25 de fevereiro de 2025

Secretaria de Governo Digital: o que é a pasta comandada por Cecília Lorenzon, ex-titular da Saúde suspeita de propina em RR


Segod, como é chamada a secretaria, foi criada em 2023 e tem o orçamento de R$ 19 milhões previsto para este ano. Cecília Smith Lorenzon foi demitida da Saúde e realocada no alto escalão pelo governador Antonio Denarium (PP). Cecília Lorenzon, secretária de Governo Digital, com o governador de Roraima, Antonio Denarium (PP)
Reprodução/Facebook
Criada em 2023 pelo governador Antonio Denarium (PP), a Secretaria de Governo Digital (Segod) tem um orçamento de mais de R$ 19 milhões previsto para este ano e a missão de gerir a tecnologia da informação e comunicação de Roraima. Agora, a pasta passa a ser comandada pela advogada Cecília Smith Lorezon, ex-secretária de Saúde acusada pelo presidente da Assembleia Legislativa, Soldado Sampaio (Republicanos), de cobrar propina de empresários.
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Na nova função, Cecília deixa de ser a responsável pelo maior orçamento do estado, que era a Sesau, e passa a gerir o 27º orçamento na nova secretaria. Ela foi exonerada da Saúde nesta nesta terça-feira (25), mesmo o dia em que foi realocada no alto escalão do governo. As mudanças foram publicados no Diário Oficial do Estado (DOE) nesta terça-feira (25). Cecília continua recebendo o salário de R$ 23.175.
Os decretos de exoneração de Cecília como chefe da Saúde e nomeação na nova função foram publicados no Diário Oficial do Estado (DOE) nesta terça-feira (25). Na nova função, Cecília receberá o salário de R$ 23.175.
🔎 Na Saúde, ela chegou a ser afastada pela Justiça por suspeita de fraudes para cirurgias ortopédicas, mas depois voltou ao cargo de confiança por decreto do governador Antonio Denarium (PP).
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Cecília Lorezon era titular da Saúde desde fevereiro de 2022, há três anos. Ela comandava a pasta com o maior orçamento do governo em 2025, com R$ 1,3 bilhão.
Ela substitui Paulo Cesar Martins Torres à frente do Governo Digital. Por sua vez, Paulo Cesar agora é adjunto da mesma pasta.
A Segod foi criada no segundo semestre de 2021 pelo governador sob o nome Secretaria Extraordinária de Governo Digital – quando há um prazo para acabar os trabalhos. Foi sancionada pela Ale-RR em 2023, passou a ser permanente e sempre teve Paulo Cesar como secretário.
👩🏽‍💻 Responsabilidades
A Segod foi criada para “definir políticas, planejar, coordenar e supervisionar as atividades de gestão de recursos tecnológicos”. Além disso, deve sugerir ao órgão responsável pelo controle interno do governo regras, métodos e ferramentas para tornar a gestão mais transparente. Isso deve ser feito em parceria com a Secretaria de Planejamento (Seplan) para evitar o mau uso do dinheiro público.
Entre outras funções, a secretaria serve para supervisionar e administrar a implementação da política de tecnologia da informação, além de gerenciar os serviços de informática prestados por empresas terceirizadas e incentivar a inovação tecnológica.
💰 Orçamento
O orçamento para a Segod em 2025 é de R$ 19.471.096. O valor é 98,6% menor que os R$ 1.426.743.371 da Saúde previstos na Lei Orçamentária Anual (LOA) deste ano. Na lista das pastas com maior orçamento, a secretaria está em 27º lugar.
A pasta também possui mais 57 cargos comissionados além da secretaria. Veja os cargos e salários a seguir:
Secretário: R$ 23.175,00
Secretário Adjunto: R$ 16.222,00
Coordenador-Geral: R$ 7.733,47
Gerente de Projetos I: 26 cargos – R$ 6.629,93
Gestor de Atividade Meio: R$ 5.782,02
Chefe de Gabinete: R$ 3.613,77
Assessor Especial: 13 cargos – R$ 3.613,77
Gerente de Núcleo: 3 cargos – R$ 2.891,02
Assistente Executivo: 5 cargos – R$ 2.275,78
Assessor Técnico: 6 cargos – R$ 1.546,70
Além dos salários, a Segod também possui recursos provenientes de dotações orçamentárias, doações, convênios e outras fontes.
A pasta também consegue recursos provenientes de chamadas públicas, convênios, acordos, contratos e ajustes celebrados com órgãos ou entidades de direito público ou privado, tanto nacionais quanto internacionais.
Acusações do presidente da Ale-RR
Soldado Sampaio, presidente da Assembleia Legislativa de Roraima, pede exoneração de secretária de saúde
Jader Souza/Ale-RR/Divulgação
Sampaio apontou como irregularidades casos de médicos com salários atrasados, dificuldades no atendimento de pacientes e terceirizações suspeitas. Além disso, falou que atualmente há uma precariedade nos atendimentos de alta complexidade, como cirurgias cardíacas, ortopedia e hemodiálise.
“Se o governador não tem força suficiente para exonerar essa mulher, se tem algo que ela sabe dele ou ele dela, que os impede de agir, isso não é problema da sociedade roraimense”.
Caso o governador não tomasse providências até esta terça, ele afirmou que iria levar o caso à Polícia Federal e outras instâncias fiscalizadoras, como o Ministério Público de Roraima (MPRR) e o Tribunal de Contas de Roraima (TCERR).
Ao cobrar que a Lorenzon fosse exonerada, Sampaio afirmou ainda que “pacientes estão sendo prejudicados diariamente e que profissionais estão deixando o estado por falta de pagamento e condições de trabalho”.
“Eu estou disposto a ir até as últimas consequências. Se for necessário, não pautarei mais nenhum projeto do governo nesta Casa até que isso seja resolvido”, ressaltou Soldado Sampaio.
Cecília Lorenzon
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Cecília Lorenzon é advogada. Ela já tinha sido nomeada para o mesmo cargo de secretária de saúde em 2020, na pandemia de Covid-19, mas foi substituída.
Em 2024, ela foi afastada da função pela Justiça por suspeita de envolvimento em fraudes para cirurgias ortopédicas no estado, mas voltou ao comando da pasta por decisão do governador Antonio Denarium.
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Em fevereiro de 2023, Lorenzon fez um comentário após a repercussão de imagens de uma grávida jogada no chão enquanto esperava por atendimento na maternidade Nossa Senhora de Nazareth. A unidade funcionava de forma provisória num espaço conhecido como “maternidade de lona”. À época, ela disse “pessoas se prestam a dar show” ao comentar o vídeo da grávida.
Cecília Lorenzon é formada em Direito pela Universidade Federal de Rondônia, especialista em Gestão, Perícia e Auditoria Ambiental, Direito Constitucional e Administrativo e tem capacitação em Macropolítica e Gestão no Sistema Único de Saúde (SUS). Cursa MBA em Contratos e Licitações e faz mestrado em Segurança Pública, Direitos Humanos e Cidadania, pela Universidade Estadual de Roraima. Ocupou os cargos de Vice-presidente da Comissão Permanente de Licitação (CPL) e foi professora de Direito na Faculdade Cathedral.
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