26 de dezembro de 2024

Rivalidade, disputas emblemáticas e raras reviravoltas: relembre últimas eleições para prefeito do Recife

Cidade realiza neste ano sua 11ª eleição direta para prefeitura desde a redemocratização, em 1985. Sede da prefeitura do Recife, no Centro da cidade
Reprodução/TV Globo
Recife elegeu quatro prefeitos, reelegeu três e levou ao poder quatro partidos políticos diferentes desde o fim da Ditadura Militar (1964-1985). Um levantamento feito pelo g1, com dados do Tribunal Superior Eleitoral, mostra que em três das oito disputas com direito a 2º turno (que começou em 1992), houve uma nova fase da eleição.
✅ Receba no WhatsApp as notícias do g1 PE
🗳️ Acompanhe a cobertura das eleições em Pernambuco
Viradas eleitorais, quando quem termina em segundo lugar no 1º turno vence a eleição no segundo turno, também não são comuns, acontecendo apenas uma vez na história da cidade. Até hoje, nenhuma mulher venceu a corrida ao cargo, tendo apenas Isabella de Roldão (PDT) como vice. Roldão não é candidata neste ano.
Para o cientista político Caio Leite Rabelo, Recife é uma cidade marcada por um perfil característico: “Se a gente for pegar a história do Recife, a importância da cidade nas lutas políticas do Brasil desde o Império, assim com a Revolução Pernambucana de 1817, com a Revolução Praieira, enfim, com toda a Confederação do Equador, Recife tem esse perfil mais contestador”, afirmou.
Rabelo relembrou que nas primeiras eleições na capital pernambucana, entre 1985 e 1996, as frentes políticas de esquerda e direita se revezaram no poder, até um ponto de virada, em 2000, quando se iniciou uma série vitórias consecutivas de partidos de esquerda ou centro-esquerda.
Relembre, a seguir, como foram as eleições para a prefeitura do Recife desde a redemocratização do Brasil.
1985
Jarbas Vasconcelos acena à multidão após ser eleito pela primeira vez prefeito do Recife, em 1985
Reprodução / TV Globo
Nas primeiras eleições diretas para prefeitos de capital após 20 anos de ditadura militar, a disputa teve seis candidatos e foi marcada por uma grande briga interna dos partidos. Um dos principais opositores da ditadura, o então deputado federal Jarbas Vasconcelos, precisou trocar de legenda para concorrer.
Figura histórica do MDB, partido rival do governo militar, Jarbas perdeu a indicação do seu partido para o também deputado federal Sérgio Murilo (morto em 2010), que contava com o apoio informal de Roberto Magalhães (PDS), governador da época. Sem legenda, Jarbas migrou para o PSB. Com muitas trocas de acusações, inclusive envolvendo familiares, Jarbas e Sérgio Murilo polarizaram a disputa.
O então vereador João Coelho (PDT) foi uma das novidades da eleição, se aproximando dos favoritos. Como não existia 2º turno na época, a eleição foi definida em turno único, com vitória de Jarbas Vasconcelos com 35,19% dos votos válidos (excluindo os brancos e nulos).
Resultado das eleições para prefeito de 1985 (turno único):
Jarbas Vasconcelos (PSB) – 35,19% (149.937 votos) ELEITO
Sérgio Murilo (PMDB) – 29,46% (125.503 votos)
João Coelho (PDT) – 23,39% (99.635 votos)
Augusto Lucena (PDS) – 8,53% (36.327 votos)
Roberto Freire (PCB) – 2,32% (9.899 votos)
Bruno Maranhão (PT) – 1,11% (4.711 votos)
1988
Joaquim Francisco comemora resultado das eleições após ser eleito prefeito do Recife em 1988
Reprodução / TV Globo
A segunda eleição direta para prefeito do Recife após o fim da ditadura teve como protagonista o ex-prefeito Joaquim Francisco (morto em 2021). Prefeito indicado no período do regime militar, governou a cidade entre 1983 e 1986, e se lançou pelo PFL, principal opositor do então prefeito Jarbas Vasconcelos (PMDB) e do governador da época, Miguel Arraes (morto em 2005), ainda no PMDB.
