28 de dezembro de 2024

Seca: comunidades no interior do Amazonas sofrem com falta de água potável

Poços e reservatórios que estavam auxiliando os moradores no armazenamento de água, apresentam dificuldade para atender a demanda nos locais. Falta d’água atinge zona rural de Manarquiri
Comunidades da Zona Rural de Manaquiri, no interior do Amazonas, já sofrem com a falta de água potável devido a seca que atinge o estado. Poços e reservatórios que estavam auxiliando os moradores no armazenamento de água, apresentam dificuldade para atender a demanda nos locais.
O rio Paraná do Manaquiri, braço do rio Solimões, vem secando diariamente. Segundo a Defesa Civil do município, as águas desceram 22 centímetros entre domingo (1º) e segunda-feira (2). O g1 questionou o órgão sobre o atual nível do rio, mas não obteve retorno até o momento.
Os impactos estão sendo sentidos por ao menos 250 famílias que moram nas comunidades Paraná do Manaquiri, Costa do Aruanã e Barrosinho. A agricultora Ilcarina Borges é uma das afetadas e relata o drama causado pela seca.
“Quando o rio enche aqui atrás, o igapó, a gente ainda aproveita e pega água, mas não é muito bom não. Ai secou e seca tudo, ai pronto, ‘nós’ fica assim. Quando chove a gente ainda pega água da chuva e da goteira pra botar na vasilha”, diz.
A pouca água no rio também trouxe dificuldades para a realização de trabalhos essenciais, como o transporte de pacientes de áreas ribeirinhas para o hospital da cidade. Hudson dos Santos trabalha pilotando a embarcação que faz o serviço – popularmente conhecida como ‘ambulancha’. O profissional alerta para a atual condição de navegação.
“A noite é muito mais perigoso. Tem que ter bastante cuidado por causa de praias, troncos e está aqui a prova. Passei aqui (na última) terça-feira e hoje já está de fora o banco de areia e é muito perigoso por causa disso, a seca está indo muito rápido”.
Para atender a falta de água, carros pipas do Corpo de Bombeiros Militar do Amazonas (CBMAM) e da Defesa Civil estão abastecendo os poços e cacimbas dos moradores.
“A água é de suma importância pra gente porque tem um igarapé ai, mas a água é poluída, as crianças já tiveram diarreia”, diz o agricultor Cristovão Filho.
Seca no Solimões
O Rio Solimões atingiu, na sexta-feira (30), o nível mais baixo já registrado na história. A cota medida foi de -0,94 metro na cidade de Tabatinga, na calha do Alto Solimões, interior do Amazonas, segundo medição feita pelo Serviço Geológico Brasileiro (SGB).
Nesta terça-feira (3), o nível do rio atingiu -1,22 metro, segundo o SGB.
O número está atualmente negativo justamente por estar abaixo da régua de medição. Os dados apontam que esta é a maior seca, pelo menos, dos últimos 40 anos na região.
Decreto de Emergência
Seca afeta cidade do AM, isola comunidades e causa problemas de abastecimento
Todos os 62 municípios do Amazonas foram declarados em estado de emergência devido à seca severa e às queimadas que afetam o estado este ano. A informação foi divulgada pelo governador Wilson Lima, que também assinou um decreto para declarar situação de emergência em saúde pública em razão do período de vazante dos rios.
Neste ano, o Amazonas vive um cenário ambiental crítico devido à combinação de seca dos rios e queimadas. Cidades têm dificuldades de receber insumos, há aumento no preço de produtos e comunidades indígenas e ribeirinhas podem ficar isoladas.
A seca dos rios no Amazonas em 2024 afeta mais de 330 mil pessoas, segundo o boletim com informações sobre a estiagem divulgado pelo governo estadual, na segunda-feira (2).
*Com informações de Francisco Carioca, da Rede Amazônica.

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