Ex-secretário parlamentar foi preso em Feira de Santana, cidade a 100 km de Salvador, após ficar foragido desde dezembro do ano passado. Bruno Borges França publicava fotos com o deputado Binho Galinha nas redes sociais
Reprodução/Redes Sociais
Bruno Borges França, de 43 anos, preso durante a “Operação El Patron”, na quarta-feira (6), em Feira de Santana, a 100 km de Salvador, trabalhou como secretário parlamentar (assessor) no gabinete do deputado estadual Kleber Cristian Escolano de Almeida, mais conhecido como Binho Galinha, por um ano. O parlamentar é o principal alvo da ação policial, mas está solto por causa do direito ao foro privilegiado.
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Segundo a Polícia Federal, Bruno Borges França bestava foragido desde o início de dezembro de 2023.
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👉 As investigações apontaram que ele era o operador financeiro da organização, suspeita de lavagem de dinheiro do jogo do bicho, agiotagem e receptação qualificada, cometidos na região de Feira de Santana.
👉 A PF informou ainda que ele teria agido para encobrir atividades criminosas do grupo.
👉 O homem passou a ser investigado por causa da forte relação com o deputado Binho Galinha, já que ocupava um cargo de confiança no gabinete do parlamentar.
Ex-candidato a vereador e fotos com deputado
Bruno Borges França publicava fotos com o deputado Binho Galinha nas redes sociais
Reprodução/Redes Sociais
👉 Bruno Borges nasceu em Salvador e foi nomeado ao cargo de assessor de Binho Galinha no dia 1° de janeiro de 2023.
👉 Nas redes sociais, o ex-assessor costumava publicar fotos com o ex-patrão e com a família.
👉 Quando trabalhou para o parlamentar, Bruno Borges recebeu um salário de R$ 3,5 mil, conforme informações divulgadas no site da Assembleia Legislativa da Bahia (Alba).
👉 O investigado foi exonerado do cargo de assessor um ano depois de chegar ao gabinete, no dia 1º de janeiro de 2024, quase um mês após o início da operação da Polícia Federal. As informações da exoneração foram publicadas no Diário Oficial da Alba, no dia 16 de janeiro deste ano.
👉 Em 2020, Bruno Borges se candidatou a vereador na cidade de Feira de Santana, pelo antigo PTB, sigla que se fundiu com o Patriota – até então partido de Binho Galinha – criando o PRD.
👉 Na época, o ex-assessor de Binho Galinha não conseguiu se reeleger após receber 2.450 votos (0,82% dos válidos).
Em nota, a assessoria de imprensa de Binho Galinha informou que desde o final de dezembro do ano passado que Bruno Borges não faz mais parte do gabinete do deputado estadual.
“Logo que foi deflagrada a operação, o mesmo foi desligado da Assembleia Legislativa da Bahia (ALBA). O deputado estadual Binho Galinha informa ainda que nunca deixou de ir ao seu local de trabalho, o Poder Legislativo da Bahia, tendo cumprido com suas obrigações dentro e fora da Casa”.
Acrescentou ainda que sempre esteve à disposição da Justiça, na qual ele confia e tem “certeza que tudo será esclarecido”.
‘Operação El Patron’
Binho Galinha, deputado estadual
Agência Alba
Em dezembro do ano passado, seis pessoas foram presas preventivamente e 35 mandados de busca e apreensão foram cumpridos, em Feira de Santana, por suspeita de formarem um uma milícia responsável por lavagem de dinheiro.
Entre os presos estavam três policiais militares, a esposa e o filho do deputado estadual Binho Galinha, Mayana Cerqueira da Silva, de 43 anos, e o filho como João Guilherme Cerqueira da Silva Escolano, de 18.
Binho Galinha ao lado do filho e da esposa
Redes Sociais
Em janeiro, os PMs foram transferidos do Batalhão de Choque, em Lauro de Freitas, na Região Metropolitana de Salvador (RMS), para o Presídio Federal de Campo Grande, na capital do Mato Grosso do Sul.
Policiais militares presos na Bahia foram transferidos para presídio federal no Mato Grosso do Sul
Humberto Filho/Cecom Imprensa
O deputado é suspeito de chefiar o grupo. Ele não foi preso, por causa do direito ao foro privilegiado. O político se candidatou pelo partido Patriota em 2022 e foi eleito com 49.834 mil votos.
Além das prisões, R$ 200 milhões das contas bancárias dos investigados foram bloqueados no final de 2023.
