28 de dezembro de 2024

Rita Lobo explica como ler rótulos de alimentos e o que são os ultraprocessados

Como explica chef de cozinha, melhor deixar na prateleira alimentos que têm também, na composição, ‘nomes de coisas que mais se parecem de laboratório do que de cozinha’. Por mais que a frente da embalagem seja convidativa e prometa coisas como “sem glúten e sem lactose” com o intuito de parecerem mais saudáveis, é preciso olhar o verso para entender a lista de ingrediente e assim, de fato, conseguir fazer escolhas melhores.
É o que explica Rita Lobo em entrevista ao podcast O Assunto desta segunda-feira (11).
“Essa indústria dos ultraprocessados é muito atenta ao comportamento dos consumidores. Então, quando essa indústria percebe que as pessoas querem evitar o glúten, logo criam vários produtos sem glúten, mas que não deixam de ser ultraprocessados”, diz a chef de cozinha Rita, que é autora de 11 livros sobre comida e criadora do “Panelinha” e do programa “Cozinha Prática”, no GNT.
Segundo o Ministério da Saúde, os ultraprocessados são alimentos que passaram por tantos processos industriais que se tornaram desequilibrados nutricionalmente, se tornando nocivos à saúde por serem pobres nutricionalmente e ricos em calorias, açúcar, gorduras, sal e aditivos químicos, com sabor realçado e maior prazo de validade.
“Então como é que a gente faz para identificar? A melhor forma é pegar a embalagem. Não importa se está escrito na parte da frente que é saudável, integral, com tempero da vovó, não importa, não importa. Você vai virar a embalagem, você vai encontrar a lista de ingredientes daquele produto.”
Aditivos alimentares e ultraprocessados
Freepik
E, aí, o passo seguinte é desconfiar de nomes estranhos e pular fora de produtos que tenham extensa lista de ingredientes.
“O ultraprocessado, então, ele tem lista de ingredientes. E ele tem também, na composição, nomes de coisas que mais se parecem de laboratório do que de cozinha, que são os aromatizantes, os conservantes, os emulsificantes, todos esses ‘antes’ que pegam uma matéria-prima, que não é tão boa, e essa matéria-prima é processada tantas vezes — por isso ultraprocessados.”
Rita Lobo: nova cesta básica do Brasil
Rita coloca o pão como exemplo de um alimento que pode ter mais de uma faceta. O feito em casa, por exemplo, segundo ela, “jamais será ultraprocessado”. Já aquele comprado na padaria a granel e que fica duro no dia seguinte “tende a não ser um ultraprocessado”.
“Agora aquele pão é a gente compra no supermercado, que vem numa embalagem plástica e que tem um monte de nomes, de coisas que a gente não tem na cozinha na lista de ingredientes, é um ultraprocessado.”
E explica como o pão industrializado vai ganhado mais aditivos para ter um prazo de validade maior.
“Então, coloca-se um conservante. Esse conservante mexe um pouco ali na estrutura do pão e deixa ele com uma textura diferente, então é adicionado um emulsificante. Esse emulsificante tem um sabor um pouco estranho, então é colocado um saborizante ou um aromatizante. E, assim, aquilo que era para ser um alimento que tem farinha sal, fermento e água vira um um monstro que o nosso corpo não entende mais como alimento.”
Ouça a íntegra do episódio aqui.

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