Futuro é Ancestral”, que foi lançado no dia 19 de abril, quando se celebra o Dia dos Povos Indígenas.
“O prêmio máximo não veio, mas estamos celebrando muito a indicação dos jurados internacionais do Grammy para que o canto sagrado do povo Nhandewa chegasse à finalíssima. É uma grande vitória: pela primeira vez na história da premiação uma canção indígena brasileira foi indicada”, disse a página oficial do Instituto Alok.
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Também nas redes sociais, Mapu Huni Kuin celebrou o feito.
“Este é um marco que une todos os povos indígenas e celebra nossa cultura junto à incrível equipe do Alok. Estamos cheios de gratidão e emoção por fazer parte desse momento tão especial”, comemorou o acreano.
Reveja os telejornais do Acre

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