23 de setembro de 2024

Rodoviários em aviso prévio e anúncio de suspensão de linhas: entenda crise no transporte metropolitano de Salvador

Sistema transporta mais de 3 milhões de passageiros mensalmente e recebe reclamações constantes. Empresas que operam transporte metropolitano de Salvador anunciam entregam linhas
Duas empresas que prestam serviço no transporte metropolitano de Salvador anunciaram a suspensão de algumas linhas e o cumprimento de aviso prévio dos rodoviários. A situação expõe uma crise no sistema, que transporta mais de 3 milhões de pessoas mensalmente e convive com constantes reclamações de passageiros.
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Essa reportagem do g1 vai explicar:
Fim de linhas que atendem atendem cinco cidades;
Fim de linhas que atendem Lauro de Freitas – Salvador;
Justificativas das empresas;
Demissões dos rodoviários;
Tentativa de licitação em 2023 não andou;
O que diz a Agerba;
Aumento de tarifas após greve encerrada há cerca de um mês;
Cronologia de atos feitos pelos rodoviários;
Como funciona o deslocamento entre as cidades;
Como funciona o transporte do sistema metropolitano.
1. Fim de linhas que atendem cinco cidades
Em reunião com o Sindicato dos Trabalhadores de Transporte Metropolitano (Sindimetro), na sexta-feira (5), a empresa Avanço Transportes, responsável pela operação de linhas metropolitanas que atendem as cidades de Madre de Deus, Candeias, Camaçari e Lauro de Freitas, informou que vai entregar as linhas no dia 14 de abril.
Veja abaixo as linhas que deixarão de ser operadas pela empresa Avanço Transportes:
A800 – Camaçari x Águas Claras (via BA-093)
A0812 – Camaçari x Simões Filho
A0813 – Candeias x Simões Filho
A814A – Camaçari x Águas Claras (via Parafuso)
A0834 – Madre de Deus/Candeias x Lauro de Freitas
A0835 – Distrito de Passé (Candeias) x Calçada
A0903A – Candeias x Outlet Premium (via Simões Filho)
874A – Simões Filho x Lauro de Freitas
811.URB – Candeias x São Francisco do Conde
2. Fim de linhas Lauro de Freitas – Salvador
Também em reunião com o Sindimetro, na sexta, a empresa Costa Verde anunciou que não prestará mais os serviços com linhas que atendem Lauro de Freitas e Salvador após 26 anos de operação a partir do dia 2 de maio.
Veja abaixo as linhas que deixarão de ser operadas pela empresa Costa Verde:
846 – Lauro de Freitas – Lapa (via Avenida Centenário)
860 – Portão – Terminal Pituaçu (via Avenida Pinto de Aguiar)
841 – Vilas do Atlântico – Campo Grande (via orla)
3. Justificativas das empresas
Para tomar a decisão pela suspensão das linhas as empresas alegam:
👉 dificuldade financeira
👉 concorrência com o transporte clandestino
👉 alto custo com pedágio e peças para manutenção de veículos
👉 falta de licitação do transporte metropolitano
4. Demissões de rodoviários
De acordo com o Sindicato dos Rodoviários Metropolitanos, 1.520 funcionários serão afetados direta e indiretamente com o fim das operações da Costa Verde e Avanço. Eles já cumprem aviso prévio.
5. Tentativa de licitação em 2023 não andou
Em 2 de agosto de 2023, o Ministério Público da Bahia (MP-BA) moveu uma ação civil pública contra o Governo da Bahia, Prefeitura de Salvador e a Agência Estadual de Regulação de Serviços Públicos de Energia, Transportes e Comunicação do Estado da Bahia (Agerba).
No documento, as promotoras de justiça Rita Tourinho e Andréa Borges explicaram que o MP-BA buscava solucionar a questão da licitação desde 2017, quando, conforme o órgão, a Agerba já indicava a abertura de procedimento licitatório, que, até então, nunca foi realizado.
