14 de novembro de 2024

São Paulo viveu um novo ‘dia do fogo’ em 2024? Relembre o ocorrido em 2019, quando o ‘dia virou noite’

Cinco anos depois, face ao fogo que atinge o estado de São Paulo e sufoca os moradores de regiões paulistas, a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, afirmou que os incêndios registrados são atípicos e precisam ser investigados. Era meados de agosto de 2019. Às 15h30 da tarde, os faróis dos carros já estavam acesos para iluminar o que parecia noite. A escuridão do céu fora de horário estranhou moradores de São Paulo, que ainda se assustaram com a chuva — um tom cinza chumbo com cheiro de fumaça. A data ficou conhecida como “dia do fogo”.
Cinco anos depois, face ao fogo que atinge o estado de São Paulo e sufoca os moradores de regiões paulistas, a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, afirmou, neste domingo (25), que os incêndios registrados são atípicos e precisam ser investigados. A Polícia Federal abriu dois inquéritos para apurar as causas das queimadas em São Paulo.
“Do mesmo jeito que nós tivemos o ‘dia do fogo’, há uma forte suspeita de que agora esteja acontecendo de novo”, afirmou Marina Silva.
Como relembra Ane Alencar, diretora de ciência do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam) e coordenadora do MapBiomas Fogo, em entrevista ao podcast O Assunto desta terça-feira (27), o “dia do fogo” aconteceu “no no auge da estação do período de queimas e da estação seca na Amazônia.”
“E, basicamente, as pessoas ali da região da BR-63, né, no sudoeste do Pará, se combinaram e decidiram queimar tudo mundo no mesmo dia.”
Naquele ano, em 2019, o número de foco de queimadas foi quase 20 vezes maior do que nos mesmos dias de 2018, como relatado em reportagens da época. A fumaça viajou para outros estados, chegando até São Paulo, e causando a sensação de que o dia virou noite.
“Na minha percepção, e do que eu consegui ler, entender, naquela época, era que tinha quase uma celebração de algumas pessoas que participaram desse ‘dia do fogo’. […] Quase como uma demonstração de força daquelas pessoas de que poderiam fazer o que quisessem que não seriam punidas. Essa foi um pouco da impressão que eu tive.”
Para entender como foram as punições na época, em 2019, Natuza Nery conversou com Thaís Bannwart, porta-voz do Greenpeace Brasil. Nesse mês, o Greenpeace revelou um cenário de impunidade ao levantar os resultados das investigações sobre o “dia do fogo” de 2019.
“O que a gente constatou foi um cenário de impunidade, né, nessas propriedades rurais, porque 65,2% dos imóveis envolvidos foram embargados por diversas infrações. Ou seja: quando acontece o embargo, não pode ter um uso econômico dessas áreas. E a gente identificou 662 multas expedidas que totalizaram mais de 1 bilhão de reais, mas, veja só, apenas 41.000 foram pagos.”
“Isso já denota a impunidade que perpassa esses crimes ambientais”, complementa Bannwart.
Ouça a íntegra do episódio aqui.

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