13 de novembro de 2024

Ronnie Lessa pede para depor sem a presença dos irmãos Brazão

Audiência com perguntas da Procuradoria Geral da República e de assistentes de acusação teve início na tarde desta terça-feira (27). “São pessoas de alta periculosidade, assim como eu fui. São muito perigosos (os réus) mais do que se possa imaginar”, disse Lessa no início do seu depoimento. Ronnie Lessa em depoimento nesta tarde de terça-feira (27) em depoimento no STF
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O ex-policial Ronnie Lessa iniciou, na tarde desta terça-feira (27), seu depoimento em audiência virtual no Supremo Tribunal Federal (STF). Logo na abertura, Saulo Carvalho, advogado de Lessa solicitou que todos outros réus deixassem a videoconferência e não assistissem à sessão, sendo representados apenas por suas defesas.
O juiz Airton Vieira, auxiliar do STF e que preside a audiência, acatou o pedido e perguntou ao assassino de Marielle Franco se ele diria isso aos outros advogados. Lessa respondeu:
“Havia um pacto de silêncio e gostaria que isso fosse respeitado. É tudo muito delicado. Não estamos lidando com pessoas comuns. São pessoas de alta periculosidade, assim como eu fui. São muito perigosos [os réus] mais do que se possa imaginar”.
Essa seria a primeira vez que Lessa prestaria depoimento diante da presença, mesmo virtual, dos réus do processo no STF:
Domingos Brazão, conselheiro do Tribunal de Contas do Estado (TCE)
Chiquinho Brazão, deputado federal
Rivaldo Barbosa, delegado da Polícia Civil do RJ
Ronald Paulo Alves Pereira, major da PM do RJ
Robson Calixto Fonseca, o Peixe, PM e assessor de Brazão no TCE
Todos estão presos. Domingos, Chiquinho, Rivaldo e Peixe por envolvimento na morte de Marielle. O major Ronald já estava preso por envolvimento com a milícia de Rio das Pedras. Os irmãos Brazão e Rivaldo estão presos desde 24 de março.
A expectativa do depoimento é que Ronnie Lessa reafirme pontos da sua delação premiada. Ele iniciou seu relato contando que conhece os irmãos Brazão há 20 anos.
O primeiro a questioná-lo é o representante da Procuradoria Geral da República (PGR), na audiência, o promotor Olavo Pezzotti.
Depois dele, será aberto a questionamentos das assistentes de acusação das famílias de Marielle e de Anderson Gomes.
Ronnie Lessa é assassino confesso da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes no crime ocorrido em 14 de março de 2018.
Em acordo de colaboração premiada, homologado pelo STF, Lessa apontou o conselheiro do Tribunal de Contas do Estado (TCE), Domingos Brazão, e o deputado federal Chiquinho Brazão como mandantes do crime. Segundo Ronnie Lessa, em sua delação, Rivaldo Barbosa sabia da execução da vereadora, o que garantiria impunidade na investigação.
Ronnie Lessa foi preso em março de 2019, um ano após o crime, pelo Ministério Público estadual do Rio e pela Polícia Civil. Desde então, está em um presídio federal. Por quatro anos se manteve em silêncio e negando a participação no crime.
Em 2023, após a entrada da Polícia Federal no caso, o motorista do Cobalt, o ex-policial Élcio de Queiroz fez uma colaboração premiada em que confessou a participação da dupla no crime.
Depois, a mulher de Lessa, Elaine contou que na noite em que Marielle foi morta, Ronnie Lessa permaneceu toda a madrugada fora. Até então, Ronnie Lessa dizia que havia passado aquela noite de 14 de março em casa. O seu aparelho celular permaneceu toda aquela noite desligado.
Outro ponto foi o acesso de Lessa a um site de pesquisas particular que atua oferecendo consulta a dados cadastrais da Serasa Experian, serviço criado para auxiliar comerciantes e financeiras na validação de dados de clientes. No site, Lessa fez pesquisas sobre Marielle e sobre sua filha, Luyara.
Após o depoimento de Lessa será a vez do outro réu colaborador, Élcio de Queiroz, motorista do Cobalt.
Após essa rodada, as defesas dos réus selecionarão testemunhas ou pedirão diligências ao STF.
Nesta segunda-feira (26), o policial militar Robson Calixto Fonseca, o Peixe, foi internado no Hospital da Polícia Militar. Ele tem uma úlcera que está gerando feridas na perna direita. A internação é por tempo indeterminado.
O conselheiro do TCE do RJ, Domingos Brazão, preso na Penitenciária Federal de Porto Velho, em Rondônia
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