‘Perseguir esse objetivo ilusório só prolongará a guerra e causará mais sofrimento’, afirmou Pete Hegseth, que também garantiu que os EUA não irão enviar tropas ao território ucraniano, em uma reunião de aliados militares na sede da Otan. O secretário de Defesa dos EUA, Pete Hegseth, fala ao lado do ministro da Defesa alemão, Boris Pistorius
REUTERS/Johanna Geron
O secretário de Defesa dos EUA, Pete Hegseth, disse nesta quarta-feira (12) que o retorno às fronteiras da Ucrânia anteriores a 2014 não é realista.
Falando em uma reunião de aliados militares da Ucrânia na sede da Otan em Bruxelas, Hegseth fez a declaração pública mais clara e direta até agora sobre a abordagem do novo governo dos EUA à guerra de quase três anos.
Queremos, como vocês, uma Ucrânia soberana e próspera. Mas precisamos começar reconhecendo que retornar às fronteiras da Ucrânia pré-2014 é um objetivo irrealista. Perseguir esse objetivo ilusório só prolongará a guerra e causará mais sofrimento”, disse Hegseth na reunião de mais de 40 países aliados à Ucrânia.
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Representando o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, o secretário ainda afirmou que o governo americano não vê a adesão de Kiev à Otan como parte de uma solução para a guerra desencadeada pela invasão da Rússia, e que os EUA não irão enviar tropas.
Hegseth disse que os aliados europeus têm que se mobilizar e assumir maior responsabilidade pela segurança da Europa.
“Para deixar claro, como parte de qualquer garantia de segurança, não haverá tropas americanas mobilizadas na Ucrânia. A Europa deve fornecer a maior parte da futura ajuda letal e não letal à Ucrânia”, ressaltou.
A Rússia anexou a península da Crimeia, no Mar Negro, da Ucrânia em março de 2014 e depois apoiou separatistas pró-Rússia em uma insurgência armada contra as forças de Kiev na região oriental de Donbas, na Ucrânia.
Moscou atualmente controla cerca de 20% do território da Ucrânia, principalmente no leste e no sul.
Últimas declarações da Rússia e da Ucrânia
Nesta quarta (12), a Rússia afirmou que nunca trocará os territórios ucranianos que ocupa por áreas na região ocidental de Kursk, na Rússia, controladas por tropas ucranianas, como foi proposto pelo presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, em uma entrevista divulgada nesta terça.
Ao jornal britânico “The Guardian”, Zelensky disse que planeja oferecer à Rússia uma troca direta de territórios para ajudar a encerrar a guerra, incluindo a oferta de bolsões de Kursk sob controle ucraniano.
“Isso é impossível. A Rússia nunca discutiu e não discutirá o tema da troca de seu território. E, claro, as formações ucranianas serão expulsas desse território. Todos que não forem destruídos serão expulsos”, afirmou o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov.
Volodymyr Zelensky mostra mapa com recursos minerais da Ucrânia a jornalista da Reuters
REUTERS/Valentyn Ogirenko
A região de Kursk, no oeste da Rússia, foi invadida por tropas ucranianas em uma contra-ofensiva surpresa em agosto de 2024. Desde então, os russos tentam combater a presença da Ucrânia no local. Zelensky tenta usar essa pequena vitória na guerra, que se estende desde fevereiro de 2022, como instrumento de barganha.
O vice-presidente do Conselho de Segurança russo, Dmitry Medvedev, chamou de “absurda” a proposta de Zelensky. Medvedev, que foi presidente da Rússia entre 2008 e 2012, também afirmou nesta quarta-feira que o país demonstrou que pode alcançar “a paz através da força”.
Antes da proposta de acordo com a Rússia, em entrevista à agência de notícias Reuters, na última sexta-feira (7), o presidente ucraniano disse que aceitaria um acordo com o presidente Donald Trump, que condicionou uma ajuda à Ucrânia em troca do direito a “terras raras”:
“Precisamos deter Putin e proteger o que temos”.
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