O presidente Lula e uma comitiva de ministros se reuniram nesta quinta (2) com o governo gaúcho, em Santa Maria; 29 pessoas morreram e 60 estão desaparecidas em todo o estado. Rio Grande do Sul decreta calamidade pública por causa dos temporais
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O Rio Grande do Sul decretou calamidade pública por causa dos temporais. O levantamento oficial do governo estadual registra que 29 pessoas morreram e 60 estão desaparecidas.
A barragem 14 de julho, entre Cotiporã e Bento Gonçalves, não suportou o acúmulo de água e se rompeu parcialmente. Moradores de sete cidades próximas ao Rio Taquari receberam a orientação expressa para sair de casa.
“Eu estou dizendo, com a máxima gravidade que possa lhes dizer: saiam de casa e subam, além do que já esta colocado os rios, seis metros acima”, orientou Gabriel Souza, vice-governador do RS.
Também na Serra Gaúcha, a encosta da barragem São Miguel começou a se movimentar, em Bento Gonçalves. Cerca de 170 famílias precisaram procurar abrigo.
A locomoção está cada vez mais difícil no Rio Grande do Sul. Pelas estradas, deslizamentos e enxurradas causam mais de 100 bloqueios. As viagens de ônibus estão suspensas. Ao menos 13 pontes caíram no estado. Muitos motoristas encontram abrigo em postos de combustíveis.
“A minha filha mandou uma mensagem por escrito. Ela disse: ‘Pai, o que nós tínhamos foi embora e nós estamos bem. Nós só esperamos tu chegar em casa'”, contou um homem.
Como há risco de desabastecimento de várias cidades, porque as rodovias estão bloqueadas, os postos de combustíveis registraram filas o dia todo. Em um, a espera passa de meia hora.
“A gente está sem luz, está sem água, está acabando tudo. Não entra e não sai da cidade. Está bem complicado”, lamentou Victoria da Silva, funcionária de pet shop.
Bombeiros, agentes da Defesa Civil, policiais militares de vários estados, além das Forças Armadas, trabalham juntos nos resgates. Os trabalhos só param quando a chuva e a nebulosidade não permitem o sobrevoo.
A chegada do helicóptero no interior de Lajeado reescreveu a historia de uma família. De volta em solo firme, pais e filhos agradecem a chance de retomar a vida.
“É um misto de alegria com retomada de esperança. Alguns choram, alguns riem. As crianças ficam felizes até, muitas não entendem a tragédia que estão passando, né”, conta Ingo Vieira Lüdke, tenente-coronel dos Bombeiros-RS.
Infelizmente, nem sempre o socorro chega a tempo. Em Cruzeiro do Sul, a casa desmoronou instantes depois do resgate de uma pessoa e a outra está desaparecida.
Muitas pessoas precisam de atendimento médico urgente.
“Precisamos fazer hemodiálise, senão a gente falece em casa”, afirma um paciente.
Uma mulher grávida de nove meses foi resgatada por terra em uma localidade isolada de Candelária. Um hospital em Estrela está alagado e sem luz, por isso transferiu, ainda nesta quarta-feira (1º), os pacientes com risco de morrer.
As enchentes também marcam níveis históricos. Regiões Metropolitana, Vales, Serra, Centro e divisa com a Argentina são as mais afetadas.
Em Lajeado, uma balsa estava à deriva e bateu em uma ponte da BR-386. Não há informações sobre feridos.
Ainda há cidades completamente isoladas. Em Sinimbu, por exemplo, não há como entrar no município. As imagens que chegam mostram a cidade destruída.
“A situação não está legal. Desde terça que eu não falo com os meus familiares. Tenho pai e mãe no interior, e está difícil”, conta o motorista Talvani Zanella.
O presidente Lula e uma comitiva de ministros se reuniram nesta quinta-feira (2) com o governo gaúcho, em Santa Maria.
“Seja através dos ministros, seja através da sociedade civil ou seja através dos militares, a gente vai dedicar 24 horas de esforço para que a gente possa atender as necessidades básicas do povo que está isolado por conta da chuva”, declarou Lula.
“Depois vai vir a reconstrução. Aí vai precisar de recursos, projetos, tudo isso nós tocamos, mas neste momento, o foco absoluto é total no resgate das pessoas, em salvar vidas”, diz o governador, Eduardo Leite.
Em Porto Alegre, o Guaíba já começa a invadir a cidade e prefeitura fechou as comportas de proteção contra cheias. O lago recebe as águas que vêm das enchentes do restante do estado.