Segundo nota do MP-BA, mesmo com o ajuizamento da ação, o órgão busca solucionar a questão por meio de audiência de conciliação com os envolvidos.
6. O que diz a Agerba
A Agerba disse, em nota, que tem conhecimento do encerramento das atividades da empresa Costa Verde e a devolução das linhas pela empresa Avanço Transportes. Afirmou ainda que tem adotado todas as medidas para que os passageiros não tenham prejuízo. No entanto, não detalhou as medidas.
Questionada sobre a abertura da licitação do transporte metropolitano, a agência informou que o processo está em analise e as tratativas estão sendo feitas junto ao Ministério Público da Bahia e Secretaria de Infraestrutura do Governo do Estado (Seinfra).
7. Greve encerrada há cerca de um mês
👉 Parte dos rodoviários que trabalham no transporte metropolitano nas cidades vizinhas de Salvador (RMS) e da Linha Verde decretou greve, por tempo indeterminado, nas primeiras horas do dia 13 de março. A categoria argumentou que negociava há mais de 100 dias pautas como reajuste de 11% no salário dos rodoviários, 20% no ticket alimentação e 100% na cesta básica, “dentre outras solicitações”.
👉 O movimento foi encerrado no final do dia e a retomada da circulação dos ônibus metropolitanos aconteceu no dia 14 de março.
👉 No dia 25 de março, reajustes das tarifas dos ônibus do transporte público metropolitanos, dos pedágios e das lanchas que fazem a travessa Salvador-Mar Grande foram publicadas pela Agerba no Diário Oficial. No entanto, a medida não foi divulgada pela agência.
👉 Os rodoviários aceitaram um reajuste salarial de 4,75% e de 5% no ticket alimentação e cesta básica. As cláusulas anteriores também foram mantidas, segundo o Sindmetro. As negociações no Ministério Público do Trabalho (MPT) e a assembleia aconteceram no dia 26 de março.
👉 Um dia depois, quando o reajuste de 8,11% em relação a tarifa anterior passou a valer para os ônibus metropolitanos de Salvador, os passageiros foram pegos de surpresa ao encontrar o anúncio de aumento colado nos veículos.
Entenda as mudanças nas tarifas:
Têm valores diferentes a depender da distância da cidade. Na época, as que compõem o Anel 1, ônibus que atendem as cidades de Simões Filho e Lauro de Freitas, passam a custar R$ 5,20.
As tarifas das linhas que atendem a Camaçari e Candeias, Anel 2, passam para R$ 7,40 e as tarifas das linhas que atendem o Anel 3, Dias D’ávila, Mata de São João, São Sebastião do Passé, Madre de Deus, serão R$ 10,40. Ou seja, quem pegava o ônibus em Camaçari com destino ao Terminal Mussurunga, em Salvador, até 26 de março, pagava R$ 6,80. No entanto, a partir desta quarta, vai pagar R$ 7,40. Já quem pegava em Madre de Deus para soltar em Lauro de Freitas, pagava R$9,60 e agora vai desembolsar R$10,40.
8. Cronologia de atos feitos pelos rodoviários
👉 FEVEREIRO DE 2023: Os rodoviários metropolitanos fizeram uma paralisação de 24 horas. Na época, um acordo foi feito para que o dinheiro fosse liberado no dia 20 de julho;
👉 JULHO DE 2023: A categoria entrou em greve, com o pedido do pagamento de direitos trabalhista para cerca de 500 trabalhadores demitidos por duas empresas, que pediram falência. As empresas tinham frota e garagens alugadas – e não teriam patrimônios para serem penhorados.
As empresas dizem que aguardam o repasse de uma verba federal que estaria com o Governo do Estado para poder pagar os ex-funcionários. A gestão estadual afirma que os recursos foram distribuídos entre as empresas de transporte de forma correta.