Com uma gestão bem avaliada, Jarbas lançou como candidato o deputado estadual Marcus Cunha (PMDB), desconhecido para boa parte do eleitorado, acreditando ser possível fazer uma transferência de sua popularidade em forma de votos para o aliado.
Mais uma vez, o ex-vereador João Coelho (PDT) disputou se apresentando como uma “terceira via” entre as candidaturas de direita e esquerda. Esta foi a última eleição sem a possibilidade de 2º turno e teve cinco candidatos. Joaquim Francisco foi eleito com 49,51% dos votos válidos.
Resultado das eleições para prefeito de 1988 (turno único):
Joaquim Francisco (PFL) – 49,51% (248.781 votos) ELEITO
Marcus Cunha (PMDB) – 28,52% (143.305 votos)
João Coelho (PDT) – 13,88% (69.754 votos)
Humberto Costa (PT) – 7,52% (37.795 votos)
José Augusto Lins (PH) – 0,57% (2.863 votos)
1992
Jarbas Vasconcelos acena para apoiadores após ser eleito prefeito do Recife, pela 2ª vez, em 1992
Reprodução / TV Globo
A primeira eleição municipal da década de 1990 marca o rompimento entre dois aliados que se transformariam em inimigos políticos: Jarbas Vasconcelos e Miguel Arraes. Após disputar e perder o Governo de Pernambuco, em 1990, para Joaquim Francisco, Jarbas se afasta de Arraes, que migrou para o PSB.
O desentendimento entre as duas lideranças cresceu quando Jarbas não aceitou compor aliança com o neto de Arraes, Eduardo Campos (morto em 2014), que foi lançado para concorrer à prefeitura do Recife pelo PSB. No campo da direita, o então governador Joaquim Francisco apostou em André de Paula (PFL).
A eleição também foi marcada pelo fortalecimento da esquerda, com a boa votação do candidato Humberto Costa (PT), que conquistou um inédito 2º lugar para o partido. Esta foi a primeira eleição da história do Recife com possibilidade de 2º turno. Contudo, Jarbas Vasconcelos derrotou os outros cinco adversários no 1º turno, com 52,72% dos votos válidos.
Resultado das eleições para prefeito de 1992
1º turno:
Jarbas Vasconcelos (PSB) – 52,72% (270.330 votos) ELEITO
Humberto Costa (PT) – 18,71% (95.937 votos)
André de Paula (PFL) – 13,90% (71.292 votos)
Newton Carneiro (PSC) – 8,67% (44.475 votos)
Eduardo Campos (PSB) – 7,52% (25.605 votos)
Luciano Bivar (PSL) – 0,59% (2.863 votos)
1996
Roberto Magalhães festeja vitória para a prefeitura do Recife, em 1996
Reprodução / TV Globo
Uma das eleições com mais candidatos no Recife (oito no total), o pleito de 1996 teve um ex-governador como candidato. Roberto Magalhães (PFL), que comandou o estado entre 1983 e 1986, surgiu como o símbolo da aliança entre o então prefeito Jarbas Vasconcelos e as correntes mais à direita.
A esquerda se dividiu em três grupos. Os mais moderados com João Braga (PSDB), que fazia parte da gestão Jarbas, e rompeu para disputar a prefeitura. Na esquerda mais tradicional, o então deputado estadual João Paulo foi lançado pelo PT; enquanto o governador da época, Miguel Arraes, apoiou o então senador Roberto Freire (PCB).
Com um segundo mandato bem avaliado e cotado para disputar o governo de Pernambuco, Jarbas conseguiu eleger o sucessor. Roberto Magalhães foi eleito ainda no 1º turno, com 50,96% dos votos válidos.
Resultado das eleições para prefeito de 1996
1º turno:
Roberto Magalhães (PFL) – 50,96% (317.625 votos) ELEITO
João Braga (PSDB) – 19,18% (119.539 votos)
João Paulo (PT) – 16,87% (105.160 votos)
Pedro Corrêa (PPB) – 8,08% (50.378 votos)
Roberto Freire (PCB) – 3,54% (22.065 votos)
João Olímpio Valença (PSC) – 0,75% (4.684 votos)
Joaquim Oliveira (PSTU) – 0,39% (2.393 votos)
Jurandy Mendes (PTdoB) – 0,23% (1.406 votos)
2000
João Paulo durante festa da vitória após ser eleito prefeito do Recife pela 1ª vez, em 2000
Reprodução / TV Globo
Uma das mais emblemáticas eleições da história do Recife, a disputa de 2000 foi a primeira a ter um 2º turno – e uma virada eleitoral. Também foi a primeira eleição municipal após a Emenda Constitucional que permitia reeleição para cargos do Poder Executivo (prefeito, governador e presidente).
