22 de setembro de 2024

Saiba como o ‘caipira’ Mazzaropi revolucionou a indústria do cinema no Brasil

Amácio Mazzaropi completaria 112 anos de vida nesta terça-feira (9) se ainda estivesse vivo. Ícone do cinema nacional, ele fez 32 filmes no total e foi um dos principais nomes da arte no país no século XX. Mazzaropi
Foto: Divulgação/Museu Mazzaropi
Considerado até hoje um dos principais nomes do cinema brasileiro, Amácio Mazzaropi completaria 112 anos de vida nesta terça-feira (9) se ainda estivesse vivo. Com 32 filmes produzidos e grandes trabalhos também no teatro, circo, rádio e televisão, ele revolucionou a indústria artística do país.
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Mazzaropi nasceu no dia 9 de abril de 1912 e, embora o trabalho nesse meio não fosse bem visto na época, dedicou sua vida à arte. Sua trajetória começou no teatro, mas teve maior destaque no cinema, onde atuou como produtor, roteirista, cenógrafo, ator, diretor, entre outros.
De acordo com a assistente cultural Verônica Ferreira, do Museu Mazzaropi, localizado em Taubaté (SP), os filmes de Amácio tinham como objetivo retratar a vida do homem no campo. Por isso, muitas vezes os personagens principais das obras – que ele mesmo interpretava – eram o caipira, símbolo de sua história na dramaturgia
“Ele usava assuntos do cotidiano e fazia os filmes. Tinha muito apelo do público por retratar a realidade. As pessoas se sentiam representadas por isso. O herói da obra era o homem comum, do interior. O povo era muito valorizado. Ele ia contra a ideia de que tudo o que é de fora é bom e valoriza o interior do país”, explica Verônica.
Mazzaropi
Divulgação
Uma das obras de maior sucesso foi ‘Jeca Tatu’, que, no ano de lançamento, em 1959, teve um público de mais de 8 milhões de pagantes. O filme é sobre a vida de um caipira que vive no interior de São Paulo e tem sua propriedade ameaçada por um latifundiário.
Além deste, outros filmes de muito destaque foram ‘Sai da Frente’, ‘Nadando em Dinheiro’, ‘Tristeza do Jeca’, ‘O Corintiano’, ‘O Grande Xerife’, ‘O Jeca e a Égua Milagrosa’, entre outros – confira a lista completa de filmes abaixo.
Para Veronica, Amácio Mazzaropi revolucionou a indústria do cinema brasileiro principalmente por mostrar como era possível fazer filmes com poucos recursos no início de sua carreira nos filmes e por desenvolver a arte no país.
“Não teve quem fez mais no cinema brasileiro do que o Mazzaropi. Ele é fonte de inspiração até hoje nos filmes nacionais. A forma como ele conseguia popularizar os personagens e utilizar assuntos do dia a dia com bom humor é algo grandioso. Ele fez acontecer com poucos recursos, desempenhando vários papéis. Era muito talentoso”, conta a assistente cultural.
Filme Jeca Tatu
Divulgação
Biografia
A história de Amácio Mazzaropi no país começou em 1980, quando seus avós maternos – pais de Clara Ferreira (mãe de Amácio) – deixaram Portugal e chegaram ao Brasil, para morar em Taubaté.
Em 1900 foi a vez dos avós materno – pais de Bernardo Mazzaropi (pai de Amácio) – chegarem ao país, em Dourados (SP), após deixarem Nápoles, na Itália.
Em 1910, Clara Ferreira e Bernardo Mazzaropi se casaram e passaram a morar em São Paulo, no bairro de Santa Cecília. Numa casa pequena nasceu Amácio Mazzaropi, no dia 9 de abril de 1912.
Família de Amácio Mazzaropi
Divulgação/Museu Mazzaropi
A falta de dinheiro fez a família voltar para Taubaté, em 1914, quando Bernardo foi trabalhar como operário têxtil na Companhia Taubaté Industrial (CTI). Em 1919 eles voltaram a viver em São Paulo e, em 1922, retornam novamente à cidade do interior.
Desde essa época, Amácio demonstrava habilidade com artes, principalmente na escola. Ele também passou a frequentar circos que passavam por Taubaté e tinha vontade de se tornar ator circense.
“Na época, trabalhar com arte não era bem visto, então os pais de Mazzaropi eram contrários a essa vontade dele. Mas mesmo com pouco contado ele foi apreendendo e tendo cada vez mais relação com o teatro”, explica Verônica.
Amácio Mazzaropi na escola, quando já tinha apreço pela arte
Divulgação/Museu Mazzaropi
Justamente por conta da vontade contrária dos pais, Amácio chegou a trabalhar como caixeiro em uma loja da família em Curitiba, no Paraná e tecelão na CTI, em Taubaté.
