6 de outubro de 2024

Rio Preto tem 2.820 eleitores com deficiência; falta de acessibilidade é um dos problemas enfrentados

Em muitas seções eleitorais não há rampas ou elevadores que permitem a locomoção dos eleitores de forma fácil, segura e rápida. Urna eletrônica em uma cabine eleitoral
Reprodução/TV Globo
Dados divulgados pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) apontam que São José do Rio Preto (SP) tem 2.820 eleitores com algum tipo de deficiência. Eles se preparam para ir às urnas neste domingo (6). Entre as principais dificuldades relatadas pelas Pessoas com Deficiência (PCD) está a falta de acessibilidade nas seções eleitorais.
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Ainda segundo o TSE, esse perfil de eleitorado representa somente 0,8% do total de 347.916 pessoas aptas a votar no município. Desse total, 366 têm algum grau de deficiência visual. Embora eles sejam uma pequena parcela, por lei, todos têm o direito e o dever de exercer o papel de cidadão.
A Justiça Eleitoral conta com mecanismos que garantem à população acesso aos locais de votação. Entre eles, o atendimento prioritário a pessoas com deficiência, com mobilidade reduzida, com idade igual ou superior a 60 anos, gestantes, lactantes e pessoas com crianças de colo.
O eleitor com deficiência pode solicitar a transferência do local de votação para uma seção com acessibilidade que possa atender melhor às necessidades individuais, como uma seção instalada em locais com rampas ou elevadores. Nesse caso, a solicitação deve ser feita em um cartório eleitoral dentro do prazo de 151 dias antes das eleições.
A aposentada Maria Aparecida da Silva Lessa, de 60 anos, moradora de São José do Rio Preto, vai votar pela primeira vez dentro da classificação de PCD. Ela perdeu a visão em 2022 e diz estar apreensiva com as dificuldades enfrentadas.
“Eu ainda não votei depois que eu tive essa perda de visão. Antes eu votava com facilidade, mas agora, este ano, eu vou votar como PCD aqui no meu bairro. Fui renovar o meu título, fazer a mudança e pedir urna especial. Eles falaram que eu vou ter urna especial na minha sessão. Então, eu espero que tudo dê certo.”
Maria Aparecida Silva Lessa se prepara para votar no domingo em Rio Preto (SP)
Maria Aparecida Silva Lessa/Arquivo pessoal
Maria Aparecida lembra que, em 2009, teve um descolamento de retina e desde então, começou a apresentar baixa visão. Mesmo não conseguindo enxergar absolutamente nada, a aposentada diz que jamais deixaria de exercer o voto no domingo (6).
“Eu sempre voto, não gosto de justificar. Acho que a gente tem obrigação de votar, mesmo não sendo muito a favor das promessas, não tendo um candidato que realmente nos agrade”, finalizou.
São José do Rio Preto conta com o Instituto dos Cegos. O local tem 76 anos de existência e atende, em média, 280 alunos de 103 cidades da região. Eles fazem diversas atividades de adaptação e inserção no mercado de trabalho, além de participarem de projetos voltados à qualidade de vida.
Instituto dos Cegos de São José do Rio Preto (SP)
Divulgação
A psicóloga do instituto, Júlia Ramos, diz que os alunos reclamam principalmente da falta de acessibilidade nos locais de votação.
“Uma das maiores dificuldades encontradas por uma pessoa deficiente visual, na hora da votação, com certeza é a falta de acessibilidade. A gente tem que pensar em toda a logística do espaço. Primeiro de tudo, o local precisa ter o pisotátil, que não é o que acontece nas escolas e nos locais de votação aqui de Rio Preto. O pisotátil é o guia de referência para o deficiente visual se locomover ali dentro do local”, explica Júlia.
Ainda segundo ela, embora as urnas eletrônicas tenham o recurso de áudio, nem todos os eleitores conseguem manusear o equipamento na hora da votação.
“Mesmo com recurso de áudio, elas estão tendo uma dificuldade, ali, na hora de votar. Geralmente essas pessoas são idosas e adquiriram a deficiência visual há pouco tempo e também não têm toda essa familiaridade com recurso, com as tecnologias assistivas”, finaliza.
Apesar dos obstáculos, Júlia diz que os funcionários do Instituto dos Cegos sempre orientam e incentivam os alunos a buscarem os próprios direitos e até mesmo representatividade por meio dos políticos. Segundo ela, isso só é possível graças ao processo democrático de escolha dos representantes.
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