O então prefeito Roberto Magalhães (PFL) tentou a reeleição com o apoio de Jarbas Vasconcelos, governador da época. Pela oposição, os principais nomes foram o então senador pelo PPS, Carlos Wilson (morto em 2009) e João Paulo (PT), que era deputado estadual. Ao todo, foram seis candidaturas.
Apesar de favorito nas pesquisas, Roberto Magalhães sofreu desgastes pelo temperamento considerado agressivo e também à impopularidade de seu grupo político ligado ao presidente do período, Fernando Henrique Cardoso (PSDB). Uma greve da Polícia Militar, que abriu uma crise na gestão de Jarbas, também é avaliada como influência na decisão dos eleitores naquele ano.
Na eleição mais apertada da história até hoje, João Paulo (PT), que ficou em 2º lugar no primeiro turno, venceu de virada com 50,38% dos votos válidos.
Resultado das eleições para prefeito de 2000
1º turno:
Roberto Magalhães (PFL) – 49,42% (345.915 votos) 2º turno
João Paulo (PT) – 35,62% (249.282 votos) 2º turno
Carlos Wilson (PPS) – 10,89% (76.199 votos)
Vicente André Gomes (PCB) – 3,38% (23.646 votos)
Pantaleão (PSTU) – 0,39% (2.750 votos)
Fred Brandt (PHS) – 0,30% (2.102 votos)
2º turno:
João Paulo (PT) – 50,38% (382.988 votos) ELEITO
Roberto Magalhães (PFL) – 49,62% (377.153 votos)
2004
João Paulo discursa ao lado de aliados após ser o primeiro prefeito reeleito da história do Recife, em 2004
Reprodução / TV Globo
Em 2004, a disputa foi protagonizada pelo então prefeito, João Paulo (PT), que foi o primeiro politico a conseguir uma virada no segundo turno e também o primeiro a se reeleger. As primeiras pesquisas apontavam para uma disputa acirrada com o ex-governador Joaquim Francisco (morto em 2021), que disputou pelo PTB; e o deputado federal Carlos Eduardo Cadoca (PMDB) – falecido em 2020, apoiado pelo governador Jarbas Vasconcelos, reeleito em 2002.
Com apoio do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), em seu primeiro mandato, e defendendo as principais bandeiras de sua gestão – como o Orçamento Participativo e obras nos morros – João Paulo alavancou uma vitória no 1º turno, sendo reeleito com 56,11% dos votos válidos. Foi a primeira vez que a cidade reelegeu um prefeito.
Resultado das eleições para prefeito de 2004
1º turno:
João Paulo (PT) – 56,11% (458.846 votos) ELEITO
Carlos Eduardo Cadoca (PMDB) – 27,62% (225.847 votos)
Joaquim Francisco (PTB) – 9,37% (76.587 votos)
Raul Jungmann (PPS) – 3,63% (29.722 votos)
Irmão Araújo (PSC) – 1,74% (14.206 votos)
Silvio Costa (PMN) – 1,21% (9.870 votos)
Kátia Telles (PSTU) – 0,33% (2.666 votos)
Conde* (PHS) – 0,00% (0 votos) *candidatura impugnada
2008
João da Costa participa de festa de comemoração pela eleição para a prefeitura do Recife, em 2008
Reprodução / TV Globo
A sétima eleição municipal do Recife após a redemocratização teve candidato favorito concorrendo pela primeira vez na vida. O secretário de Orçamento Participativo da cidade na época, João da Costa (PT), foi lançado com apoio do então prefeito João Paulo e de Eduardo Campos (PSB), governador da época.
Pela oposição, uma divisão em três frentes, com o ex-governador Mendonça Filho (DEM), o então deputado federal Raul Henry (PMDB), apoiado pelo ex-governador Jarbas Vasconcelos, e o também deputado federal Carlos Eduardo Cadoca (PSC).
