27 de dezembro de 2024

RETROSPECTIVA 2024 – Dez álbuns brasileiros que sobressaíram ao longo do ano pela beleza e excelência musical


Lista inclui discos de Almério, Amaro Freitas, Ayrton Montarroyos, Os Garotin, Ilessi, Marcos Sacramento, Milton Nascimento (com Esperanza Spalding), Ná Ozzetti & Luiz Tatit, Nando Reis e Zé Manoel. Capas dos dez álbuns brasileiros eleitos como destaques do Blog do Mauro Ferreira ao longo de 2024
Divulgação / Montagem g1
♫ RETROSPECTIVA 2024
♪ São – literalmente! – milhares de lançamentos fonográficos a cada semana entre singles, EPs e álbuns. Como ninguém escuta tudo, qualquer lista de melhores discos é, além de subjetiva e pautada por senso estético pessoal, elaborada a partir do (limitado) raio de audição do ouvinte.
Feita a tradicional ressalva, o Blog do Mauro Ferreira apresenta uma relação de dez álbuns brasileiros que, no entender do colunista e crítico musical do g1, sobressaíram ao longo de 2024 pela excelência musical.
Os dez álbuns selecionados têm em comum o fato de serem discos de artistas fora do mainstream, ou seja, criados fora do balaio funk-pop-sertanejo-pagode-forró que, produzido em escala industrial, domina o mercado da música brasileira.
Relembre gringos que copiaram músicas brasileiras
♪ Eis, em ordem alfabética dos nomes dos artistas, os dez álbuns que se destacaram ao longo de 2024:
♫ Nesse exato momento – Almério
♩ O cantor e compositor pernambucano arde no fogo das urgências e das levadas que pautam o quarto e melhor álbum solo do artista. O mérito é também de Juliano Holanda, guitarrista e produtor musical do disco, além de autor da grande faixa Uma inédita e dos arranjos criados com o próprio Almério.
♫ Y’Y – Amaro Freitas
♩ Também de Pernambuco, o pianista e compositor faz imersão espiritual na sinfonia amazônica orquestrada por Amaro Freitas neste percussivo quarto álbum. Em Y’Y, o pianista se mantém na rota afro-brasileira, mas direciona o olhar para as florestas e povos de região amazônica, resistente à destruição do bicho Homem.
♫ A lira do povo – Ayrton Montarroyos
♩ Outro nome de Pernambuco se elevou ainda mais em 2024. Indomado e na contramão do mercado, o cantor deu passo ousado neste álbum que alinha 26 composições em três suítes temáticas. Em A lira do povo, Ayrton Montarroyos refaz o percurso do sertanejo para a cidade em viagem com escala marítima.
♫ Os Garotin de São Gonçalo – Os Garotin
♩ O primeiro álbum do trio fluminense catapultou Os Garotin ao posto de grande revelação da música brasileira em 2024. Anchietx, Cupertino e Leo Guima ascenderam com som jovial, calcado em mix de gêneros da black music norte-americana (soul e R&B) com o suingue pop tropical. O álbum Os Garotin de São Gonçalo tem frescor e reitera que o novo sempre vem.
♫ Atlântico negro – Ilessi
♩ Sexto álbum da cantora e compositora carioca, Atlântico negro aportou em 20 de novembro, Dia da Consciência Negra, com exuberante carga de ancestralidade afro-brasileira em repertório sofisticado. A direção musical e os arranjos do pianista baiano Marcelo Galter potencializam a rica musicalidade de Ilessi.
♫ Arco – Marcos Sacramento
♩ O 18º álbum do cantor e compositor fluminense exala modernidade dentro da tradição. Arco é título que revigora a discografia de Marcos Sacramento. Ter confiado a produção musical do disco ao guitarrista Elisio Freitas foi ação decisiva para a fluência do álbum. Samba com enredo político, Jesus é preto – parceria de Sacramento com Paulo Baiano – é um dos pontos mais altos de Arco.
♫ Milton + Esperanza – Milton Nascimento e Esperanza Spalding
♩ A força espiritual de Milton Nascimento é o motor que alavanca o álbum feito pelo artista brasileiro com a baixista, cantora e compositora norte-americana de jazz Esperanza Spalding. A recriação da música Outubro (1967) atinge o céu também alcançado pelo encontro dos artistas com Paul Simon na canção fraterna Um vento passou (Para Paul Simon).
♫ De lua – Ná Ozzetti e Luiz Tatit
♩ Álbum magistral que celebrou os 30 anos da parceria de Ná Ozzetti com Luiz Tatit, De lua flagra a cantora (revelada no grupo Rumo) e o compositor (um dos principais arquitetos do repertório do Rumo) em equilíbrio na corda bamba da criação. Somente três das dez músicas eram inéditas, mas a total afinação entre os artistas paulistanos renovou o repertório antigo.
♫ Uma estrela misteriosa revelará o segredo – Nando Reis
♩ Na era volátil do single, o cantor e compositor paulistano ousou lançar álbum quádruplo em que, das 30 músicas, nada menos do que 26 eram inteiramente inéditas. O vigor da safra autoral de Nando Reis impressiona, inclusive porque, contabilizada a fase com o grupo Titãs, o artista já está em cena há mais de 40 anos. A estrela de Nando Reis continua iluminada em repertório situado entre as baladas e os rocks.
♫ Coral – Zé Manoel
♩ Fecha a lista o disco de mais um grande artista nascido em Pernambuco. Com o álbum Coral, o cantor, compositor e pianista Zé Manoel se confirmou grande. A produção musical de Bruno Morais valorizou cancioneiro enraizado na ancestralidade africana. A maviosa balada Deságuo para emergir (de Zé Manoel com letra de Liniker) é beleza de repertório que também destacou Canção de amor para Johnny Alf.

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