De acordo com a régua da Marinha de Ladário, de janeiro a setembro de 2024, a máxima da água registrou 1,47 metros, sendo que no mesmo período do ano passado, o nível era de 2,65 m. Seca no Rio Paraguai: bancos de areia atrapalham navegação
A principal bacia do Pantanal, o Rio Paraguai, tem baixado cada vez mais e o reflexo da seca severa é o aumento dos bancos de areia. De acordo com a régua da Marinha de Ladário, a marca atual do rio é de 56 centímetros negativos e, a marca histórica é de 61 centímetros negativos.
Ainda de acordo com a marinha, de janeiro a setembro de 2024, a máxima da água registrou 1,47 metros, sendo que no mesmo período do ano passado, o nível era de 2,65 m.
O aumento dos bancos de areia se tornaram uma preocupação para a população que navega no Rio Paraguai. No início de setembro, um turista se acidentou e morreu nas proximidades do Porto Índio, após a embarcação bater em uma pedra e virar.
Bancos de areia são indícios da seca no Rio Paraguai
Valdeir Pereira/Tv Morena
Recomendação para a navegação
Segundo Marcelo Pinto Werneck, capitão fragata da Marinha, os bancos de areias são lugares críticos e os navegantes devem ter a atenção redobrada.
“Para evitar algum tipo de acidente nessa região [banco de areia ou pedra], é importante que as embarcações trafeguem com a velocidade mais baixa – comparando com um carro em uma via, se passarmos em um quebra molas com velocidade alta, a gente vai ter algum tipo de perigo – ou uma consequência, ou seja, o banco de areia é a mesma coisa”, explica o capitão.
Segundo Marcelo Pinto Werneck, capitão fragata da Marinha, os bancos de areias são lugares críticos e requer cuidados
TV Morena/Reprodução
Além da baixa velocidade, Werneck recomenda não navegar durante o período noturno, portar coletes salva-vidas, não ingerir bebidas alcoólicas durante a navegação, principalmente o comandante da embarcação.
A recomendação da marinha para acidentes pluviais, é ligar no 185.
Índices negativos
Os índices negativos não indicam que o rio está completamente seco, mas sim abaixo do “marco zero” das réguas de medição. O coordenador nacional do Sistema de Alertas Hidrológicos do SGB, Artur Matos, explica que esses marcos não significam o leito do rio. Diante disso, números negativos também são esperados na série de dados.
“O zero da régua não é o fundo do rio. Quando a régua foi instalada, lá em 1900, por exemplo, como a de Ladário, o “zero” da régua foi determinado. Não se mudou a régua para se ter a mesma referência. Podemos comparar a partir da mesma referência”, contextualizou o especialista.
Artur lembra que as piores secas no Pantanal foram em 1964 e 2021, quando o nível do rio atingiu −0,61 e −0,60 metros, respectivamente. O ano de 2020 também ficou marcado como ano recorde de incêndios no bioma quando o fogo consumiu cerca de 4 milhões de hectares — o equivalente à cerca de 26% do Pantanal.
“Com o nível do rio diminuindo, vamos a chegar a mesma dimensão ou até pior do que de 1964 e 2021. A previsão para Ladário é chegar próximo ao −60 cm ou menos ainda. A projeção é estimada a partir do que está acontecendo, com base no histórico e dados climáticos”, finaliza o pesquisador do SGB.
Rio Paraguai enfrenta seca
TV Morena/Arquivo
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