Em 1934, com 22 anos, Amácio ingressou em uma companhia de arte, da qual passou a ser o líder. A companhia passou a se chamar ‘Troupe Mazzaropi’ e viajava pelo interior de São Paulo, onde fez diversas apresentações teatrais.
Amácio Mazzaropi
Divulgação/Museu Mazzaropi
Mesmo assim, a falta de recursos dificultava o negócio, que não chegou a se firmar totalmente. Em meio a isso, Amácio teve as primeiras participações em programas de rádio, em que contava piadas.
Assim ganhou público e cresceu no meio de comunicação. Teve grande prestígio, principalmente nos programas na Tupi do Rio de Janeiro e Baré de Manaus.
O sucesso no rádio o alavancou à televisão. Em 1950, ano em que surgiu a primeira emissora de TV no Brasil, Mazzaropi já ganhou espaço e, por isso, é considerado o primeiro humorista do país na TV.
Amácio Mazzaropi
Divulgação/Museu Mazzaropi
Amácio aumentou seu público e passou a ser famoso, até que foi chamada para fazer parte da companhia cinematográfica Vera Cruz em 1951, aos 39 anos.
Esse foi o primeiro passo da carreira diretamente no cinema. Fez oito filmes pela companhia, sendo o primeiro, ‘Sai da Frente’, lançado em 1952.
Em 1958, quando a empresa passava por dificuldades financeiras, Mazzaropi resolveu criar sua própria produtora – a Produções Amácio Mazzaropi (Pam Filmes), aos 46 anos.
Amácio Mazzaropi
Divulgação/Museu Mazzaropi
Um dos maiores sucessos de sua carreira, ‘Jeca Tatu’, foi lançado em 1960. Desde então, o paulista ganhou reconhecimento e até prêmios no meio, como por exemplo o troféu de Campeão de Bilheteria no 4º Festival de Teresópolis.
Em 1973 foi lançado o filme ‘Um Caipira em Bariloche’, primeira obra produzida por ele a ser exibido no exterior.
O sucesso só foi interrompido em 1981, quando Amácio Mazzaropi morreu no hospital Albert Einstein, em São Paulo, no dia 13 de junho. Ele foi vítima de uma sepse, aos 69 anos. Seu corpo foi enterrado em Pindamonhangaba.
O local onde Amácio construiu seu primeiro estádio, em 1961, funciona hoje o Hotel e Museu Mazzaropi. O local funciona de terça a sexta-feira (das 9h às 11h e das 13h às 16h) e aos sábados e domingos (das 9h às 11h).
Museu Mazzaropi
Divulgação/Museu Mazzaropi
Filmes
De acordo com o Museu Mazzaropi, o produtor, roteirista, ator e diretor fez ao todo 32 filmes, sendo oito pela Vera Cruz e 24 pela Pam Filmes, sua própria produtora.
O primeiro filme foi lançado em 1952 e o último em 1980, um período de 28 anos. Mazzaropi teve, portanto, uma média de mais de uma produção de obra por ano.
Confira a lista dos 23 filmes de Amácio Mazzaropi:
Sai da Frente (1952)
Sai da Frente (1952)
Divulgação/Museu Mazzaropi
Nadando em Dinheiro (1952)
Candinho (1953)
A Carrocinha (1955)
O Gato de Madame (1956)
Fuzileiro do Amor (1956)
O noivo da Girafa (1957)
Chico Fumaça (1958)
Chofer de Praça (1958)
Jeca Tatu (1959)
Jeca Tatu (1959)
Divulgação/Museu Mazzaropi
As Aventuras de Pedro Malasartes (1960)
Zé do Periquito (1960)
Tristeza do Jeca (1961)
O Vendedor de Linguiça (1962)
Casinha Pequenina (1963)
O Lamparina (1964)
Meu Japão Brasileiro (1964)
O Puritano da Rua Augusta (1965)
O Corintiano (1966)
O Corintiano (1966)
Divulgação/Museu Mazzaropi
O Jeca e a Freira (1967)
No Paraíso das Solteironas (1968)
Uma Pistola para Djeca (1969)
Betão Ronca Ferro (1970)
O Grande Xerife (1972)
Um Caipira em Bariloche (1973)
Portugal… Minha Saudade (1973)
Portugal… Minha Saudade (1973)
Divulgação/Museu Mazzaropi
O Jeca Macumbeiro (1974)
Jeca Contra o Capeta (1975)
Jecão… Um Fofoqueiro no Céu (1977)
Jeca e seu Filho Preto (1978)
A Banda das Velhas Virgens (1979)
O Jeca e a Égua Milagrosa (1980)
O Jeca e a Égua Milagrosa (1980)
Divulgação/Museu Mazzaropi
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