10 de janeiro de 2025

RS: excesso de água doce na Lagoa dos Patos prejudica a reprodução de espécies marinhas

A lagoa é a casa de diversas espécies que vivem dentro ou às margens dela. Há 26 anos, o lugar é monitorado por um programa nacional que faz um inventário das espécies que habitam os biomas brasileiros. No Sul do RS, enchente tem efeitos nocivos para ecossistema importante
No sul do Rio Grande do Sul, a enchente teve efeitos nocivos para um ecossistema importante.
A Lagoa dos Patos é a casa de diversas espécies que vivem dentro ou às margens dela. Há 26 anos, o lugar é monitorado pela Pesquisa Ecológica de Longa Duração, que faz um inventário das espécies que habitam os biomas brasileiros.
“A gente estuda diversos organismos e, também, a parte físico-química da água, que serve para a gente conseguir entender a variabilidade desses organismos. Desde pequenas plantas até os maiores, como peixes, corvinas, camarão”, afirma Manuel Macedo de Souza, oceanógrafo FURG.
De um lado, o oceano. Do outro, a lagoa. O encontro da água salgada com a doce forma um estuário. Lá, o ecossistema é adaptado à variação de salinidade. Mas a quantidade de água doce que chegou na Lagoa dos Patos nas inundações superou em dez vezes a média anual e isso interfere diretamente na vida. Nesta terça-feira (4), a medição de salinidade da Lagoa dos Patos deu igual a zero. É como se, de repente, esse corpo d’água virasse um rio.
“Vai mudar em todos os níveis. A gente vai ter mudanças nas algas que vivem ali no fundo, nas algas da coluna d’água, na vegetação. Significa que vai ter menos alimentos para outros organismos e os outros organismos, com água doce, vai mudar a estrutura da comunidade”, explica Margareth Copertino, oceanógrafa FURG.
A lagoa já mudou de cor em toda extensão. A água que chegou do Guaíba carrega sedimentos com carga química e biológica em concentração seis vezes acima do normal.
“Eles saem pelos molhes da Barra levando na sua composição contaminantes, poluentes e, principalmente, sedimentos finos. Esses sedimentos finos tenderão a se depositar na região costeira e também ao longo do trajeto de toda a lagoa”, diz Elisa Fernandes, do Comitê de Eventos Extremos FURG.
Os cientistas constataram que a lagoa também está mais turva.
“Essa falta de transparência da água significa que tem pouca luz chegando no fundo e menos fotossíntese. Essas plantas que viviam no fundo que chegava luz, agora não chega luz suficiente para elas crescerem”, afirma Margareth Copertino.

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