Com a gestão de João Paulo bem avaliada e tendo circulado a cidade toda com o orçamento participativo, João da Costa alcançou a liderança das pesquisas após o início da propaganda no rádio e na TV. Ao todo, sete candidatos disputaram a prefeitura. João da Costa foi eleito no 1º turno, com 51,54% dos votos válidos.
Resultado das eleições para prefeito de 2008
1º turno:
João da Costa (PT) – 51,54% (432.707 votos) ELEITO
Mendonça Filho (DEM) – 24,63% (206.827 votos)
Raul Henry (PMDB) – 16,41% (137.728 votos)
Carlos Eduardo Cadoca (PSC) – 3,07% (30.929 votos)
Edilson Silva (PSOL) – 3,01% (25.568 votos)
Kátia Telles (PSTU) – 0,46% (3.890 votos)
Roberto Numeriano (PCB) – 0,23% (1.938 votos)
2012
Geraldo Julio durante comemoração pela eleição para a prefeitura do Recife, em 2012
Reprodução / TV Globo
Eleição marcada pela turbulência política do PT, que comandava a cidade há três mandatos. Com baixos índices de popularidade, o então prefeito João da Costa sofreu resistências internas no próprio partido, especialmente após romper com seu padrinho político, o ex-prefeito João Paulo.
O PT promoveu prévias, vencidas por João da Costa, mas invalidadas pelo diretório nacional petista, que resolveu lançar o senador Humberto Costa. Crítico do processo e potencial candidato a presidente, o então governador Eduardo Campos (PSB) lançou a candidatura do secretário estadual de Planejamento da época, Geraldo Julio (PSB).
Uma das novidades desta eleição foi o então deputado estadual Daniel Coelho (PSDB), que chegou ao segundo lugar. Foram oito candidaturas no total. De desconhecido, Geraldo Julio passou para a liderança e venceu no 1º turno, com 51,15% dos votos válidos.
Resultado das eleições para prefeito de 2012
1º turno:
Geraldo Julio (PSB) – 51,15% (458.380 votos) ELEITO
Daniel Coelho (PSDB) – 27,65% (245.120 votos)
Humberto Costa (PT) – 17,43% (154.460 votos)
Mendonça Filho (DEM) – 2,25% (19.403 votos)
Roberto Numeriano (PCB) – 0,76% (6.766 votos)
Edna Costa (PPL) – 0,30% (2.649 votos)
Jair Pedro (PSTU) – 0,24% (2.095 votos)
Douglas Sampaio (PRTB) – 0,23% (2.026 votos)
2016
Geraldo Julio segura bandeira do Recife após ser reeleito prefeito da cidade, em 2016
Reprodução / TV Globo
Geraldo Julio (PSB) disputou a reeleição tendo como principal adversário o ex-prefeito João Paulo (PT). Esta foi a primeira disputa após a minirreforma eleitoral de 2015, que encurtou o tempo do guia eleitoral no rádio e na TV.
Além de João Paulo, a oposição lançou mais dois nomes, próximos do campo da direita. A então deputada estadual Priscila Krause (DEM) e, pela segunda vez, Daniel Coelho (PSDB), deputado federal na época.
Naquele ano, oito candidatos disputaram o cargo de prefeito. Após um início com empate nas pesquisas, Geraldo Julio abriu vantagem sobre João Paulo e ficou perto de vencer no 1º turno. Geraldo foi reeleito no 2º turno com 61,30%, um diferença de mais de 500 mil votos. É a maior vitória percentual – e em número de votos – no Recife até a atualidade.
Resultado das eleições para prefeito de 2016
1º turno:
Geraldo Julio (PSB) – 49,34% (430.997 votos) 2º turno
João Paulo (PT) – 23,76% (207.529 votos) 2º turno
Daniel Coelho (PSDB) – 18,59% (162.356 votos)
Priscila Krause (DEM) – 5,43% (47.399 votos)
Edilson Silva (PSOL) – 2,10% (18.352 votos)
Carlos Augusto (PV) – 0,62% (5.394 votos)
Simone Fontana (PSTU) – 0,12% (1.029 votos)
Pantaleão (PCO) – 0,05% (429 votos)
2º turno:
Geraldo Julio (PSB) – 61,30% (528.335 votos) ELEITO
João Paulo (PT) – 38,70% (333.516 votos)
2020
João Campos em primeiro discurso após ser eleito prefeito do Recife, em 2020
Reprodução / TV Globo
A disputa com mais candidatos na história do Recife, com nove no total. Representando a gestão de Geraldo Julio, o filho do ex-governador Eduardo Campos, João Campos (PSB), eleito dois anos antes o deputado federal mais votado da história de Pernambuco.
