Setor gerou neste ano o triplo de vagas de 2023. Série do g1 esmiúça a mudança de cenário e mostra os segmentos que contribuíram para a expansão, como a fabricação de plástico e peças automotivas. Saiba quais segmentos impulsionaram crescimento da indústria da RMC em 2024
O crescimento do emprego na indústria da Região Metropolitana de Campinas em 2024, com a geração do triplo de vagas do que em 2023, provocou uma mudança na estrutura da economia das 20 cidades. O aumento da relevância no saldo de vagas foi impulsionado por segmentos dentro do setor que tiveram destaque durante o ano e contribuíram para a transformação.
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Mas, afinal, quais foram estes segmentos que mais geraram postos de trabalho na indústria em 2024? Quais características da região auxiliam na alta de alguns setores específicos? Para 2025, existe alguma área que pode crescer? E o perfil das vagas? São preenchidas por mais homens ou mulheres? E a faixa etária? Confira todas essas informações abaixo e um resumo no vídeo acima.
Neste fim de ano, o g1 publica uma série de três reportagens sobre o crescimento da indústria em 2024, por meio de um estudo do Observatório PUC-Campinas. Na primeira, você pôde conferir números deste protagonismo, as razões para o aumento e qual é o impacto prático disto, como por exemplo o aumento da média salarial.
Indústria automotiva
Getty Images
⚙️Indústria de transformação
O Observatório PUC-Campinas faz análises econômicas de dados relativos ao emprego e a renda da Região Metropolitana de Campinas através de números do novo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged).
O balanço mostrou que, em 2023, a indústria era apenas a quarta que mais tinha gerado vagas, com 2,6 mil postos abertos. Já em 2024, ela saltou para o segundo lugar, com 9,1 mil oportunidades (até outubro), atrás apenas do setor de serviços. Veja detalhes do saldo (equação entre admitidos e demitidos):
2024
👉 Serviços: 19.902 vagas
👉 Indústria: 9.119
👉 Construção: 6.895
👉 Comércio: 2.682
👉 Agropecuária: 643
2023:
👉 Serviços: 19.763 vagas
👉 Comércio: 5.034
👉 Construção: 3.789
👉 Indústria: 2.613
👉 Agropecuária: -196
A alta da indústria fica ainda mais evidente quando o estudo se volta para os segmentos que mais geraram vagas, dentro do universo de todos os setores. A área com mais postos de trabalho abertas é a da indústria de transformação, com 10,7 mil oportunidades, seguidas da construção civil, que abriu 6,8 mil. Confira abaixo:
“Indústria da transformação é quando a gente pensa em uma fábrica mesmo. É o que está produzindo. Dificilmente ela vai ter uma revendedora na frente. Depois de produzir, ela manda para a distribuição. Se for comida, vai parar no supermercado, vai parar em outros lugares para vender. É a produção mesmo. É como o nome diz, é a indústria que vai transformar algo em produto”, explicou Eliane Navarro Rosandiski, professora e economista do Observatório PUC-Campinas.
De acordo com a docente, que é a responsável pela pesquisa, o aumento da quantidade de vagas na construção civil também chamou atenção e deve manter alta para 2025.
“Qual é a vantagem para o setor da construção civil? Ele tem um efeito multiplicador gigante na economia. Porque você contrata gente, essas pessoas vão para o mercadinho comprar coisa. O que a indústria faz? Vende biscoitinho para essas pessoas. Então, o cara do mercadinho ganha e o cara da indústria ganha. E gera emprego. É o que eu chamo do efeito multiplicador da economia”, disse.
Em relação às atividades dentro da indústria da transformação, as que mais tiveram destaque foram fabricação de material plástico (744 vagas), peças e acessórios para veículos automotores (637) e cosméticos, produtos de perfumaria e higiene pessoal (504).
Ainda segundo Eliane Navarro Rosandiski, as características da Região Metropolitana de Campinas, como o fato de ser cortada pelas principais rodovias do país e estar próxima do Aeroporto Internacional de Viracopos, o maior terminal de cargas do Brasil, moldam as escolhas da indústria, que acabam se especializando na produção de itens com alto índice de movimentação interna e externa, como as peças automotivas.
“No caso do material plástico, que foi o primeiro, ele é um segmento meio coringa. Você pode ter um setor de autopeças que está precisando de um componente plástico. E por que ele cresce tanto? Porque ele tem uma gama de opções. Ele deve estar muito na base das estruturas de produção. Já o setor de autopeças, que é o segundo, tem um grau de sofisticação maior porque tem que estar mais alinhado com o design do produto, com a especificação técnica. Aí que demanda mais a questão do serviço especializado em tecnologia”, contou.
E para 2025? Qual é o setor ‘de ouro’?
A economista acredita que, no ano que vem, caso a indústria continue crescendo, um segmento que deve liderar a criação de vagas é a área de fabricação de instrumentos hospitalares e medicamentos.
“Um dos eixos da política industrial desse governo [federal] está sendo a área de saúde. Porque a pandemia [da Covid-19] revelou uma fragilidade muito grande para esses componentes hospitalares. Lembra que tinha uma época que não tinha nem máscara? Então, eu acho que é um segmento que pode ter algumas vantagens dessa tentativa de implementar a cadeia de saúde dentro do Brasil ou voltar a ela, porque nós perdemos um pedaço, mas trazer de novo isso”, completou.
Perfil
O estudo do Observatório PUC-Campinas também contempla análise sobre o perfil destas contratações na região de Campinas. De acordo com a pesquisa, a maior parte das vagas foi ocupada por mulheres – 5,3 mil contra 3,7 mil.
A faixa etária que mais preencheu postos de trabalho no setor é o intervalo entre 18 e 24 anos, que reúne 6,6 mil oportunidades, o que equivale a 73% do total.
Já no critério de escolaridade, o que predominou, segundo o estudo, foram os funcionários com ensino médio completo.
Eliane Navarro Rosandiski
Reprodução/EPTV
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