3 de outubro de 2024

Saiba quais são as principais usinas nucleares do Irã, possíveis alvos de um ataque de Israel

Em meio à escalada de tensões entre Israel e Irã após ataque de 200 mísseis contra território israelense na terça (1º), há especulações de que Israel possa atacar as instalações nucleares do Irã, como há muito tempo ameaçou fazer. Resposta de Israel está sendo planejada com os EUA. Ciclista passa em frente ao prédio do reator da usina nuclear de Bushehr, nos arredores da cidade de mesmo nome no sul do Irã, em foto de 26 de outubro de 2010. A única usina nuclear do país sofreu um desligamento de emergência temporário, noticiou a TV estatal em 20 de junho de 2021.
Majid Asgaripour/Mehr News Agency via AP
Israel prometeu uma resposta ao Irã pelo ataque de mísseis iraniano em território israelense na terça-feira (1º). Em meio à escalada de tensões entre as duas potências do Oriente Médio, há especulações de que Israel possa atacar as instalações nucleares do Irã, como há muito tempo ameaçou fazer.
O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, disse nesta quarta (2) que não apoiará um ataque israelense a locais relacionados ao programa nuclear do Irã. Os EUA estão coordenando junto com Israel a resposta ao Irã pelo ataque de mísseis.
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Veja abaixo algumas das principais instalações nucleares do Irã:
Enriquecimento de urânio no seu centro
O programa nuclear do Irã está espalhado por vários locais. Embora a ameaça de ataques aéreos israelenses exista há décadas, apenas alguns dos locais foram construídos no subsolo.
Os Estados Unidos e o órgão de fiscalização nuclear da ONU acreditam que o Irã teve um programa secreto coordenado de armas nucleares, que foi interrompido em 2003. A República Islâmica nega ter tido ou planejado um programa desse tipo.
O Irã concordou com restrições às suas atividades nucleares em troca de alívio das sanções internacionais sob um acordo de 2015 com potências mundiais. Esse pacto desmoronou após o então presidente Donald Trump ter retirado os Estados Unidos do acordo em 2018, e o Irã começou a abandonar as restrições no ano seguinte.
Desde então, o Irã tem expandido seu programa de enriquecimento de urânio, reduzindo o chamado “tempo de ruptura” necessário para produzir urânio enriquecido suficiente para uma bomba nuclear –acredita-se que o tempo de enriquecimento atual seja uma questão de semanas, mas não se sabe ao certo. Sob o acordo de 2015, esse tempo era de cerca de um ano.
Na verdade, fabricar uma bomba com esse material levaria mais tempo. A quantidade de tempo exata é incerta e objeto de debate por especialistas.
Atualmente, o Irã está enriquecendo urânio a até 60% de pureza físsil, perto dos 90% necessários para armas, em dois locais. Em teoria, tem material suficiente enriquecido nesse nível, que se fosse mais enriquecido, seria suficiente para quase quatro bombas, de acordo com uma métrica da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), o órgão de fiscalização da ONU.
Líder supremo do irã, o aiatolá Ali Khamenei, em reunião com equipe do presidente Masoud Pezeshkian, em Teerã, na terça (27)
Escritório do Líder Supremo do Irã/via AP
Natanz
Um complexo no centro do programa de enriquecimento do Irã, em uma planície ao lado de montanhas, fora da cidade sagrada xiita de Qom, ao sul de Teerã, capital do Irã. Natanz abriga instalações que incluem duas plantas de enriquecimento: a vasta Planta de Enriquecimento de Combustível (FEP), subterrânea, e a Planta Piloto de Enriquecimento de Combustível (PFEP), acima do solo.
Um grupo de oposição iraniano exilado revelou em 2002 que o Irã estava secretamente construindo Natanz, desencadeando um impasse diplomático entre o Ocidente e o Irã sobre suas intenções nucleares, que continua até hoje.
A FEP foi construída para enriquecimento em escala comercial, com capacidade para abrigar 50.000 centrífugas. Atualmente, há cerca de 14.000 centrífugas instaladas, das quais aproximadamente 11.000 estão operando, refinando urânio a até 5% de pureza.
Diplomatas com conhecimento de Natanz descrevem a FEP como estando a cerca de três andares abaixo do solo. Há um debate de longa data sobre o quanto os ataques aéreos israelenses poderiam danificar o local.
Danos já foram causados a centrífugas da FEP por outros meios, incluindo uma explosão e um corte de energia em abril de 2021, que o Irã disse ter sido um ataque por Israel.
A PFEP, acima do solo, abriga apenas algumas centenas de centrífugas, mas o Irã está enriquecendo urânio a até 60% de pureza lá.
Centrífugas de enriquecimento de urânio na usina de Natanz, no Irã.
IRIB via AP, File
Fordow
Do outro lado de Qom, Fordow é um local de enriquecimento escavado em uma montanha e, portanto, provavelmente melhor protegido de possíveis bombardeios do que a FEP.
O acordo de 2015 com potências importantes não permitia que o Irã enriquecesse em Fordow. Atualmente, há mais de 1.000 centrífugas operando lá, uma fração delas são máquinas avançadas IR-6, enriquecendo até 60%.
Além disso, o Irã recentemente dobrou o número de centrífugas instaladas em Fordow, com todas as novas sendo máquinas IR-6.
Os Estados Unidos, o Reino Unido e a França anunciaram em 2009 que o Irã estava secretamente construindo Fordow há anos e não informou a AIEA. O então presidente dos EUA, Barack Obama, disse: “O tamanho e a configuração dessa instalação são inconsistentes com um programa pacífico.”
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Isfahan
O Irã possui um grande centro de tecnologia nuclear nos arredores de Isfahan, sua segunda maior cidade.
Inclui a Planta de Fabricação de Placas de Combustível (FPFP) e a instalação de conversão de urânio (UCF), que pode processar urânio em hexafluoreto de urânio, que é alimentado em centrífugas.
Há equipamentos em Isfahan para produzir metal de urânio, um processo particularmente sensível à proliferação, já que pode ser usado para desenvolver o núcleo de uma bomba nuclear.
A AIEA disse que há máquinas para fabricar peças de centrífuga em Isfahan, descrevendo-o em 2022 como uma “nova localização.”
Khonab
O Irã possui um reator de pesquisa de água pesada parcialmente construído, originalmente chamado Arak e agora Khondab. Reatores de água pesada apresentam um risco de proliferação nuclear porque podem facilmente produzir plutônio, que, como o urânio enriquecido, pode ser usado para fazer o núcleo de uma bomba atômica.
Sob o acordo de 2015, a construção foi interrompida, o núcleo do reator foi removido e preenchido com concreto para torná-lo inutilizável. O reator foi redesenhado “para minimizar a produção de plutônio e não produzir plutônio de nível armamentista em operação normal.” O Irã informou à AIEA que planeja ativar o reator em 2026.
Centro de pesquisa de Teerã
As instalações de pesquisa nuclear do Irã em Teerã incluem um reator de pesquisa.
Bushehr
A única usina nuclear em operação no Irã, localizada na costa do Golfo, utiliza combustível russo, que a Rússia recolhe após o uso, reduzindo o risco de proliferação.

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