Na oposição, pela esquerda, a também deputada federal na época Marília Arraes (PT), que enfrentou resistência no diretório municipal do partido, sendo referendada pelo comando nacional da sigla. Pela direita, as candidaturas de Mendonça Filho (DEM) e Delegada Patrícia (Podemos).
A eleição teve o 1º turno mais acirrado da história do Recife, com menos de cinco pontos percentuais separando os três primeiros colocados. Primos de segundo grau, João Campos e Marília Arraes foram ao 2º turno. Após uma campanha marcada pela agressividade nos discursos, João Campos venceu com 56,27% dos votos válidos.
Resultado das eleições para prefeito de 2020
1º turno:
João Campos (PSB) – 29,13% (233.028 votos) 2º turno
Marília Arraes (PT) – 27,90% (223.248 votos) 2º turno
Mendonça Filho (DEM) – 25,07% (200.551 votos)
Delegada Patrícia (Podemos) – 14,04% (112.296 votos)
Carlos Andrade Lima (PSL) – 1,74% (13.938 votos)
Coronel Feitosa (PSC) – 1,18% (9.441 votos)
Charbel Maroun (Novo) – 0,48% (3.867 votos)
Thiago Santos (UP) – 0,15% (1.232 votos)
Cláudia Ribeiro (PSTU) – 0,15% (1.190 votos)
2º turno:
João Campos (PSB) -56,27% (447.913 votos) ELEITO
Marília Arraes (PT) – 43,73% (348.126 votos)
Força da máquina e falta de diversidade
Nas dez eleições municipais disputadas desde a redemocratização, em 1985, em cinco oportunidades (1996, 2004, 2008, 2016 e 2020) os candidatos da situação, ou seja, ligados às gestões, venceram. Em outras cinco (1985,1988,1992, 2000 e 2012), oposicionistas ganharam o pleito.
Apesar disso, para o cientista político Caio Leite Rabelo, o peso de quem está no poder e tem a máquina pública nas mãos é de grande relevância. Isso explicaria a maior facilidade, não só no Recife, dos candidatos à reeleição ou das eleições serem frequentemente resolvidas no 1º turno:
“Se eu estou sentado na cadeira do prefeito ou na cadeira do governador no momento da eleição para prefeito, tenho uma série de vantagens sobre os meus oponentes. E aí o que vai explicar uma eleição ser mais acirrada ou ir para o segundo turno é muito mais a força do desafiante do que o dado que geralmente incumbentes [titulares dos cargos] ganham as eleições. Pessoas que estão sentadas na cadeira, que têm a máquina, ganham as eleições para prefeito, para governador e ainda tem essa interação do executivo estadual, no caso o governo do Estado, impactando na política recifense”, disse.
Dos prefeitos do Recife que governaram a cidade depois da Emenda Constitucional que garantiu o direito à reeleição, em 1997, apenas Roberto Magalhães (PFL) foi derrotado, em 2000.
João da Costa (PT) chegou a disputar a indicação do partido para tentar a reeleição, mas não conseguiu apoio da legenda e não disputou em 2012.
João Paulo (PT), em 2004, e Geraldo Julio (PSB), em 2016, tentaram e conseguiram se manter no cargo.
Sobre a falta de diversidade de gênero na disputa pelo cargo mais importante da cidade, Rabelo indica um problema estrutural: “É um determinante que está ligado a essa estrutura partidária e às vezes quando a gente até analisa as cizânias [discórdias] políticas entre figuras do mesmo partido, por exemplo, são homens disputando entre si para ver quem é que vai ser o candidato a prefeito, o candidato a governador”, destaca.
VÍDEOS: mais vistos de Pernambuco nos últimos 7 dias

Mais Notícias