A Procuradoria Geral do Estado (PGE-BA) entrou com um pedido na Justiça para que a greve fosse declarada ilegal. O movimento foi encerrado dois dias após o início, quando o Tribunal Regional do Trabalho da 5ª Região (TRT5), concedeu a liminar suspendendo a PGE.
👉 AGOSTO DE 2023: Ex-funcionários do transporte metropolitano fizeram uma caminhada e bloquearam uma das faixas da Estrada do Coco, sentido Salvador. Segundo o sindicato da categoria, 530 ex-funcionários das empresas BTM, VSA e Linha Verde ainda não tinham recebido as indenizações trabalhistas.
Na ocasião, PMs do Batalhão de Choque tentaram encerrar o protesto com o uso de bombas de efeito moral. Alguns manifestantes ficaram feridos.
Em nota, a PM disse que tentou várias vezes negociar a liberação da via, mas os participantes ocuparam também a terceira faixa da pista. Com isso, os policiais decidiram usar artefatos de luz e som para dispersar os manifestantes.
O protesto provocou um engarrafamento de quase seis quilômetros na estrada do coco. A Agerba disse que as rescisões trabalhistas não são de competência da agência. As empresas de ônibus não se posicionaram sobre o assunto.
O MP-BA aponta irregularidades no transporte metropolitano e ajuizou uma ação civil pública contra o Estado e o município de Salvador. Na ação, ajuizada no dia 2 de agosto do ano passado, o órgão solicitou:
Desativação de linhas metropolitanas que façam linha na capital baiana;
Desligamento de linhas que operam através de ônibus elétrico.
9. Como funciona o deslocamento entre as cidades?
A Região Metropolitana de Salvador é composta por 12 cidades. São elas: Itaparica, Camaçari, Madre de Deus, Pojuca, Mata de São João, Vera Cruz, Salvador, Candeias, Lauro de Freitas, Simões Filho, São Francisco do Conde, São Sebastião do Passé e Dias d’Ávila.
Lauro de Freitas, Simões Filho e Camaçari são as cidades mais próximas de Salvador. Alguns ônibus que circulam em pontos da capital baiana têm destinos a estes municípios.
Os ônibus que saem dessas três cidades circulam não só por elas, como no Centro de Salvador. Um exemplo é o coletivo que sai de Vilas do Atlântico, em Lauro de Freitas, a cerca de 30 km da capital baiana, com destino ao bairro do Campo Grande, uma distância de 33 km, trajeto feito em 43 minutos, sem engarrafamentos. A passagem para essa viagem custa R$ 5,20.
Já as pessoas que estão em Salvador e querem se deslocar para as cidades como Madre de Deus, Pojuca, Mata de São João, Dias D’Ávila, pegam ônibus na rodoviária da capital baiana ou em alguns pontos da Avenida Paralela.
Já em Itaparica e Vera Cruz, também municípios da região metropolitana da capital baiana, as pessoas podem se deslocar através de ônibus que saem da rodoviária de Salvador, lanchinhas que embarcam no Terminal Náutico, no bairro do Comércio, e no sistema ferry-boat, no Terminal São Joaquim.
10. Como funciona o sistema de transporte metropolitano?
Mais de 3 milhões de pessoas são transportadas mensalmente em 80 linhas que compõe o sistema rodoviário metropolitano feito por ônibus urbano.
As linhas atendem a sete cidades que ficam na Região Metropolitana de Salvador. 63 linhas fazem integração com o metrô da capital baiana. O sistema metropolitano também tem sistema de bilhetagem eletrônica, conhecido como “metropasse”.
O “metropasse” é o cartão eletrônico recarregável utilizado pelos moradores das cidades que ficam na região metropolitana. Ele permite que as pessoas façam integração das linhas metropolitanas com o metrô e ônibus urbano da Integra, durante um período de três horas.
Com isso, é possível combinar a viagem de ônibus metropolitano com o metrô e também de ônibus metropolitano, metrô e ônibus urbano, pagando apenas o valor da tarifa do ônibus metropolitano.
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