Conclusão das obras está prevista para o início de 2025, quando o banco poderá começar a receber e cultivar as sementes. Bancos de germoplasma são locais criados para conservar materiais genéticos de uma ou mais espécies de animais, vegetais e microrganismos. Armazenados, eles formam um grande patrimônio de informações genéticas que podem ser usados por gerações futuras para pesquisas e cultivo de plantas mais produtivas e adaptadas a diferentes climas, solos e necessidades dos agricultores e do mercado.
É pensando no futuro que uma iniciativa da Universidade Federal de Viçosa (UFV) busca ao construir o primeiro banco genético da planta Cannabis sativa no Brasil.
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Segundo informações da instituição, o banco será construído em uma área de quase um hectare no Vale da Agronomia da universidade, com segurança reforçada.
“A área está praticamente pronta e teremos três áreas de cultivo externo com iluminação suplementar e uma casa de vegetação com 450 metros. Agora, estamos começando a construção do alambrado para cercar o local de plantação”, revela o professor Derly José Henriques da Silva, que está à frente do projeto.
Banco será construído em uma área de quase um hectare no Vale da Agronomia da universidade, com segurança reforçada
UFV/ Divulgação
O professor também explica que o laboratório de Recursos Genéticos do Departamento de Agronomia será utilizado e, além disso, haverá um local de extração de óleos. “Os estudantes da universidade terão possibilidades de fazer estágio, mestrado e doutorado com as plantas de cannabis e com os laboratórios”, acrescenta Derly.
O projeto da UFV que envolve a Cannabis prevê a coleção apenas das sementes das variedades, mas poderá se estender, por exemplo, para a cultura de tecidos no futuro. Conforme Derly, o objetivo é coletar sementes de até cinco mil tipos diferentes de plantas de Cannabis.
A conclusão das obras está prevista para o início de 2025, quando o banco poderá começar a receber e cultivar as sementes.
“Com a construção do banco pretende-se entender o comportamento da planta no país e fornecer material de pesquisa para os mais diversos fins. Fico feliz por inserir o nosso país nessa pesquisa tão promissora, pois a Cannabis será mais uma commodity brasileira”, diz o professor.
Segundo Derly Henriques, o objetivo do projeto é coletar sementes de até cinco mil tipos diferentes de plantas de Cannabis
Arquivo pessoal
Cultivo de sementes
Para criar a coleção, o banco precisa receber doações de todas as regiões do país e do mundo. As sementes serão importadas de bancos de germoplasma certificados e de cultivos que já acontecem em solo nacional, por meio de associações e de pacientes que têm o direito de cultivo pela Justiça.
Com o tempo, o banco também poderá doar variedades para outras instituições, praticando, assim, o intercâmbio de recursos genéticos.
Uma vez recebidos os diferentes tipos de plantas, o próximo passo será plantar as sementes, o que vai permitir descrever e registrar cientificamente as características e condições de adaptabilidade da planta.
O professor revela que os dados gerados permitirão conhecer a capacidade produtiva e o melhor potencial de aproveitamento dos subprodutos.
Depois de passar por essas fases, a planta ganha uma espécie de passaporte com dados que serão disponibilizados para a comunidade científica, instituições e empresas conveniadas que estejam interessadas no cultivo ou na produção de híbridos para determinados fins comerciais.
“As informações sobre as plantas serão públicas e estarão, inclusive, em publicações científicas, mas o acesso aos diferentes tipos de plantas será feito mediante convênio com empresas interessadas”, explica Derly.
Potencial da Cannabis
O crescimento rápido, com produção de flores em cerca de cinco meses, permite que a cannabis seja cultivada em rotação com soja
UFV/ Divulgação
Conforme Derly Henriques, a Cannabis é uma planta comercialmente muito promissora. Por ter raízes profundas, protege o solo e pode ser cultivada em áreas degradadas, uma vez que a produção de biomassa ajuda no sequestro de gás carbônico (CO2), um gás causador do efeito estufa.
Além disso, o crescimento rápido, com produção de flores em cerca de cinco meses, permite que ela seja cultivada em rotação com soja e outras culturas, podendo elevar a produtividade. Derly também explica que é nas flores que estão os canabinóides psicoativos.
O caule e as folhas podem ser aproveitados para a obtenção de cânhamo, uma fibra usada para a produção de roupas e até de materiais de construção. Com alto teor de canabidiol (CBD), esse composto não tem efeitos psicoativos, mas tem um grande potencial medicinal e terapêutico.
A semente também é rica em proteínas e óleos, com potencial de aproveitamento para a indústria de alimentos e fármacos.
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