A produção da TV Bahia apurou a função que eles desempenhavam no grupo. Entenda:
👉 João Guilherme Cerqueira da Silva Escolano: filho do deputado estadual. Ele era responsável por receber o dinheiro do crime desde quando ainda tinha menos de 18 anos. Ele repassou para o pai cerca de R$ 474 mil.
👉 Mayana Cerqueira da Silva: esposa do deputado estadual. As investigações apontaram movimentação financeira incompatível com os rendimentos declarados à Receita Federal e a maioria das transações feitas por ela envolvem os outros suspeitos.
👉 Jorge Vinícius de Souza Santana Piano: principal operador financeiro da organização criminosa e amigo de Binho Galinha. Conforme investigações, ele movimentou mais de R$ 39 milhões, o que não condiz com o que foi declarado à Receita Federal.
👉 Jackson Macedo Araújo Júnior: conforme investigações, ele movimentou quase R$ 4 milhões, o que não condiz com a condição econômica declarada à Receita Federal.
👉 Josenilson Souza da Conceição: bacharel em direito, o suspeito movimentou em suas contas pouco mais de R$ 1,7 milhão, o que não condiz com o que foi declarado à Receita Federal.
👉 Roque de Jesus Carvalho: movimentou mais de R$ 9 milhões entre janeiro de 2013 e março de 2023, o que não condiz com o que foi declarado à Receita Federal nestes 10 anos.
O g1 tentou contato com os outros investigados que foram presos na operação.
Investigações
As investigações apontaram que o grupo é suspeito por lavar dinheiro de jogo do bicho, agiotagem, receptação qualificada e desmanche de veículos. Em um dos imóveis inspecionados pela Polícia Federal, foram encontradas milhares de peças de carros.
Durante o cumprimento dos mandados de busca e apreensão e prisão diversos bens dos investigados foram bloqueados. Confira:
👉 bloqueio de R$ 200 milhões;
👉 bloqueio de 26 propriedades urbanas e rurais;
👉 10 mandados de prisão expedidos;
👉 35 mandados de busca e apreensão expedidos;
👉 suspensão das atividades econômicas de seis empresas.
Posicionamentos
Deputado Binho Galinha
“Tendo em vista as denúncias feitas pelo Ministério Público Estadual (MPE) e que a pedido da Justiça estão sendo apuradas, com ações no dia de hoje (07) pela Policia Federal, Receita Federal, e o próprio MPE em Feira de Santana e região, o deputado estadual Binho Galinha vem a público esclarecer que está a inteira disposição da Justiça da Bahia, e que tudo será esclarecido no momento próprio. Mantemos nossas atividades pessoais e legislativas sem alteração. Confio na Justiça e estou à disposição para dirimir dúvidas e contribuir quanto a transparência dos fatos. No mais dizer que nosso jurídico está tomando as devidas providências para junto a Justiça prestar os esclarecimentos.”
Filho e esposa do deputado estadual
O advogado Rafael Esperidião emitiu a seguinte nota:
“A defesa que patrocina Mayana Cerqueira e João Guilherme Cerqueira , esclarece que a analisará tudo e o todo que foi anexado aos autos, assim que lhe for franqueada vista da íntegra da documentação. Ademais, é importante frisar que qualquer conclusão nesse momento será meramente especulativa e temerária. Ademais, os acusados se resguardam ao direito de se manifestar no momento processual adequado sobre o que for necessário à elucidação dos fatos e demonstração da verdade. Além disso, se colocam desde já a disposição da justiça, colaborando no que for necessário No mais, reservar-se ao direito de se manifestar apenas em momento oportuno nos autos do processo”.
Polícia Militar
O g1 pediu um posicionamento da Polícia Militar, já que três investigados são PMs que trabalhavam com a cobrança das dívidas por agiotagem e jogo do bicho, mas não teve retorno até a publicação desta reportagem.
Assembleia Legislativa da Bahia
A Assembleia Legislativa da Bahia (Alba) informou que não sabia da operação da Polícia Federal e que não haverá nenhum tipo de sanção ao parlamentar enquanto durarem as investigações. Confira íntegra abaixo:
“A Assembleia Legislativa da Bahia não foi informada, muito menos citada, a respeito da Operação realizada pela Polícia Federal na manhã desta quinta-feira (07/12). As investigações estritamente ocorrem no âmbito policial. Caso a ALBA seja notificada ou instada a se pronunciar, o fará de pronto. O Regimento Interno da Casa não prevê nenhum tipo de sanção a parlamentares durante o transcorrer de investigações”.
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Bruno Borges França publicava fotos com o deputado Binho Galinha nas redes sociais
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